Entre a inevitabilidade do trauma e a (im)possibilidade do luto
Dinâmicas da historicidade em tempos de catástrofe
DOI:
https://doi.org/10.5216/rth.v25i2.73901Schlagworte:
Tempo histórico, Tempo presente, Teoria da História, PsicanáliseAbstract
O presente artigo pretende contribuir com o entendimento de como as dinâmicas próprias do tempo histórico moderno e da temporalidade histórica atualista, diagnosticada contemporaneamente, intensificam as possibilidades da reprodução de experiências traumáticas e reduzem drasticamente a possibilidade da experiência do luto, ainda mais imprescindível em tempos de catástrofe pandêmica. A intensão é realizar essa reflexão a partir de uma interlocução entre estudos no âmbito da teoria da história e da psicanálise. Mediante à reflexão sobre essas dinâmicas histórico-temporais hegemônicas, pretende-se apontar e favorecer a emergência de outras formas de abertura para a articulação das experiências da historicidade, capazes de dar voz à diferença, assim como à corpos e afetos disruptivos.
Literaturhinweise
ACHA, Omar. Freud y el problema de la historia. Buenos Aires: Prometeo, 2007.
AMADEO, Pablo. Sopa de Wuhan. Editorial ASPO, 2020.
ARANTES, Paulo. O novo tempo do mundo: e outros estudos sobre a era da emergência. Boi Tempo: São Paulo, 2014.
ARAUJO, Valdei; PEREIRA, Mateus; MARQUES, Mayra. Almanaque da COVID-19: 150 dias para não esquecer ou a história do encontro de um presidente fake e um vírus real. Vitória: Editora Milfontes, 2020a.
ARAUJO, Valdei & PEREIRA, Mateus. Atualismo 1.0: Como a ideia de atualização mudou o século XXI. Mariana/Vitória: SBTHH/Milfontes, 2019.
ARAUJO, Valdei; PEREIRA, Mateus; MARQUES, Mayra; RAMALHO, Walderez. Bolsotrump: realidades paralelas (2020-2022). Rio de Janeiro: FGV, 2022.
ARAUJO, Valdei; PEREIRA, Mateus; KLEM, Bruna. Do Fake ao Fato: (Des)atualizando Bolsonaro. Vitória: Editora Milfontes, 2020b.
ANKERSMIT, Frank. Sublime Historical Experience. Palo Alto: Stanford University Press, 2005.
BARROS, Elizabeth [et al.]. Tendências da Psicanálise contemporânea. Jornal de Psicanálise, São Paulo, v. 43, (79), pp. 55-82, 2010.
BEVERNAGE, Berber. História, memória e violência de Estado: tempo e justiça. Vitória/Mariana: Milfontes/SBTHH, 2018.
BEVERNAGE, Berber & LORENZ, Chris. Negotiating the Borders between Present, Past and Future. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 2013.
BIRMAN, Joel. O mal-estar na modernidade e a psicanálise: a psicanálise à prova do social. Physis, Rio de Janeiro, v. 15: 203-224, 2005.
BIRMAN, Joel. O trauma da pandemia do Coronavírus. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.
CASTRO, Rafael Dias. A sublimação do id primitivo em ego civilizado: o projeto dos psiquiatras-psicanalistas para civilizar o país (1926-1944). Jundiaí: Paco Editorial, 2015.
CERTEAU, Michel. História e Psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
DAVIS, Mike [et al.]. Coronavírus e a luta de classes. Terra sem Amos: Brasil, 2020.
DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx. O Estado da dívida, o trabalho do luto e a nova Internacional. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
DERRIDA, Jacques. Força de Lei: o fundamento místico da autoridade. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2018.
de Mello Rangel, Marcelo; Bruno de Carvalho Dias Leite, Augusto. História e Filosofia: problemas ético-políticos (p. 63). Edição do Kindle.
DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.
