A questão agrária e a agricultura familiar: uma morte anunciada e não concretizada
Resumo
O relançamento desses dois livros não poderia vir em melhor hora: o mundo todo discute o problema da escassez e do aumento dos custos dos alimentos. Os autores, com abordagens diferentes, discutem os caminhos percorridos pela agricultura moderna, surgida ainda nos séculos XVIII e XIX, até os dias de hoje. Publicados inicialmente no início dos anos 1990, os dois livros são complementares e seus autores, José Eli da Veiga e Ricardo Abramovay, professores da FEA/USP, apresentam-nos argumentos históricos que mostram que o tão decantado fim da agricultura familiar não se realizou, pelo contrário: “é fundamentalmente sobre a base de unidades familiares de produção que se constitui a imensa prosperidade que marca a produção de alimentos e fibras nas nações mais desenvolvidas” (Abramovay). Eli da Veiga inicia sua argumentação apontando para a contradição: os países mais desenvolvidos, com sua economia baseada na liberalização de mercados, em se tratando de agricultura, são os mais protecionistas. Contradição também ressaltada por Abramovay, que compara o agricultor ao besouro: “O besouro só voa porque ignora as leis da aerodinâmica: da mesma forma, se conhecesse teoria econômica, o agricultor abandonaria irremediavelmente sua atividade.” Em suma, o que os dois autores querem mostrar é o caráter particularíssimo que a agropecuária assume na teoria econômica.Downloads
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