HERÓIS DE PAPEL: HISTÓRIA E BIOGRAFIA EM GUSTAVO BARROSO

Authors

  • Erika Morais Cerqueira UFMG

Keywords:

Gustavo Barroso, History, Biography, Nationalism, Militarism

Abstract

We  aim  to  analyze  the  historiographic  discourse  of  Gustavo  Barroso  (1888-1959) present in the biographical narratives elaborated by the writer between 1928 and 1945. For this purpose, we will present some reflections  about the discursive forms  and  the historiographic conceptions that we see composing the writing of the experience of timein Barroso. We will study -through the interface between the history of historiography and literature -the possible relations between his speech act and his audience, in the constitution of a historical knowledge politically committed to the military past of the nation. By biographing the military personnel who acted during the Second Reign in Brazil, the writer did so in the light of the anxieties of his time, trying to construct historical analyzes deciphering and updating the national problems. We propose that the Barrosian biographical narrative integrates with the writing of Brazilian history, insofar as it assists in the creation of an order of time -the time of the nation -and in the  definition  of  a  space  of  performance -the  Brazilian  territory;elements  that  marked  the historiographical discussions of the period.

Author Biography

Erika Morais Cerqueira, UFMG

Doutoranda em História e Culturas Políticas junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e colaboradora do grupo Ritualizações do poder e do tempo: grupo de estudos em teoria da história e historiografia. Mestre em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Especialista em Filosofia pela mesma Universidade. É sócia e pesquisadora da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH). Atuou como colaboradora junto ao Núcleo de Estudos em História da Historiografia e Modernidade (NEHM), vinculado ao Departamento de História da UFOP. Autora do livro: Habitar o Passado - Gustavo Barroso e o seu tempo. Atualmente tem se dedicado a investigar as narrativas biográficas e as representações da história nacional durante a Primeira República e a Era Vargas. Professora efetiva de história e pesquisadora do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Barbacena IFSUDESTE MG.

References

ABENSOUR, Miguel. O heroísmo e o enigma do revolucionário. In: NOVAIS, Adauto.(org.) Tempo e História. São Paulo: Cia das Letras; Secretaria Municipal da Cultura, 1992.

ARFUCH, Leonor. O Espaço Biográfico: Dilemas da Subjetividade Contemporânea. RJ: EdUERJ, 2010.

ARTIÈRES, Philippe. Arquivar a própria vida. In: Estudos Históricos, vol. 2, n. 21, 1998.

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. O significado das pequenas coisas: História, prosopografias e biografemas. In: AVELLAR, Alexandre de Sá; SCHMIDT, Benito Bisso (Orgs.). Grafia de Vida: reflexões e experiências com a escrita biográfica. São Paulo: Letra e Voz, 2012.

AVELLAR, Alexandre de Sá. Escrita biográfica, escrita da História: Das possibilidades de Sentido. In: AVELLAR, Alexandre de Sá; SCHMIDT, Benito Bisso (Orgs.). Grafia de Vida: reflexões e experiências com a escrita biográfica. São Paulo: Letra e Voz, 2012.

_________. A biografia como escrita da História: possibilidades, limites e tensões. Revista Dimensões, vol. 24, 2010, p. 157-172.

_________. Biografia e ciências humanas em Wilhelm Dilthey. In: Revista História da Historiografia, n. 9, agos. 2012, pp. 129-143.

_________. Subjetividades contemporâneas e escrita biográfica: limites, desafios e possibilidades. In: Revista História Oral, v. 13, n. 2, p. 33-51, jul-dez. 2010.

BARROSO, Gustavo. A Guerra do Lopez: contos e episódios da campanha do Paraguai. Rio de Janeiro: Getúlio M. Costa, 1928.

________. A Guerra do Rosas: contos e episódios relativos à campanha do Uruguai e da Argentina –(1851-1852) –1ª ed. São Paulo: Cia Editora Nacional. 1929.

________. Osório, o centauro dos pampas. Rio de Janeiro: G. M. Costa, 1932.

________. Tamandaré: O Nelson Brasileiro. Rio de Janeiro: Getúlio M. Costa, 1933.

________. História Militar do Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1938.

________. Biografia do Marechal de Campo José Luiz Menna Barreto. In: Anais do Museu Histórico Nacional, Vol. 2. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1941.

________. História e Tradição. In: Anais do Museu Histórico Nacional, Vol. 2. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1941.

________. Museu Militar.In: Anais do Museu Histórico Nacional. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica, 1942.

________. Os museus e a guerra. Anais do Museu Histórico Nacional, Vol. 3. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1942.

________. Esquematização da história militar do Brasil. In: Anais do Museu Histórico Nacional, Vol. 3. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1942.

________. Nos Bastidores da História do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, s/d.

BATINDER, Elisabeth. As paixões intelectuais. 3 vols. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

BONAFÉ, Luigi. Como se faz um herói republicano: Joaquim Nabuco e a República. Niterói: PPGHIS/UFF, 2008. (Tese de doutorado).

