HISTÓRIA, RAÇA E SOCIEDADE
NOTAS SOBRE DESCOLONIZAÇÃO E HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA
Schlagworte:
Historiografia Brasileira, Sociedade, Racismo epistêmico, Raça, Intelectualidades NegrasAbstract
O presente artigo é uma contribuição ao debate sobre as relações entre pensamento historiográfico, raça e sociedade no Brasil. A partir da constatação de que os nomes legitimados como cânones da Historiografia Brasileira são compostos primariamente por homens brancos, demarcação étnicorracial – e de gênero – que tem se reproduzido ao longo do tempo, procuro estabelecer algumas premissas teóricas para a sugestão de uma descolonização do campo historiográfico. Tal visão busca problematizar a produção de intelectuais negros – e de grupos sociais não hegemônicos de forma geral – no corpo de conhecimentos autorizados acerca da realidade histórica brasileira em suas conexões com marcadores sociais da diferença, especialmente raça, posto ser esta uma questão constituinte e estruturante da própria Historiografia Brasileira. Por fim, procuro pensar, baseado em Roger Bastide, no exercício de uma autopsicanálise intelectual, referente ao papel e à postura dos historiadores brancos na reflexão e reconstrução crítica do campo.
Literaturhinweise
AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? Belo Horizonte: Letramento/Justificando, 2018.
BARBOSA, Muryatan S. Guerreiro Ramos e o personalismo negro. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – FFLCH-USP, São Paulo, 2004.
BASTIDE, Roger. As Américas negras: as civilizações africanas no Novo Mundo. Trad. de Eduardo de Oliveira e Oliveira. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1974 [1967].
BERGIN, Cathy; RUPPRECHT, Anita. Reparative histories: tracing narratives of black resistance and white entitlement. Race & Class, Londres, v. 60, n. 1, p. 22-37, 2018.
BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lília. Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
BRESCIANI, Maria Stella Martins. O charme da ciência e a sedução da objetividade: Oliveira Vianna entre intérpretes do Brasil. São Paulo: Editora da UNESP, 2005.
CAMPOS, Deivison M. C. O Grupo Palmares (1971-1978): um movimento negro de subversão e resistência pela construção de um novo espaço social e simbólico. Dissertação (Mestrado em História) – PUCRS, Porto Alegre, 2006.
CANDIDO, Antonio. O significado de Raízes do Brasil. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo: Cia das Letras, 1995 [1967], p. 9-21.
CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (Doutorado em Educação) – FEUSP, São Paulo, 2005.
COSTA, Joaze Bernardino; GROSFOGEL, Ramón. Decolonialidade e perspectiva negra. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 15-24, jan./abr. 2016.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes: o legado da “raça branca”. Prefácio de Antonio S. A. Guimarães. 5. ed. São Paulo: Globo, 2008.
FIGUEIREDO, Ângela. Descolonização do conhecimento no século XXI. In: SANTIAGO, Ana R. et al. (Org.).
escolonização do conhecimento no contexto afro-brasileiro. Cruz das Almas (BA): Editora UFRB, 2017, p. 77-106.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FRANZINI, Fábio. Apresentação. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 22, p. 11-14, dez. 2016.
GOMES, Flávio. Reflexões e projetos: para um pensamento negro nos séculos XIX-XXI (Apresentação). Revista da ABPN, Goiânia, v. 10, n. 25, p. 6-7, mar./jun. 2018.
GOMES, Nilma Lino. Movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
______. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem Fronteiras, v. 12, n. 1, p. 98-109, jan./abr. 2012.
GRUPO de Trabalho André Rebouças. II Semana de Estudos Sobre o Negro na Formação Social Brasileira. Niterói: UFF, 1976.
GUIMARÃES, Antonio S. A. Classes, raças e democracia. São Paulo: Ed. 34, 2002. hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2017.
MARTINS, Sandra. O GTAR (Grupo de Trabalhos André Rebouças) na Universidade Federal Fluminense: memória social, intelectuais negros e a universidade pública (1975-1995). Dissertação (Mestrado em História Comparada) – UFRJ, Rio de Janeiro, 2018.
NASCIMENTO, Maria Beatriz. Por uma História do Homem Negro. In: RATTS, Alex. Eu sou Atlântica: sobre a Trajetória de Vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial/Kuanza, 2007, p. 93-8.
NICODEMO, Thiago; SANTOS, Pedro; PEREIRA, Mateus. Uma Introdução à História da Historiografia Brasileira (1870-1970). Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2018.
OLIVEIRA, Eduardo de Oliveira e. Etnia e Compromisso Intelectual, 1977b. São Carlos: Coleção Eduardo de Oliveira e Oliveira/UEIM-UFSCAR, Série Produção Intelectual.
______. Roger Bastide – um aliado. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 20, p. 137-40, 1978.
______. Uma Quinzena do Negro. In: ARAÚJO, Emanoel (Curador). Para nunca esquecer: negras memórias, memórias de negros. Brasília: MINC, 2001 [1977b].
PEREIRA, Amilcar A. O Mundo Negro: a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970-1995). Tese (Doutorado em História) – UFF, Niterói, 2013.
PERICÁS, Luiz; SECCO, Lincoln (Org.). Intérpretes do Brasil: clássicos rebeldes e renegados. São Paulo: Boitempo, 2014.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires, CLACSO, 2005, p. 227-278.
RAMOS, Alberto Guerreiro. O problema do negro na sociologia brasileira. Cadernos do Nosso Tempo, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 189-220, jan./jun. 1954.
RATTS, Alex. Eu sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial/Kuanza, 2007.
REIS, José Carlos. As Identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. 9 ed. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2008 [1999].
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Justificando, 2017.
SCHWARCZ, Lília M. Pensamento social brasileiro, um campo vasto ganhando forma. Lua Nova, São Paulo, n. 82, p. 11-16, 2011.
SILVA, Nádia M. C. Universidade no Brasil: colonialismo, colonialidade e descolonização numa perspectiva negra. Revista Interinstitucional Artes de Educar, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, p. 233-257, out./2017 – jan./2018.
SLENES, Robert. A Importância da África para as Ciências Humanas. História Social, Campinas, n. 19, p. 19-32, 2010.
TRAPP, Rafael. O Elefante Negro: Eduardo de Oliveira e Oliveira, raça e pensamento social no Brasil. Tese (Doutorado em História). UFF, Niterói, 2018
Downloads
Veröffentlicht
Zitationsvorschlag
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
A Revista publica única e exclusivamente artigos inéditos. São reservados à Revista todos os direitos de veiculação e publicação dos artigos presentes no periódico.
Licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License