Uso de modelos macroeconômicos nacionais no Brasil em perspectiva histórica e metodológica

Autores

  • Rafael Galvão de Almeida Universidade Federal de Minas Gerais
  • Geraldo Edmundo Silva Junior Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba

DOI:

https://doi.org/10.5216/reoeste.v6i1.65841

Palavras-chave:

macroeconomia, modelagem econômica, história dos modelos

Resumo

Modelos macroeconômicos evoluíram bastante desde sua introdução na década de 1930. Este artigo faz um histórico sobre a evolução destes modelos no Brasil. Eles foram introduzidos na década de 1950, como iniciativa da CEPAL, e foram se desenvolvendo, incorporando as tendências internacionais. A década de 1970 viu a introdução de modelos autóctones e estes evoluíram e se diversificaram. Modelos macroeconométricos, de equilíbrio geral, programação dinâmica, entre outros, compartilham a paisagem econômica. O artigo entende que os modelos econômicos estão em um processo constante de mudança, a exemplo da controvérsia da crítica de Lucas e o fim dos supermodelos macroeconométricos. Esse processo de mudança acaba levando a uma discussão sobre os limites dos modelos, de forma que a crise de 2007-8 expôs alguns problemas de uso dos modelos, como a capacidade de lidar com os dados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACOCCELLA, N. The rise and of economic policy as an autonomous discipline: a critical survey. Journal of Economic Surveys, v. 31, n. 3, p. 661-677, 2017.
ACOCCELLA, N.; DI BARTOLOMEO, G.; HUGHES HALLETT, A. Macroeconomic paradigms and economic policy: from the Great Depression to the Great Recession. Cambridge University Press, 2016.
ALMEIDA, R. G. O debate Keynes-Tinbergen: relato histórico de uma controvérsia sobre a origem da econometria. In: FERRARI FILHO, F.; BITTES TERRA, F. H. (Org.). Keynes: ensaios sobre os 80 anos da Teoria Geral. Porto Alegre: Tomo Editorial, p. 71-96, 2016.
ALMEIDA, I. C. S.; ALMEIDA, R. G.; CARVALHO, L. R. Academic rankings and pluralism: The case of Brazil and the new version of Qualis. EconomiA, v. 19, n. 3, p. 293-313, 2018.
ASSIS, M. Estrutura e o mecanismo de transmissão de um modelo macroeconométrico para o Brasil (MEB). Revista Brasileira de Economia, n. 37, p. 483-512, 1983.
AZARIADIS, C.; KAAS, L. Is dynamic general equilibrium a theory of everything? Economic Theory, v. 32, n. 1, p. 13-41, 2007.
BARBOSA, S. Como, e por que, a ciência de dados é aplicada no dia a dia de um grande banco. NaPrática.org. 3 Mai. 2019. Disponível em <https://www.napratica.org.br/aplicacao-ciencia-de-dados-nos-bancos/>. Acesso: 5 Set. 2019.
BELTRAN-DEL-RIO, A. Macroeconometric model-building of Latin American countries, 1965-1985. In: BODKIN, R., KLEIN, L., MARWAH, K. (Eds.), A History of macroeconometric model-building. Aldershot: Edward Elgar, 1991, 395-448.
BERNANKE, B. The Great Moderation: Remarks before the Eastern Economic Association, Washington-DC. 2004. Disponível em <http://www.federalreserve.gov/BOARDDOCS/speechES/2004/20040220/default.htm>. Acesso: 20 Fev. 2015)
BIELSCHOWSKY, R. Pensamento econômico brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo, 5ª ed., Rio de Janeiro: Contraponto, 2004.
BOGDANSKI, J., TOMBINI, A., WERLANG, S. Implementing Inflation Targeting in Brazil. Brasília: Banco Central do Brasil – Working Paper Series, n. 1, 2000.
BOIANOVSKY, M. The Brazilian connection in Milton Friedman's 1967 Presidential Address and 1976 Nobel Lecture. History of Political Economy, v. 52, 2020. No prelo.
BORGES, R.; LOPES, T. C. Breve histórico das tabelas de insumo-produto no Brasil. Revista de Economia Política e História Econômica, n. 33, p. 211-232, 2015.