BORGES, Vavy Pacheco. Nas pegadas de um leão: notas de pesquisa sobre a vida de Ruy Guerra. In:AVELLAR, Alexandre de Sá; SCHMIDT, Benito Bisso (Orgs.). Grafia de Vida: reflexões e experiências com a escrita biográfica. São Paulo: Letra e Voz, 2012.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, M. e AMADO, J. (orgs.). Usos e abusos da história oral. 5. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2002.

BRESCIANI, Maria Stella Martins. O Charme da Ciência e a Sedução da Objetividade: Oliveira Vianna entre os intérpretes do Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

BURKE, Peter. A invenção da biografia e o individualismo renascentista. In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n 19, 1997.

CARLYLE, Thomas. Os heróis. Tradução Portuguesa de Álvaro Ribeiro. 2ª ed. Lisboa: Guimarães Editores, 2002.

CARVALHO, José. Murilo. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1990.

CASTRO, Celso. Exército e Nação: Estudos sobre a História do Exército Brasileiro. RJ: FGV, 2012.

CATROGA, Fernando. O magistério da História e exemplaridade do ‘grande homem’. A biografia em Oliveira Martins. In: PÉRES JIMENÉS, A.; FERREIRA J. Ribeiro e FIALHO, Maria do Céu (ed.). O retrato literário e a biografia como estratégia de teorização política. Coimbra: Málaga, 2004.

CEZAR, Temístocles. Livros de Plutarco: biografia e escrita da história no Brasil do século XIX. Métis: história e cultura, v.2, n 3, jan-jul. 2003.

DE GROOT, Jerome. Empathy and Enfranchisement: Popular Histories. In: Rethinking History,Vol. 10, N. 3, 391-413, September 2006.

DE LUCA, Tania Regina. A Revista do Brasil: um diagnóstico para a (N)ação. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999.

DOSSE, François. O desafio biográfico –escrever uma vida. SP: Edusp, 2009.

DUTRA, Eliana. História e historiadores na Coleção Brasiliana: o presentismo como perspectiva? In: _________. (Org). O Brasil em dois Tempos: história, pensamento social e tempo presente. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

ENDERS, Armelle. Os Vultos da Nação: Fábrica de Heróis e Formação dos Brasileiros. RJ: FGV, 2014.

________. O Plutarco Brazileiro. A produção de vultos nacionais no segundo reinado. Estudos Históricos, Rio de janeiro, 2000.

FERNANDES, Cássio. Biografia, autobiografia e crônica na Florença do século XIV: as origens da historiografia moderna. Revista História da Historiografia, 2009.

FRANZINI, Fábio. À Sombra das Palmeiras: a Coleção Documentos Brasileiros e as transformações da historiografia nacional –(1936-1959). São Paulo: PPGHIS/USP, 2006. (Tese de Doutorado).

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. RJ: LTC Editoria, 1989.

GOMES, Ângela de Castro. A biblioteca de Viriato Corrêa: incursões sobre a leitura e a escrita de um intelectual brasileiro. In: DUTRA, Eliana. (Org). O Brasil em dois Tempos: história, pensamento social e tempo presente. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

________. Escrita de si, escrita da História: a título de prólogo. In: ________. (Org.). Escrita de si, escrita da História. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

GONÇALVES, Márcia. Em terreno movediço: história e memória em Octávio Tarquínio de Souza. Rio de Janeiro: UERJ, 2010.

GONTIJO, Rebeca. Capistrano de Abreu, viajante. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 30, n. 59, p. 15 –36, 2010.

________. Manoel Bomfim, ‘pensador da História’ na Primeira República. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 23, n. 45, PP. 129 –154, 2003.

________. O intelectual como símbolo da brasilidade: o caso Capistrano de Abreu. In: ABREU, Martha; GONTIJO, Rebeca; SOIHET, Rachel (orgs). Cultura política e leituras do passado: historiografia e ensino de história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

GUIMARÃES, Lúcia Maria Paschoal. Circulação de saberes, sociabilidades e linhagens historiográficas: dois congressos de História Nacional (1914 e 1949). In:

GUIMARÃES, Manuel Luiz Salgado. Entre as luzes e o romantismo: as tensões da escrita da história no Brasil oitocentista. In: ________. (org.) Estudos sobre a escrita da História. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006.

JULIÃO, Letícia. Biografia Monumento: Machado de Assis na Coleção Brasiliana. In:

DUTRA, Eliana. (Org). O Brasil em dois Tempos: história, pensamento social e tempo presente. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

LEVI, Giovanni. Usos da biografia. In: FERREIRA, M. e AMADO, J. (orgs.). Usos e abusos da história oral. 5. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2002.

LEVILLAIN, Philippe. Os protagonistas: da biografia. In: RÉMOND, René. (org.). Por uma história política. Rio de Janeiro: Editora UFRJ/Editora FGV, 1996.

LIMA, Luiz Costa. História. Ficção. Literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

LORIGA, Sabina. A biografia como problema. In: REVEL, Jacques. Jogos de escalas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 1998, p. 225-249.