FREUD, Sigmund. A negação. In: Obras Completas (1923-1925). Vol. 16. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
FREUD, Sigmund. Inibições, sintomas e angústia. In: Obras completas (1926 1929). Vol. 17. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
FREUD, Sigmund. Introdução ao Narcisismo. In: Obras Completas (1914-1916). Vol. 12. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
FREUD, Sigmund. O Eu e o Id. In: Obras Completas (1923-1925). Vol. 16. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
FREUD, Sigmund. Luto e melancolia. Tradução, introdução e notas: Marilene Carone. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
FREUD, Sigmund. O Inquietante. In: Obras Completas (1917-1920). Vol. 14. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
FREUD, Sigmund. O mal-estar da civilização. In: Edições Standard Brasileiras das obras completas de Sigmund Freud. Vol. 21. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
GÓES, Clara de. História e Psicanálise: a construção da realidade. Rio de Janeiro: Editora Gramond, 2012.
GÓES, Clara de. Psicanálise e Capitalismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.
GONZALBO, Fernando Escalante. Historia mínima del neoliberalismo. México: El Colegio del México, 2015.
GUMBRECHT, Hans. Nosso amplo presente: o tempo e a cultura contemporânea. São Paulo: UNESP, 2015.
GUMBRECHT, Hans. Produção de Presença: O que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. Puc-Rio, 2010.
HARTOG, François. Regimes de Historicidade: Presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Campinas, SP: Editora da Unicamp; Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2012.
KEHL, Maria Rita. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. São Paulo: Boi Tempo, 2009.
KLEINBERG, Ethan. Haunting History: for a deconstructive approach to the past. Palo Alto: Stanford University Press, 2017.
KLEINBERG, Ethan & GHOSH, Rajan & (Orgs.). Presence: Philosophy, History, and Cultural Theory for the Twenty-first century. Ithaca: Cornell University Press, 2013.
KLEINBERG, Ethan; RAMOS, André da Silva. Ethan Kleinberg: Theory of History as Hauntology. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 25, pp. 212-228, dez. 2017.
KOSELLECK, Reinhart. Crítica e crise: uma contribuição à patogênese do mundo burguês. Rio de Janeiro: EDUERJ/Contraponto, 1999.
KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: estudos sobre história. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora. PUC-Rio, 2014.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos modernos. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-RJ, 2006.
KOSELLECK, Reinhart. O Conceito de História. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
LACAN, Jacques. O seminário 7: a ética da psicanálise. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
LACAN, Jacques. O Seminário, livro 10: a angústia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
LACAPRA, Dominick. Writing History, writing trauma. Baltimore: John Hopkins University Press, 2014.
LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J.-B. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 10ª ed., 1988.
MALERBA, Jurandir. Margens da Teoria: Teoria e crítica historiográfica. Vitória: Milfontes, 2018.
MATTOS, Alice Vargas Vieira; MENDONÇA, Ligia Gama e Silva Furtado de. A temporalidade na era da urgência: considerações sobre o tempo do sujeito. Polêm!ca, v. 20 1 , n. 2, p. 001-021, maio/ago. 2020.
MBEMBE, Achille. Critique of Black Reason. Durham: Duke University Press, 2017.
MEZAN, Renato. Que tipo de ciência é, afinal, a Psicanálise? Natureza Humana, 9(2), pp. 319-359, jul.-dez. 2007.
NICOLAZZI, Fernando; TURIN, Rodrigo; ÁVILA, Arthur. A História (in)disciplinada: teoria, ensino e difusão do conhecimento histórico. Vitória: Editora Milfontes, 2019.
PENNA, Carla. O campo dos afetos: fontes de sofrimento, fontes de reconhecimento. Dimensões pessoais e coletivas. Cad. Psicanál. (CPRJ), Rio de Janeiro, v. 39, n. 37, p. 11-27, jul./dez. 2017.
PHILLIPS, Mark. Society and Sentiment: Genres of Historical Writing in Britain, 1740-1820. New Jersey: Princeton University Press, 1997.
RANGEL, Marcelo. A História e o impossível: Walter Benjamin e Derrida. Rio de Janeiro: Ape’ku, 2020.
RANGEL, Marcelo. Da ternura com o passado: História e pensamento histórico na filosofia contemporânea. Rio de Janeiro: Via Verita, 2019.
RANGEL, Marcelo. Poesia, história e economia política nos Suspiros Poéticos e Saudades e na Revista Niterói. Os primeiros Românticos e a civilização do Império do Brasil. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura do Departamento de História do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2011.
