A EXPERIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA COMO COMEÇO ABSOLUTO

Autores

  • Joana Duarte Bernardes Universidade de Coimbra

Palavras-chave:

revolução, modernidade, temporalidade, história magistra vitae, novo

Resumo

A irreversibilidade moderna permite a descoberta e a actualização da descoberta do equilíbrio em que a Revelação se move: entre a verdade e o esquecimento – a a-letheia. Quando a irreversibilidade judaico-cristã não admitia, pelos ditames teológicos nos quais assenta, essa actualização. Assim, e contrariamente às filosofias da História, a experiência moderna revolucionária concebe a possibilidade de um recomeço absoluto, não para reencontrar primordialidades antigas, mas para fundar ordens novas. O passado pode ser visto como origem de uma ideia, mas não como exemplaridade para o novo, já que este deve ser alheio à repetição. O recomeço – ou o começar de novo traz em si o mistério de uma irreversibilidade inesperada dentro da própria irreversibilidade: o apocalipse (revelação) da redenção. 

Biografia do Autor

Joana Duarte Bernardes, Universidade de Coimbra

Doutorada em História, especialidade Teoria da História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com tese intitulada "Para além da imaginação histórica: memória, morte phantasia". É Mestre em Teoria e Análise da Narrativa e licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela mesma Universidade. É membro colaborador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, integrando o projecto Correntes Artísticas e Movimentos Intelectuais, onde desenvolveu investigações quer em teoria da História, quer em estética e história da dança. É autora dos livros Escrita da História e Morte, Coimbra, Tenacitas, 2015 e Eça de Queirós: Riso, Memória, Morte, Coimbra, Imprensa da universidade de Coimbra, 2012 (2ª edição). Presentemente desenvolve a sua investigação no Centro de História da Sociedade e da Cultura da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, na Universidade do Minho e na Universidade Federal de Porto Alegre (Brasil). Áreas de investigação: Teoria da História e Historiografia; Historiografias Portuguesa, Alemã, Francesa e Brasileira; Estudos sobre Memória e Morte; História Política e Cultural; Literatura e Cultura Europeias e Brasileira (séculos XIX-XX), Estudos sobre História da Dança.

Referências

AAVV. Nouveau Dictionnaire Historique, tome I. Lyon: Bruyset Ainé et Compe,1984.

ARENDT, Hannah. Condition de l’Homme Moderne.

CATROGA, Fernando. “Em nome de…”, in Caminhos da Cultura em Portugal. Homenagem ao Professor Doutor Norberto Cunha. Vila Nova de Famalicão: Edições Húmus, 2009.

CONDORCET. Sur l’Instruction Publique, Cinq Mémoires sur l’Instruction Publique (1791). Paris: Garnier-Flammarion, 1994.

GUSDORF, Georges. Du Néant à Dieu dans le Savoir Romantique. Paris: Payot, 1988.

GUSDORF, Georges. La Conscience Révolutionnaire. Les idéologues. Paris: Payot, 1978.

KOSELLECK, Reinhardt. Le Futur Passé: contribution à la sémantique des temps historiques, trad. de l’allemand par Jochen Hoock et Marie-Claire Hoock. Paris: Éd. de l’École des Hautes Études en Sciences Sociales, 1990.

Mémoires de Garat. Paris: 1862.

MICHELET, Jules. “Préface”, in Histoire du XIXe Siècle, Tome I, “Directoire; Origines des Bonapartes”. Paris: Flammarion, 1880.

MOSÉS, Stéphane. L’Ange de l’Histoire: Rosenzweig, Benjamin, Scholem. Paris: Seuil, 1992.

Œuvres Complètes de Saint Just, “Second Discours concernant le jugement du Louis XVI du 20 septembre 1792 au 30 mai 1793”. Paris: Charpentier et Fasquell, 1908.

QUINET, Edgar. La Révolution. Paris: La Librairie Internationale, 1869.

ROBESPIERRE “Opinion de Maximilien Robespierre, député, du département de Paris, sur le jugement de Louis XVI; imprimé par ordre de la Convention nationale (3 décembre 1792)” - https://archive.org/details/discoursparmaxim29887gut (visto a 20-107-2017).

ROBESPIERRE, “Rapport fait à la Convention nationale au nom du Comité de Salut public par le citoyen Robespierre, membre de ce Comité, sur la situation politique de la République, le 27 Brumaire, l’an 2 de la République, imprimé par ordre de la Convention Nationale (27 Brumaire an II – 18 novembre 1793), in Discours par Maximilien Robespierre – 17 avril 1792 – 27 juillet 1794, https://archive.org/details/discoursparmaxim29887gut visto a visto a 20-07- 2017.

ROBESPIERRE. “Rapport fait au nom du Comité de salut public, par Maximilien Robespierre, sur les rapports des idées réligieuses et morales avec les príncipes

républicains, et sur les fêtes nationales. Séance du 18 floréal, l’an second de la

République française une et indivisible. Imprimé par ordre de la Convention

nationale (18 floréal na II – 7 mai 1794), in Discours par Maximilien Robespierre –

avril 1792 – 27 juillet 1794, https://archive.org/details/discoursparmaxim29887gut visto a 22-06-2017.

SAINT-MARTIN, Louis-Claude de, Lettres à un Ami ou Considérations Politiques, hilosophiques et Religieuses sur la Révolution Française, Paris, J. B. Louvet, l’an III (1795. SCHILLER. “Resignation”, in Gedichte von Friedrich von Schiller. Reutlingen: P. Mercier, 1806.

VOLNEY. Œuvres Complètes de C.-F. Volney, tome sixième. Paris: Bossange Frères, 1821.

Downloads

Publicado

2017-07-27

Como Citar

BERNARDES, J. D. A EXPERIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA COMO COMEÇO ABSOLUTO. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 17, n. 1, p. 312–332, 2017. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/48050. Acesso em: 22 dez. 2024.