A CONJUNTURA BRASILEIRA E O MAL PAULISTA
Resumo
Em uma conversa recente, o deputado Ibsen Pinheiro, com a sagacidade de costume, reagindo à minha perplexidade diante dessa desconcertante situação de “partido único virtual” que estamos a testemunhar, observou-me algo impaciente: “Professor, para haver oposição é preciso haver ao que se opor!” Vindo de quem veio, a frase não queria apenas dizer que a ação do governo Lula é uma continuação evidente – por certo, com as inevitáveis nuances, adaptações e algum aggiornamento – das políticas do governo FHC, ambas marcadas pela prioridade concedida à abertura dos mercados, à austeridade fiscal, às reformas liberalizantes e ao esforço de implementar políticas sociais semiintegradoras e semicompensatórias. Ademais, o que sugeria Ibsen é que a frágil oposição que hoje temos não acha ao que se contrapor simplesmente porque a preservação do núcleo duro da política nacional é suficiente para fazer com que os interesses sociais essenciais do país tenham-se como servidos. O que é dizer que nem a Febraban, nem a Rede Globo, nem a Fiesp vêem motivos para dissentirem do atual governo. A pertinência dessa análise é inconteste, mas o sentimento de perplexidade persiste, porque é difícil entender como chegamos a esse ponto. É que parece demasiado abstrata a constatação de que estamos simplesmente diante de mais um caso da proverbial capacidade de cooptação das elites brasileiras tradicionais. Ou, por outra: continuam a ser tão enigmáticos quanto antes da explicação estrutural os fatores que fizeram com que o PT – com o programa de reformismo radical que por muitos anos foi o seu, com a longa jornada de lutas sociais que marcou sua história – se deixasse tão facilmente enredar nesse jogo de cartas marcadas. Tampouco é fácil compreender o que está ocorrendo com os demais partidos – PSDB e PFL, notadamente –, que, de maneira igualmente obscura, têm-se mostrado inteiramente incapazes de preservar sua histórica prerrogativa de representação dos interesses econômicos fundamentais do País. (Continua...)Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A Revista UFG utiliza a licença Creative Commons CC-BY (4.0) - Atribuição 4.0 Internacional para periódicos de acesso aberto (Open Archives Initiative - OAI) como base para a transferência de direitos.
Os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Os autores podem distribuir, remixar, adaptar e desenvolver sua obra, mesmo para fins comerciais, desde que dêem à UFG os devidos créditos pela criação original. Os autores podem copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato.
2) Os autores são autorizados e incentivados a publicar e distribuir seu trabalho online (por exemplo, em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) em qualquer momento antes ou durante o processo editorial, desde que seja feita referência ao local de origem da publicação, ou seja , endereço eletrônico/referência da Revista UFG.
3) Os autores dos trabalhos publicados na Revista UFG são expressamente responsáveis por seu conteúdo.
4) Todos os trabalhos submetidos à Revista UFG que possuam imagens, fotografias, figuras em seu corpo devem vir acompanhados de termo de cessão de direitos autorais do autor, do participante da imagem e, no caso de crianças, dos familiares das crianças expostas, com seus dados e assinatura.
Acesse o documento TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM aqui.