EXISTÊNCIA E RESISTÊNCIA: O AVANÇO DO AGRONEGÓCIO NOS TERRITÓRIOS TRADICIONAIS AVÁ-GUARANI NO PARANÁ - DOI: http://dx.doi.org/10.5216/rfd.v41i3.49332
DOI:
https://doi.org/10.5216/rfd.v41i3.49332Keywords:
Território, agronegócio, povos tradicionaisAbstract
Resumo: O agronegócio, em franca expansão no estado do Paraná desde a metade do século XX, prioriza a monocultura intensiva de exportação. O estado, conhecido no contexto econômico como o 'celeiro do Brasil' é o maior produtor de soja e milho do país, além da expressiva participação na avicultura e suinocultura. Desde a década de 1980, as cooperativas agroindustriais vêm ganhando força, congregando a produção de maneira organizada e competitiva. Ocorre que, aquele produtor cooperado, provavelmente o descendente de imigrantes europeus fixados no território pelo trabalho das companhias colonizadoras, adquiriu suas férteis terras em uma complexa cadeia legitimadora. Antes do trabalho das referidas companhias, a terra vermelha do oeste paranaense era ocupada por comunidades tradicionais guaranis, que desde o ciclo da erva-mate já vinham perdendo sua identidade e territorialidade. Com a ação oficializada do estado e a fixação de agricultores 'colonos' nesta região, o indígena perdeu não somente seu espaço físico e região de plantio, mas também o território extenso em que exercia sua cosmologia conforme as tradições ancestrais. Uma vez que o modo tradicional de produção do avá-guarani não se enquadra nos critérios de produtividade máxima escalonada, esta população tradicional quando não ignorada, é tratada de maneira absolutamente conflitiva, perdendo paulatinamente seu espaço para a agricultura mecanizada agroexportadora. O avá-guarani passa a ser encarado como um verdadeiro entrave ao progresso econômico, angariando antipatia da sociedade envolvente, quando na verdade a questão perpassa um sensível e complexo problema socioambiental.
Abstract: The agribusiness, which has been expanding in the Paraná state since the mid-twentieth century, prioritizes intensive export monoculture. The state, known in the economic context as the 'Brazilian Barn', is the largest soybean and corn producer in the country, in addition to the significant participation in poultry and swine farming. Since the 1980's, agro-industrial cooperatives have been gaining strength, bringing together production in an organized and competitive manner. It turns out that this producer, probably a descendant of European immigrants settled in the territory by the work of the colonizing companies, acquired its fertile lands in a complex legitimating chain. Prior to the work of these companies, the red land of western Paraná was occupied by traditional Guarani communities, which since the cycle of yerba mate had been losing their identity and territoriality. With the official action of the state and the establishment of 'settler' farmers in this region, the indigenous lost not only their physical space and planting region, but also the extensive territory in which they exercised their cosmology according to the ancestral traditions. Since the traditional mode of production of the avá-Guarani does not meet the criteria of maximum staggered productivity, this traditional population, if not ignored, is treated in an absolutely conflictive way, gradually losing its space for mechanized export agriculture. The avá-Guarani is seen as a real obstacle to economic progress, arousing dislike of the surrounding society, when in fact the question runs through a sensitive and complex socio-environmental problem.
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