BOX, G. E. P.; JENKINS, G. M. Time series analysis, forecasting, and control. 2nd edition. San Francisco: Holden Day, 1976.
BOUMANS, M. How economists model the world into numbers. London: Routledge, 2005.
BRONFENBRENNER, M. Statistical tests of rival monetary rules. Journal of Political Economy, v. 69, n. 1, p. 1-14, 1961.
BOUMANS, M. Econometrics: the Keynes-Tinbergen controversy. In: DIMAND, R.; HAGELMANN, H. (eds.). The Elgar companion to John Maynard Keynes. Cheltenham: Edward Elgar, p. 283-289, 2019.
CARVALHEIRO, N. A política monetária no Brasil pós-Real. Pesquisa & Debate, 13, n. 1, p. 5-29, 2002.
CAVALCANTE, R.; ARGOLLO, M. Cenários macroeconômicos: projeção de longo prazo usando o Modelo do BNDES. Salvador: Desenbahia-Agência de Fomento do Estado da Bahia, Artigo Técnico nº 02/2000, 2000.
CASTRO, M. R. et al. SAMBA: Stochastic Analytical Model with a Bayesian Approach. Brasília: Banco Central do Brasil. Working Paper Series, n. 239, 2011.
CHORAFAS, D. N. The changing role of Central Banks. New York: Palgrave, 2013.
COMMITTEE ON SCIENCE AND TECHNOLOGY. Building a Science of World Economics for the Real World. Committee on Science and Technology – House of Representatives – One Hundred Eleventh Congress, Second Session, July, 20th, 2010 Serial No. 111-1006, 2010.
CONTADOR, C. Um modelo macroeconométrico com choques de oferta. Revista Brasileira de Economia, v. 38, n. 3, 229-252, 1984.
CONTADOR, C. A montagem de cenários com modelos macroeconômicos. Revista Brasileira de Economia, v. 41, n. 4 435-450, 1987.
DOWNS, A. An economic theory of democracy. New York: Harper, 1957.
DUARTE, P. G. A contribuição da econometria para o debate macroeconômico. In: DUARTE, P. G.; SILBER, S. D.; GUILHOTO, J. J. M. (Orgs.). O Brasil e a ciência econômica em debate: o estado da arte em economia. São Paulo: Saraiva, 2011.
v. 2, p. 229-251.
ELLIOT, D. A. 1985. The St. Louis Fed’s monetary model: when it came, how it thrived, 1970-1983. New York: Garland Pub, 1985.
EPSTEIN, R. J. A history of econometrics. New York: Elsevier Science, 1987.
FERREIRA, E. Programação monetária, financeira e de renda a curto prazo no Brasil: introdução geral. Revista Brasileira de Economia, v. 27, n. 2, p. 3-7, 1973.
FRIEDMAN, M. The methodology of positive economics. In FRIEDMAN, M. Essays in positive economics. Chicago: University of Chicago Press, p. 3-43, 1966.
FRIEDMAN, M.; W. HELLER. Monetary vs. Fiscal Policy. New York: W. W. Norton, 1969.
FULLERTON, T. M., Jr.; ARAKI, E. New directions in Latin American macroeconometrics. Economic and Business Review, v. 38, p. 49-73, 1996.
GIBBARD, A.; VARIAN, H. R. 1978. Economic models. The Journal of Philosophy, v. 75, n. 11, p. 664-677, 1978.
HAFFNER, J. A CEPAL e a industrialização do Brasil (1950-1961). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.
HANEY, L. History of economic thought. 3rd ed. New York: Macmillian, 1936 [1911].
ICHIMURA, S.; KINOSHITA, S.; YAMADA, M. Klein’s last quarterly econometric model of the United States. Singapore: World Scientific, 2018.
JOLINK, A. Jan Tinbergen’s statistical contribution to economic policy. Statistica Neerlandica, v. 63, n. 4, p. 385-399, 2009.
KANCZUK, Fabio. Brazil through the eyes of CHORINHO. Brazilian Review of Econometrics, v. 35, n. 2, p. 171-195, 2015.
KEYNES, J. Professor Tinbergen’s method. The Economic Journal, v. 49, 558-568, 1939.
KLEIN, L. The use of econometric models as a guide to economic policy. Econometrica, v. 15, n. 2, 108-131, 1947a.
KLEIN, L. Economic fluctuations in the United States, 1921-1941. New York: John Wiley & Sons, 1947b.
KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010.
