A gênese da Geografia escolar no Brasil: autonomia, currículo e a tensão entre tradição e renovação

Resumo

Este artigo analisa o processo histórico de construção da Geografia como disciplina escolar no Brasil. A investigação abrange sua trajetória desde o período colonial até a consolidação republicana. O objetivo central é examinar os fatores políticos, sociais e educacionais que influenciaram o desenvolvimento da Geografia Escolar brasileira, demonstrando sua especificidade em relação à Geografia Acadêmica e sua importância para a formação educacional nacional. A metodologia baseia-se em revisão bibliográfica, com enfoque na evolução da disciplina geográfica e na função dos livros didáticos em sua configuração. A investigação revela que a Geografia Escolar brasileira não constitui mera simplificação de saberes universitários, mas desenvolveu-se como campo autônomo, dotado de características próprias da cultura escolar, antecedendo, cronologicamente, a consolidação da Geografia como ciência acadêmica. O estudo demonstra que os conhecimentos geográficos estiveram presentes no ensino formal brasileiro desde o período colonial, circulando implicitamente no ensino jesuítico. A análise da produção de livros didáticos revela sua importância fundamental na configuração da Geografia Escolar, com autores como Aroldo de Azevedo e Mário da Veiga Cabral estabelecendo novos padrões editoriais e metodológicos. Conclui-se que a Geografia Escolar sempre foi essencial para a formação educacional brasileira e permanece indispensável para a compreensão da realidade contemporânea, fornecendo elementos importantes para o fortalecimento de sua defesa no contexto atual de questionamentos às disciplinas das Ciências Humanas. A trajetória histórica investigada evidencia a capacidade de adaptação e renovação da Geografia Escolar diante de diferentes contextos e demandas sociais. Assim, reafirma-se a importância de sua função para a formação de cidadãos críticos e conscientes.