Além do nacionalismo

uma visão liberal sobre a fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina na primeira metade do século XX

Autores/as

Palabras clave:

história da palavra impressa, memória, fronteira

Resumen

O artigo discute um livreto publicado em princípios da década de 1930, intitulado Foz do Iguassú: estado do Paraná (MATTE, 1931). Trata-se de um material publicitário, voltado a empresários do ramo madeireiro e de colonização de terras, que as compravam para extrair a madeira de lei e, após, revender os lotes rurais a pequenos e médios produtores rurais. Em específico, o texto analisa como a fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina é tratada nesse material publicitário. Entende-se que a narrativa nele contida é reveladora de certa visão empresarial sobre a zona fronteiriça. Também se compreende que o livreto institui uma memória sobre a fronteira destoante da maioria das versões circulantes sobre tal espaço, que denunciam uma pretensa “invasão estrangeira” e uma situação de bárbarie promovida pelas obragens, grandes explorações de madeira e de erva-mate nativas, acusadas de fazerem uso de trabalho em condições análogas à escravização e de violência desmedida nas relações cotidianas. O material em análise revela uma perspectiva liberal, em que a fronteira é entendida como espaço de interação comercial, sem preocupações com um debate mais profundo sobre soberania nacional.

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Biografía del autor/a

Jiani Fernando Langaro, Universidade Federal de Goiás

Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor na Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás.

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Publicado

2024-08-08

Cómo citar

LANGARO, J. F. Além do nacionalismo: uma visão liberal sobre a fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina na primeira metade do século XX. História Revista, Goiânia, v. 28, n. 3, p. 95–111, 2024. Disponível em: https://revistas.ufg.br/historia/article/view/77161. Acesso em: 23 nov. 2024.