O inesgotável e elegante trabalho da memória, que reconstrói, performa e elabora
DOI:
https://doi.org/10.5216/rth.v23i2.65108Palavras-chave:
memória, autobiografia, diário, reconstrução, perda da experiênciaResumo
O presente texto visa repensar a compreensão da autobiografia e do diário: memória, reconstrução e memória performativa versus instantaneidade e tempo congelado. Articulando a filosofia de Walter Benjamin, no que concerne à perda de experiência do sujeito moderno e sua incapacidade de narrar, trazemos ao debate a acepção de memória em psicanálise e sua relação ao esquecimento e à elaboração. A forma diário que domina as redes sociais nos mostra uma mudança significativa de nossa forma de ser (de nossa forma de lidar com nossa própria história), em que a “sinceridade”, a exigência do imediato, seja o “mais real”. O que está em jogo nessa mudança – de uma escrita de si que era guardada à sete chaves à exposição de si diária nas redes sociais?
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Filmografia:
ETERNAL Sunshine of The Spotless Mind (2004). Direção: Michael Gondry. Roteiro: Charlie Kaufman.
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