ESCRITA E ORALIDADE, UERUS E UERUS SIMILIS: A MEMORIA RERUM GESTARUM DE TITO LÍVIO

Autores

  • Michelly Pereira de Sousa Cordão

Palavras-chave:

Historiografia antiga, fontes históricas, verossimilhança, poesia, retórica

Resumo

O artigo problematiza a visão lugar-comum sobre Tito Lívio como escritor de uma história meramente moralista, dissociada de elementos próprios a um texto historiográfico. Discutimos a recepção no texto de Tito Lívio da compreensão dicotômica, vista em Aristóteles, de que a história constituiria um gênero discursivo vinculado ao que aconteceu, ao passo que a poesia estaria ligada ao possível/verossímil. Análise que caminha junto com a discussão que fizemos em torno das distintas fontes usadas por Tito Lívio, que agrupamos em três blocos principais: as tradições oral (fama e fabula) e escrita (memoria dos analistas) e os documentos escritos (monumenta litterarum). A partir de uma discussão sobre a relação de Tito Lívio com essas fontes, pudemos observar em seu texto elementos peculiares a uma tradição de escrita ligada ao gênero discursivo chamado História. 

Biografia do Autor

Michelly Pereira de Sousa Cordão

Professora de Magistério Superior na Unidade Acadêmica de História da Universidade Federal de Campina Grande. Doutora em Ciências Sociais (2015) pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFCG. Mestre em História (2010) pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFCG. Graduada em História pela UFCG, nas modalidades de Bacharelado (2007) e Licenciatura (2010). Doutoranda em História Social pelo Programa Dinter USP/UFCG. Foi professora substituta no curso de História da UFCG (campus I) nos intervalos de 2008-2010 e 2016-2018. Foi professora substituta no curso de História da UEPB (campus III) nos intervalos 2011-2012 e 2014-2015. Membra do Grupo de Pesquisa Antropologia da Política, Cultura Midiática e Práticas Políticas e do Grupo de Pesquisa em Estudos Culturais. Integrante do Grupo de Pesquisa Marxismo e cultura: fundamentos teóricos e procedimentos de pesquisa. Tem experiência, nos âmbitos da pesquisa e do ensino, na área de História Antiga e Medieval, Teoria da História, História Política, Sociologia Política e Educação, tendo desenvolvido estudos sobre os temas Historiografia antiga, Tito Lívio, Maquiavel, Recepção. Atualmente tem atuado, no âmbito da pesquisa historiográfica, no campo temático da história política com ênfase nos seguintes temas: Tancredo Neves, transição democrática, ditadura, autoritarismo, grande imprensa. Na graduação, ministra, sobretudo, disciplinas da área de Teoria e Metodologia da História, tais como, Introdução ao Estudo da História e Historiografia Brasileira. Na Pós-graduação (PPGH-Linha II), atualmente orienta trabalhos que envolvem discussões sobre gênero, sexualidade e ditadura. (Texto informado pelo autor)

Referências

ARISTÓTELES. Arte poética. In: ______ et al. A poética clássica. Trad.: Jaime Bruna. São Paulo: Ed. Cultrix, 1997.

CERTEAU, Michel de. A escrita da História. Trad.: Maria de Lourdes Menezes Rio de Janeiro:

Forense, 2002.

CÍCERO. Dos deveres. Trad.: Angélica Chiapeta. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

CÍCERO. Retórica a Herênio. Trad.: Ana Paula Celestino Faria e Adriana Seabra. São Paulo: Hedra, 2005.

COLLINGWOOD, R. G. A historiografia greco-romana. In: A idéia de História. Trad.: Alberto Freire. Lisboa: Editorial Presença, s/d, p. 27-78.

DOSSE, François. A história. Trad.: Maria Elena O. Assumpção. Bauru-SP: EDUSC, 2003.

ERNOUT, A; MEILLET, A. Dictionnaire étymologique de la langue latine: histoire des mots.

Paris: Librairie C. Klincksieck, 1932.

FARIAS, Ernesto. Dicionário escolar latino português. Rio de Janeiro: FAE, 1991.

HARTOG, François. A história de Homero a Santo Agostinho. Trad.: Jacyntho Lins Brandão.

Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.

HERÔDOTOS. Histórias. Trad.: Mário da Gama Kury. Brasília: Ed. UnB, 1988.

JOLY, Fábio. Teleologia e metodologia históricas em Tácito. Revista História da UFG, Goiânia, v. 6, n.2, p. 25-50, 2001.

MOMIGLIANO, Arnaldo. As raízes clássicas da historiografia moderna. Trad.: Maria Beatriz Florenzano. São Paulo: EDUSC, 2004.

MORELO, Sonila. A relativização da verdade em Heródoto. Belo Horizonte: UFMG, 2001 (dissertação de mestrado).

PEIXOTO, Paulo Matos. Introdução. In: TITO LÍVIO. História de Roma. Trad.: Paulo Matos Peixoto. São Paulo: Paumape, 1989 (vol. I-VI).

POLÍBIOS. História. Trad. Mário da Gama Kury. Brasília: Ed. UnB, 1996.

SHOTWELL, James T. A interpretação da história e outros ensaios. Trad.: Murillo Bastos Martins. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1967.

TÁCITO. Anais. Trad.: J. L. Freire de Carvalho. Rio de Janeiro/São Paulo/Porto Alegre/Recife: W. M. Jackson Inc. Editores, 1965.

TITO LÍVIO. História de Roma. Trad.: Paulo Matos Peixoto. São Paulo: Paumape, 1989 (vol. I-VI).

TITO LÍVIO. História de Roma – Ab urbe condita libri, livro I. Trad.: Paulo Farmhouse Alberto. Lisboa: Inquérito, 1993.

VEYNE, Paul. Acreditaram os gregos em seus mitos?. Trad.: Antonio Gonçalves. Lisboa:

Edições 70, s/d.

VEYNE, Paul. Como se Escreve a História. Trad.: Alda Baltar e Maria Auxiliadora Kneipp. Brasília: UnB, 1998.

WALSH, P. G. Livy’s Preface and the Distortion of History. In: The American Journal of Philology. Vol. 76, n° 4, 1955, pp. 369-383.

Downloads

Publicado

2018-07-07

Como Citar

CORDÃO, M. P. de S. ESCRITA E ORALIDADE, UERUS E UERUS SIMILIS: A MEMORIA RERUM GESTARUM DE TITO LÍVIO . Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 19, n. 1, p. 246–278, 2018. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/53776. Acesso em: 13 nov. 2024.