DO TEMPO DAS REVOLUÇÕES ÀS REVOLUÇÕES DO TEMPO

Autores

  • Jaime Fernando dos Santos Junior Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

Revolução, Evolução, Modernidade, Teoria da História, Tempo

Resumo

O objetivo do texto é discutir sobre a passagem da revolução como uma importante categoria das ciências políticas para uma abordagem mais cultural tentando perceber o que havia de revolucionário em cada evento. No primeiro momento discuto à obcessão com um evento revolucionário, que estivesse associado a um elemento nacional como entrada na modernidade. .A partir de um tempo único e progressivo, revolução se tornou um estandarte capaz de sustentar a solução para uma crise, separando o antigo do novo. No entanto, sua ascensão acompanhou sua queda e no século XX, a categoria e o conceito passou a ser duramente criticado. A obsolescência da revolução foi resgatada por uma abordagem mais cultural, trazendo à vista novos personagens, novas narrativas e novas conceitualizações. Em consequência da pluralidade de temporalidades, o tempo progressivo e evolutivo pode ser questionado e superado.

Biografia do Autor

Jaime Fernando dos Santos Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

É Formado em História pela Universidade Federal de São Paulo (bacharelado e licenciatura) e bacharel em Música (Habilitação: Instrumento - Guitarra) na UniFIAMFAAM. É mestre em História pela Universidade Federal de São Paulo na linha de pesquisa "Poder, Cultura e Saberes". Doutorando pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na linha de pesquisa História e Historiografia, com tese a respeito da utilização e difusão do conceito de revolução no século XVII. Tem interesse nas áreas relacionadas à Teoria da História, História Moderna, História da Inglaterra, História da Revolução Inglesa e às imbricações entre política e Religião no século XVII. Pesquisa os debates e vocabulários políticos, e os usos dos conceitos e categorias políticas na história e na historiografia, sobretudo em relação às abordagens e aos autores associados à chamada Escola de Cambridge e a Begriffsgeschichte. Também se interessa por Acessibilidade, os Estudos sobre Deficiência (Disability Studies) e o acesso e permanência do estudante com deficiência no Ensino Superior. 

Referências

ARTFL Encyclopédie Project. “Guerre”, vol. 7, 1757, Disponível em:< http://artflsrv02. uchicago.edu/cgi-bin/philologic/getobject.pl?c.6:1652.encyclopedie0513> Acesso em: 20 jan. 2017.

ÁVILA, Arthur Lima de. “O fim da história e o fardo da temporalidade”. Tempo e argumento,v.10, 2018.

BENJAMIN, Walter; LOWY, Michel. “Tese IX”. In:____. Walter Benjamin: aviso de incêndio: uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. São Paulo: Boitempo, 2005.

BEVERNAGE, Berber; LORENZ, Chris. “Breaking up Time. Negotiating the Borders between Present, Past and Future”. Storia diografia, 65, 1, 2013.

BURGESS, Glenn. “On revisionism: an analysis of Early Stuart historiography in the 1970s and 1980s”. In: The Historical Journal, 33, 3, 1990.

BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução na França. São Paulo: EDIPRO, 2014.

BURKE, Peter. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

CANAPARO, Claudio. “La ideiade revolución en la periferia”. SÉMATA, Ciencias Sociais e Humanidades, 2016, vol. 28.

CERTEAU, Michel de. “A produção do tempo: uma arqueologia religiosa”. In:____. A escrita da História. Rio de Janeiro: Forense, 2011.

CLARK, J. C. D.. Revolution and Rebellion: state and society in England in seventeenth and eighteenth centuries. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

CLARK, Stuart. “French Historians and Early Modern Popular Culture”. Past and Present, n.100, Ago/1983.

COHN, Norman. Na Senda do Milênio: milenaristas revolucionários e anarquistas místicos da Idade Média. Lisboa: Editorial Presença, 1971.

COOPER, Brian. “The Academic Re-discovery of Apocalyptic Ideas in the 17th Century”. The Baptist Quartely. N. 18-19, 1960-1961.

DUNN, John. “Revolution”. In: BALL, Terence; FARR, James; HANSON, Russell L. (Ed.). Political Innovation and Conceptual Change.Massachusetts, Harvard University Press, 1999.

FORSTER, Robert; GREENE, Jack. Revolutiones y rebeliones de la Europa moderna. Madrid: Alianza Editorial, 1984.

FULBROOKE, Mary. “The English Revolution and the revisionist revolt”. In: Social History,Vol. 7, No. 3 (Oct., 1982).

GARDNER, Samuel. The first two Stuarts and the Puritan Revolution (1603-1660). New York: Charles Scribner’s sons, 1890.

GINZBURG, Carlo Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

GOLDIE, Mark. “The Civil Religion of James Harrington”. In: PAGDEN, Anthony. The language of Political Theory in Early-Modern Europe, Cambridge: University of Cambridge, 1987.

GOLDSTONE, Jack. “Theories of Revolutions: the third Generation”. Work Politics. Vol. 32, No. 3 (Apr., 1980).

GUIZOT, François. History of the English revolution of 1640 :from the accession of Charles I. to his death. London: D. Bogue, 1848.

HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

HAZARD, Paul. La crisis de la conciencia europeia (1680-1715). Madrid: Alianza Editorial, 1988.