RAMOS, A. S. Apresentação: pelo encontro com o espectral. Historicidade espectral: teoria da história em tempos digitais - Coleção Fronteiras da Teoria. V. 5. Vitória: Milfontes, 2021a, p. 1-38.
RAMOS, André da Silva. Dos limites da historiografia moderna à abertura de novos horizontes: tempo histórico, linguagem e ética a partir de Berber Bevernage e Hans Ulrich Gumbrecht. Expedições: Teoria da História e História da Historiografia, v. 11, p.1-20, 2020a.
RAMOS, André da Silva. Machado de Assis e a experiência da história: climas e espectralidade. Tese (Tese em História) – Universidade Federal de Ouro Preto,
Mariana, 2018.
RAMOS, André da Silva. Machado de Assis e a experiência da historicidade: sobre historiadores assombrados e a presença fantasmagórica do passado em Casa Velha. História da Historiografia, Ouro Preto, v. 14, p. 257-288, 2021b.
RAMOS, A. S. Robert Southey e a experiência da história: conceitos, linguagens, narrativas e metáforas cosmopolitas.1. ed. Vitória/Mariana: Milfontes/SBTHH, 2019a.
RAMOS, André da Silva. Reinhart Koselleck e a análise das metáforas: sobre as possibilidades para além do conceitual. Tempo e Argumento, v.11, p.431 - 455, 2019b.
RAMOS, A. S. Sobre os desafios transdisciplinares da Teoria da História e da História da Historiografia. In: RANGEL, Marcelo; CARVALHO, Augusto. (Org.). História & Filosofia: problemas ético-políticos. 1ed.Vitória: Milfontes, 2020b, v. 1, p. 61-71.
RODRIGUES, Thamara de Oliveira; GUMBRECHT, H. U. (Org.). Reinhart Koselleck - Uma latente filosofia do tempo. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2021.
ROTH, Michael. Psychoanalysis and History. Psychoanalytic Psychology, v. 33, p. 19-33, 2016.
RUNIA, Eelco. Moved by the Past: discontinuity and historical mutation. New York: Columbia University Press, 2014.
SAFATLE, Vladimir. Maneiras de transformar mundos: Lacan, política e emancipação. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
SAFATLE, Vladimir. O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. 2 Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
SALOMON, Marlon. Heterocronias: estudos sobre as multiplicidades dos tempos históricos. Goiânia: Edições Ricochete, 2018.
SCHELB, Vitor Aiala Cascelli. Lembrar e esquecer na era do Facebook (2016 – 2020). 2021. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2021.
SCOTT, Joan. The Incommensurability of Psychoanalysis and History. History and Theory, 51, 2012.
SIMON, Zoltán. History in times of unprecedent change: a theory for the twenty-first century. New York: Bloomsbury, 2019.
TAMM, Marek & OLIVIER, Laurent. Rethinking historical time: new approaches to presentism. New York: Bloomsbury Academic, 2019.
TOSTES, Anjuli [et al.]. Quarentena: reflexões sobre a pandemia e depois. 1.ed. Bauru: Canal 6, 2020.
TURIN, Rodrigo. Tempos precários: aceleração, historicidade e semântica neoliberal. 1. ed. Dansk: Zazie Edições, 2019.
VALIM, Patrícia; AVELAR, Alexandre; BEVERNAGE, Berber. Apresentação. Negacionismo: história, historiografia e perspectivas de pesquisa. Revista Brasileira de História, vol. 41, n. 87, p. 13-36, 2021.
VERNANT, Jean-Pierre. Oedipus without the Complex. In: VERNANT, J. P. & VIDAL-NAQUET, P. Myth and Tragedy in Ancient Greece. New York: Zone Books, 1988, p. 85-111.
VERZTMAN, Julio; ROMÃO-DIAS, Daniela. Catástrofe, luto e esperança: o trabalho psicanalítico na pandemia de COVID-19. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, 23(2), 269-290, p. 269-290, jun-2020.
Downloads
Veröffentlicht
Zitationsvorschlag
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
Copyright (c) 2023 rth |
Dieses Werk steht unter der Lizenz Creative Commons Namensnennung - Nicht-kommerziell - Keine Bearbeitungen 4.0 International.
A Revista publica única e exclusivamente artigos inéditos. São reservados à Revista todos os direitos de veiculação e publicação dos artigos presentes no periódico.
Licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License