KYDLAND, F.; PRESCOTT, E. Rules rather than discretion: the inconsistency of optimal plans. Journal of Political Economy, v. 85, n. 3, p. 473-492, 1977.
LANGE, O. Introdução à econometria. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1963.
LEÃO, A.; SILVA, C.; GIETAS, E.; NOBREGA, J. Matriz de insumo-produto do Brasil. Revista Brasileira de Economia, v. 27, n. 3, p. 3-10, 1973.
LIMA, E.; CÉSPEDES, B. O desempenho do mercado (FOCUS) e do BACEN na previsão a inflação: comparações com modelos lineares univariados. Boletim de Conjuntura – IPEA, n. 60, p. 75-83, 2003.
LIMA, E.; ALVES, P., O desempenho do mercado (FOCUS) na previsão da inflação: novos resultados? Rio de Janeiro: IPEA, Texto para a Discussão, nº 1621, 2011.
LIMA, E.; ARAÚJO, F.; COSTA E SILVA, J. Previsão de modelos macroeconômicos no Banco Central do Brasil. In: BANCO CENTRAL DO BRASIL (Org.). Dez anos de metas para a inflação no Brasil: 1999-2009, Brasília: Banco Central do Brasil, 2011, p. 352-400.
LINDÉ, J. DSGE models: still useful in policy analysis? Oxford Review of Economic Policy, v. 34, n. 1-2, p. 269-286, 2018.
LOUREIRO, M.; LIMA, G. A internacionalização da ciência econômica no Brasil. Revista de Economia Política, v. 14, n. 3, p. 31-50, 1994.
LUCAS, R. Econometric policy evaluation: a critique. In: K. BRUNNER, K.; MELTZER, A. (Eds.). The Phillips curve and labor markets. New York: Elsevier, 1976, p. 19–46.
LUCAS, R. Macroeconomic priorities. American Economic Review, v. 93, n. 1-14, 2003.
MAGNUS, J. R.; MORGAN, M. S. The ET interview: Professor J. Tinbergen.
Econometric Theory, v. 3, p. 117-142, 1987.
MCAFEE, A.; BRYNJOLFSSON, E. Big data: the management revolution. Harvard Business Review, v. 90, n. 10, p. 60-68, 2012.
MENDONÇA, M.; MEDRANO, L.; SACHSIDA, A. Efeitos da política monetária na economia brasileira: resultados de um procedimento de identificação agnóstica. Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 40, n. 3, p. 367-394, 2010.
MEURER, R.; SAMOHYL, R. Realidade e modelos: mudanças nos modelos econométricos aplicados à economia brasileira. Textos de Economia, v.7, n. 1, 87-102.
MONTEIRO, J. Resenha bibliográfica: Brazilian economic policy: an optimal control theory analysis. Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 5, n. 2, p. 603-610, 1975.
MOREIRA, A.; A. FIORÊNCIO; LOPES, H. Um modelo de previsão do PIB, inflação e meios de pagamento. Texto para Discussão n. 446. Rio de Janeiro: IPEA, 1996.
MOREIRA, A.; SOCHAZEWSKI, A.; CARNEIRO NETTO, D.; ABREU, M. P., Variante IV do modelo macroeconométrico da economia brasileira. Texto para Discussão Interna. Rio de Janeiro: IPEA, 1983.
MORGAN, M. The history of econometric ideas. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
MULLAINATHAN, S.; SPIESS, J. Machine learning: an applied econometric approach. Journal of Economic Perspectives, v. 31, n. 2, p. 87-106, 2017.
NAKAGAWA, F. BC se baseia em ‘modelo estocástico bayesiano’, o Samba. O Estado de São Paulo, São Paulo, 11 set. 2011. Disponível em <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,bc-se-baseia-em-modelo-estocastico-bayesiano-o-samba-imp-,771005>. Acesso em: 24 out. 2014.
NAYLOR, T. H.; et. al. Um modelo de simulação da economia do Brasil. Revista Brasileira de Economia, v. 25, p. 39-63, 1971.
NELSON, C. R. The prediction performance of the FRB-MIT-PENN model of the U.S. Economy. American Economic Review, v. 62, n. 5, p. 902-917, 1972.
QIN, D. A history of econometrics: the reformation from the 1970s. Oxford: Oxford University Press, 2013.
QUEIROZ, C. A política monetária num contexto de indexação: o caso brasileiro, Tese de Doutorado, Escola de Pós-Graduação em Economia – EPGE. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1978.
