“Isolamento voluntário” e protagonismo do povo Javaé, da Ilha do Bananal, atual estado do Tocantins-Brasil (1896-1923)
Mots-clés :
Protagonismo Javaé, interculturalidade crítica, autodesignaçãoRésumé
Pretende-se analisar, nos relatos de viagem de missionários protestantes, em viagem pelo Vale do Araguaia, no limiar dos séculos XIX e XX, a prevalência de noções sobre o povo Javaé como um subgrupo Karajá e, a partir dessas análises, (1) visibilizar o protagonismo Javaé nas inúmeras estratégias utilizadas para manter os invasores longe de suas aldeias, primando pelo “isolamento voluntário” e (2) o reverberar deste protagonismo na atualidade, por meio de práticas reivindicatórias dos representantes Javaé, com vistas ao reconhecimento da autodeterminação não derivada. Sob o aporte teórico-metodológico das categorias do coletivo de pesquisadores da Modernidade / Colonialidade / Decolonialidade, analisa-se os relatos de viagem escritos pelos missionários - amparados por fontes históricas diversas e bibliografia especializada - sem pretender uma análise linear da trajetória histórica Javaé, entre 1896 e 1923, subsidiada por eventos anteriores e posteriores. Percebe-se que o povo Javaé vem exercendo uma mobilização acadêmica e política de contestação à atribuição imposta.
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