HILL, Christopher. “Christopher Hill por Christopher Hill”. In: Varia História, Belo Horizonte, nº 14, Set/95.

HILL, Christopher. A Bíblia inglesa e as revoluções do século XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

HILL, Christopher. O Mundo de Ponta-Cabeça: Ideias Radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

HOBSBAWM, Eric. “The general crisis of the european economy in the 17thcentury”, Past & Present, No. 5 (1954).

HOBSBAWM, Eric. Rebeldes Primitivos: Estudos sobre Formas Arcaicas de Movimentos Sociais nos Séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.

KENYON, John. “Revisionism and Post-Revisionism in Early Stuart History”. In: The Journal of Modern History, Vol. 64, No. 4 (Dec., 1992).

KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.

MACAULAY, Thomas Babington. The History of England: From the Accession of James I. Vol. II, London: J. M. Dent & Sons Ltda.,, 1953.

MANNHEIM, Karl. Ideologia e Utopia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

MARX, KARL. “A chamada acumulação primitiva”. In:____.. O Capital: para a crítica da economia política. Livro I, volume II, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.

MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte e Cartas a Kugelmann. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. “England’s 17th Century Revolution”. Disponível em: <https://www.marxists.org/archive/marx/works/1850/02/english-revolution.htm> Acesso em: 15 jun. 2017.

MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

MOUSNIER, Roland; ELLIOTT, J. H.; STONE, Lawrence; TREVOR-ROPER, H. R; KOSSMANN, E. H.; HOBSBAWM, E. J.; HEXTER, J. H.. “Discussion of H. R. Trevor-Roper: "The General Crisis of the Seventeenth Century." Past & Present, No. 18 (Nov., 1960).

MUDROVCIC, María Inés. “Historical Narrative as a Moral Guide and the present as History as an Ethical Project”. História da historiografia.Ouro Preto, n. 21, 2016.

OAKESHOTT, Michael. El racionalismo en la política y otros ensayos. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 2000.

ORWELL, George. Lutando na Espanha.eBooksBrasil, 2002.PAINE, Thomas. The rights of Man. London: W.T. Sherwin, 1817.

PRICE, Richard. A Discourse on the Love of Our Country, delivered on Nov. 4, 1789, at the Meeting-Housein the Old Jewry, to the Society for Commemorating the Revolution in Britain. With an Appendix. Second edition (London: T. Cadell, 1789). Disponível em: <http://oll.libertyfund.org/titles/price-a-discourse-on-the-love-of-our-country> Acesso em: 22 jan. 2017.

RUFER, Mario. “Memoria sin garantias: usos del pasado y política del presente”. Anuario de investigación, 2009.

SANTOS JUNIOR,J.F.. “A emergência do “moderno” conceito de revolução”. História da historiografia, v. 26, p. 122-147, 2018.

SANTOS JUNIOR, Jaime Fernando dos. “Reflexões historiográficas sobre os usos da categoria e do conceito de Revolução para a guerra civil e Interregno na Inglaterra (1640-1660)”. Revista 7 mares, n.2, abril 2013.

SEBASTIAN, J. F.; FUENTES, J. F. “Entrevista com Reinhart Koselleck”. In: JASMIM, M.G. ; FERES JR, J. (Org). História dos Conceitos: Debates e Perspectivas. Rio de Janeiro: Editora PUC –Loyola,2006.

SETH, Sanjay. “Razão ou Raciocínio? Clio ou Shiva?”. História da historiografia. Ouro Preto, n. 13, abril 2013.

SKINNER, Quentin. “Interpretação, racionalidade e verdade”. In: ___.Visões da política sobre os métodos históricos. Algés: Difel, 2005.

STEWART, Charles. “Historicity and Antropology”. The Annual Review of Antropology. 2016.

STONE, Lawrence. Causas da Revolução Inglesa 1529-1642. Bauru: EDUSC, 2000.

THOMASSEN, Bjorn. “Notes toward na Antropology of Political Revolutions”. Comparative Studies in Society and History.2012,54 (3).

TREVOR-ROPER, H. R. “The General Crisis of the 17thcentury”. Past & Present. No. 16 (1959).

TREVOR-ROPER, H. R. “The General Crisis of the 17thcentury”. Past & Present. No. 16 (1959).

TRISTÁN, Eduardo Rey; BARROS, Israel Sanmartin. “Introducción: Revisitando la Revolución en la Historia".

SÉMATA, Ciencias Sociais e Humanidades, 2016, vol. 28.

VASCONCELOS, Pedro Lima. Antônio Conselheiro por ele mesmo. São Paulo: É Realizações, 2018.

VOLTAIRE. Letters on England. The Pennsylvania State University, 2002.

WHITE, Hayden. The Pratical Past.Evaston: Northwestern University Press, 2014.

ZAGORIN, Perez. Rebels and Rulers 1500 –1600: society, states and early modern revolution. Agrarian and urban rebellions (V. I). Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

Downloads

Publicado

2019-08-01

Como Citar

JUNIOR, J. F. dos S. DO TEMPO DAS REVOLUÇÕES ÀS REVOLUÇÕES DO TEMPO. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 21, n. 1, p. 99–121, 2019. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/57294. Acesso em: 18 abr. 2024.