AS VANGUARDAS DO SÉCULO XX E O CAMINHAR COMO PRÁTICA ESTÉTICA NO CAMPONÊS DE PARIS
Palavras-chave:
Caminhar e a cidade, Arte pública e o caminhar, Cartografia urbana, Cidade das VanguardasResumo
No início do século XX, o caminhar foi assumido pelas Vanguardas como uma forma de ação estética. Os dadaístas usavam a caminhada para representar a banalidade da cidade. O dadaísmo causou um golpe mortal aos conceitos tradicionais de cultura, dando origem ao surgimento de novas expressões e conceitos através da negação do que havia ocorrido antes. A exploração da banalidade pregada pelo Dada deu origem à análise freudiana do inconsciente da cidade, que seria desenvolvido mais tarde pelos surrealistas e os situacionistas. Essas representações se originaram na crença dos Futuristas de que a cidade não deveria ser vista de forma estática. As ideias surrealistas foram desenvolvidas no contexto da Europa entre guerras. Assumindo o caminhar como dispositivo, as deambulações surrealistas exploravam o simbólico nos elementos au hasard impossível de encontrar nas perspectivas tradicionais. A cidade surrealista era explorada todos os dias, de forma diferente, onde ‘sentir-se perdido’ fazia sentir o ‘maravilhoso cotidiano’ encontrado nos inconscientes da cidade. Este processo é retratado no Camponês de Paris de Louis Aragon, onde a analogia desenhada entre imagens surrealistas e espírito romântico, só era possível na cidade: Aragon descreveu a agonia de passagens, este fascinante espaço urbano e a experiência de caminhada em um parque público à noite, onde literalmente a realidade é confundida com os sonhos. Nadja e o Amor Louco de Breton também mostraram esse processo, mas enfatizando as percepções que surgiram au hasard durante encontros com pessoas e objetos em deambulações urbanas. As sucessões de fatos, objetos e situações foram pistas que levaram Breton a reconhecer, pouco a pouco, sinais que levaram ao seu destino pessoal, sempre com a cidade como pano de fundo.
Referências
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