PAULA, L. N. Síntese da evolução do pensamento econômico no Brasil. Rio de Janeiro: SEPT, 1942.
PESARAN, H.; SMITH, R. Keynes on econometrics, In: LAWSON, T.; PESARAN, H. Keynes’ economics: methodological issues. London: Croom Helm, 1985, p. 101-114.
PINTO, H. The role of econometrics in economic science: an essay about the monopolization of economic methodology by econometric methods. The Journal of Socio-Economics, v. 40, p. 436-443, 2011.
RANCAN, A. Empirical macroeconomics in a policy context: The Fed-MIT-Penn Model versus the St. Louis Model, 1965–75. History of Political Economy, v. 51, n. 3, p. 449-470, 2019.
REIS, E., et al. Model for projections and simulations of the Brazilian economy. Texto para Discussão nº 619. Rio de Janeiro: IPEA, 1999.
ROMER, P. Mathiness in the theory of economic growth. American Economic Review, v. 105, n. 5, p. 89-93, 2015.
SARGENT, T. J.; WALLACE, N. “Rational” expectations, the optimal monetary instrument, and the optimal money supply rule. Journal of Political Economy, v. 83, n. 2, p. 241-254, 1975.
SHUBIK, M.; KERSTENETZKY, I.; NAYLOR, T. Modelos, simulações e jogos. Revista Brasileira de Economia, v. 25, n. 1, p. 9-37, 1970.
SIMONSEN, M. Rational expectations, income policies and game theory. Revista de Econometria, v. 6, n. 2, p. 7-46, 1986
SIMONSEN, M. Macroeconomia e teoria dos jogos. Revista Brasileira de Economia, v. 43, n. 3, p. 315-371, 1989
SIMONSEN, M.; CYSNE, R. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Editora Ao Livro Técnico, 1989
SIMS, C. A. Scientific standard in econometric modeling. In: HAZEWINKEL, M.; KAN, A. H. G. H. (Eds.). Current Developments in the Interface Economics, Econometrics, Mathematics. Dordrecht: Springer, 1982, p. 317-337.
SOUZA, J. MONTEIRO, J. Models of the Brazilian economy. In: RUGGLES, N. (ed.), The role of the computer in economic and social research in Latin America. S.L.: NBER, 1975, p. 139-150.
STRACHMAN, E. Metas de inflação no Brasil (1999-2012): uma análise institucional. Ensaios FEE, v. 34, n. 2, p. 407-438, 2013.
TAYLOR, C., 2010, Uma era secular, Trad. de Nélio Schneider e Luiza Araújo. São Leopoldo: Ed. UNISINOS.
TINBERGEN, J. Statistical testing of business-cycle theories: a method and its application to investment activity. Geneva: League of Nations, 1939.
TINBERGEN, J. On the theory of economic policy. 2nd ed. Amsterdam: North Holland, 1955.
TINBERGEN, J. An economic policy for 1936. 1936. In: KLAASEN, L. et al. (Eds.). Jan Tinbergen: Selected Papers, Amsterdam: North Holland, 1959, p. 36-84.
TINTNER, G.; CONSIGLIERE, I.; CARNEIRO, J. Um modelo econométrico aplicado à economia brasileira. Revista Brasileira de Economia, v. 24, n. 1, p. 5-17, 1970.
VARIAN, H. Big data: new tricks for econometrics. Journal of Economic Perspectives, v. 28, n. 2, p. 3-28, 2014.
VEREDA, L.; CAVALCANTI, M. A. F. H. Modelo dinâmico estocástico de equilíbrio geral para a economia brasileira: versão 1. Texto para Discussão nº 1479. Brasília: IPEA, 2010.
WEINTRAUB, E. How economics became a mathematical science. Durham: Duke University Press, 2002.
WELFE, W. Macroeconometric models. Heidelberg: Springer, 2013.

Downloads

Publicado

2020-09-25

Como Citar

GALVÃO DE ALMEIDA, R.; SILVA JUNIOR, G. E. Uso de modelos macroeconômicos nacionais no Brasil em perspectiva histórica e metodológica. Revista de Economia do Centro-Oeste, Goiânia, v. 6, n. 1, p. 2–27, 2020. DOI: 10.5216/reoeste.v6i1.65841. Disponível em: https://revistas.ufg.br/reoeste/article/view/65841. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos