Histórias do FICA

Autores

  • André Trigueiro

Resumo

Toca o telefone no Rio de Janeiro, e do outro lado da linha a voz
pausada e grave do amigo Washington Novaes embala o convite de
Goiânia: “Nós gostaríamos que você viesse participar do FICA este
ano. Que tal?” Senti uma ponta de constrangimento, por não saber
rigorosamente nada sobre o FICA. Estávamos no início de 2003, e
o tal do FICA já ia para a sua quinta edição. Fora do eixo Rio–São
Paulo, longe dos holofotes da mídia no Sul Maravilha, o maior festival de
cinema e vídeo ambiental do Brasil, o quarto maior do mundo, era algo
solenemente ignorado por estas bandas. Bom, vindo do Washington,
o convite só poderia ser coisa boa, pensei. Eu estava sendo chamado
para participar de uma mesa-redonda que discutiria mídia ambiental.
De quebra, poderia acompanhar a exibição dos filmes, animações e
documentários do Festival, as oficinas, e, por último, mas não menos
importante, conhecer a cidade de Goiás, que sabia ser a terra de Cora
Coralina e da Procissão do Fogaréu. Mas jamais havia ouvido falar do
FICA.
Desembarquei no aeroporto de Goiânia com outros convidados,
seguimos de ônibus para Goiás, e quando me dei conta estava
irremediavelmente atraído pelo conjunto da obra: uma linda cidade
histórica – que mais parece cenário de filme – recebendo gente de várias
partes do Brasil e do mundo numa pajelança cósmica, um formigueiro
humano cobrindo de esperança as ruas de pedras cravadas nas margens
do Rio Vermelho. Nessa Babel cultural, Goiás se transforma na capital
mundial da rebeldia em favor da vida; da conspiração contra o atual
modelo de desenvolvimento “ecologicamente predatório, socialmente
perverso e politicamente injusto”; do uso subversivo dos recursos (Continua...)

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Publicado

28-07-2017

Como Citar

TRIGUEIRO, A. Histórias do FICA. Revista UFG, Goiânia, v. 8, n. 1, 2017. Disponível em: https://revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/48065. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê FICA