________. Biografias Paralelas: reflexões em torno de Hannah Arendt e Siegfried Kracauer. In: DUTRA, Eliana. (Org). O Brasil em dois Tempos: história, pensamento social e tempo presente. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

________. O Pequeno X: da Biografia à História. BH: Autêntica, 2011.

MACHADO, Maria Helena P. T. Um mitógrafo no Império: a construção dos mitos da história nacionalista do século XIX. Estudos Históricos, Rio de janeiro, 2000.

MADÉLENAT, Daniel. La biographie. Paris: PUF, 1984.

MARCELINO, Douglas Attila. A figura do escritor nas biografias de Machado de Assis e Euclides da Cunha das coleções Brasiliana e Documentos Brasileiros nos anos 1930 e 1940. In: Anais do XVI Encontro Regional de História da Anpuh-Rio: Saberes e Práticas Científicas, 2014.

________. Rituais políticos e representações do passado: sobre os funerais de “homens de letras” na passagem do império à república. In: Revista Tempo. Vol. 22 n. 40. p.260-282, mai-ago., 2016.

MEGID, Daniele Maria. De homem a personagem: As construções sobre Machado de Assis nas biografias. In: AVELLAR, Alexandre de Sá; SCHMIDT, Benito Bisso (Orgs.). Grafia de Vida: reflexões e experiências com a escrita biográfica. São Paulo: Letra e Voz, 2012.

MOMIGLIANO, Arnaldo. The Development of Greek Biography. Cambridge University Press, 1971.

OLIVEIRA, Lúcia. Lippi. A Questão Nacional na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1990.

OLIVEIRA, Maria da Glória. Escrever vidas, narrar a história. A biografia como problema historiográfico no Brasil oitocentista. Rio de Janeiro: PPGHIS/UFRJ, 2009. Tese de doutorado.

ORIEUX, Jean. A arte do biógrafo. In: DUBY, George. História e Nova História. Lisboa: Teorema, 1086.

PARRELA, Ivana. Coleções e publicações documentais no Brasil: estratégias e temporalidades. In: DUTRA, Eliana. (Org). O Brasil em dois Tempos: história, pensamento social e tempo presente. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

SCHMIDT, Benito Bisso. Construindo biografias... Historiadores e Jornalistas: aproximações e afastamentos. Revista de Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.10, n.19, p.3-21. 1997.

________. Grafia da vida: reflexões sobre a narrativa biográfica. História Unisinos, São Leopoldo, n. 10, v. 8, jul./dez. 2004, p. 140.

________. Grades invisíveis para rebentar: memórias de um militante de esquerda brasileiro sobre as prisões argentinas (1975-1979). In: AVELLAR, Alexandre de Sá; SCHMIDT, Benito Bisso (Orgs.). Grafia de Vida: reflexões e experiências com a escrita biográfica. São Paulo: Letra e Voz, 2012.

________. Escrever biografias no Brasil hoje: entre inovações e modelos tradicionais. In: DUTRA, Eliana. (Org). O Brasil em dois Tempos: história, pensamento social e tempo presente. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

________; CASTELLUCCI, Aldrian. Dossiê Biografia e História do Trabalho. Revista Mundos do Trabalho, vol. 8, n. 15, janeiro-junho de 2016.

________. Quando o historiador espia pelo buraco da fechadura: biografia e ética. História (São Paulo) v.33, n.1, p. 124-144, jan./jun. 2014.

________. Trajetórias e vivências: as biografias na historiografia do movimento operário brasileiro. Projeto História, São Paulo, n. 16, fev. 1998.

SILVA, Wilton C. L. Espelhos de Palavras: Escritas de si, autoetnografia e ego-história. In: AVELLAR, Alexandre de Sá; SCHMIDT, Benito Bisso (Orgs.). Grafia de Vida: reflexões e experiências com a escrita biográfica. São Paulo: Letra e Voz, 2012.

TOLENTINO, Thiago Lenine Tito. Monumentos de Tinta e Papel: Cultura Política na Criação Biográfica da coleção Brasiliana (1935-1950).Belo Horizonte: PPGHIS/UFMG, 2009. Dissertação de Mestrado.

________. Do ceticismo aos extremos: Cultura intelectual brasileira nos escritos de Tristão de Athayde (1916-1928).Belo Horizonte: PPGHIS/UFMG, 2016. Tese de Doutorado.

VENÂNCIO, Giselle Martins. Brasiliana segunda fase: percurso editorial de uma coleção que sintetiza o Brasil (1956 –1993). In: DUTRA, Eliana. (Org). O Brasil em dois Tempos: história, pensamento social e tempo presente. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

WERNECK, Maria Helena. O homem encadernado: Machado de Assis na escrita das biografias. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2008.

Published

2018-12-28

How to Cite

CERQUEIRA, E. M. HERÓIS DE PAPEL: HISTÓRIA E BIOGRAFIA EM GUSTAVO BARROSO. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 20, n. 2, p. 130–151, 2018. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/56510. Acesso em: 17 jul. 2024.