Brasil e Portugal na Guerra Fria global
Conexões repressivas de extrema-direita na Liga Mundial Anticomunista (WACL), 1966-1976
Palavras-chave:
Liga Mundial Anticomunista, Brasil, PortugalResumo
O artigo sumaria histórico da Liga Mundial Anticomunista (WACL), destacando as presenças brasileira e portuguesa no primeiro ciclo asiático de conferências daquela que foi na Guerra Fria a “Internacional” das ultradireitas exterministas. Pontua-se a meteórica ascensão da filial brasileira da WACL nas estruturas de poder da Liga, mostrando como extremistas brasileiros alcançaram a presidência dessa “Internacional Anticomunista” no binômio 1975-1976. Resgatam-se preocupações políticas e atuação secreta da WACL, sob as presidências norte-americana e brasileira, em relação à Revolução dos Cravos de 1974 em Portugal e o subsequente fim do estadonovismo. Salientam-se a tentativa fracassa de conexão com a CIA, via WACL, tentada pela Sociedade Brasileira de Defesa da Família, Tradição e Propriedade (TFP) e o papel do braço brasileiro wacliano, a Sociedade de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais (SEPES), que defendeu a imagem do Chile de Pinochet no exterior. Traz à tona acusação feita à época em manchete do Diário de Lisboa circulada nos canais diplomático-militares da ditadura brasileira (1964-1985) na qual a WACL é acusada, ao lado do Exército de Libertação de Portugal (ELP), de associar-se ao atentado terrorista de 1976 contra a Embaixada de Cuba em Portugal. Busca-se contribuir com a historiografia do internacionalismo anticomunista da Guerra Fria, explicitando as presenças lusitana e brasileira no projeto político-ideológico de internacionalização das extremas-direitas corporificado na WACL. Além da literatura especializada, compulsaram-se jornais de época, fontes primárias dos arquivos da CIA e do Serviço Nacional de Informações (SNI) dos militares brasileiros.
Downloads
Referências
CORDEIRO, Janaina Martins. “A nação que se salvou a si mesma”. Entre memória e história, a Campanha da Mulher pela Democracia. Dissertação (mestrado), Universidade Federal Fluminense (UFF), Departamento de História, 2008.
DOS SANTOS, Márcia Guena. Arquivo do Horror: documentos secretos da ditadura do Paraguai (1960-1980). São Paulo: Fundação Memorial da América Latina, 1996.
______. Operação Condor: uma conexão entre as polícias políticas do Cone Sul da América Latina, em particular Brasil e Paraguai, durante a década de 70. Dissertação (mestrado), Universidade de São Paulo (USP), Programa de Pós-Graduação Integração da América Latina (PROLAM), 1998.
KAYSEL, André. Deus, Pátria, Família e Propriedade: discurso e ideologia da Liga Mundial Anticomunista (WACL) e da Confedração Anticomunista Latino-americana (CAL) (1975-1979). In: REZENDE, Viviane de Melo (org.). Estudos do Discurso: relevância social, interseccionalidade e interdisciplinaridade. Campinas: Pontes Editores, 2022.
MACHADO, Rodolfo Costa. Por dentro da Liga Mundial Anticomunsita – gênese e gestão da WACL: filonazistas, contrarrevolução asiática e o protótipo latino-americano da Operação Condor (1943-1976). Tese (doutorado), Pontifícia Univerdade Católica de São Paulo (PUC-SP), Programa de Estudos Pós-Graduados em História, 2022.
RIBEIRO, Marcos Vinicius. A história da Confederação Anticomunista Latino-americana durante as ditaduras de Segurança Nacional (1972-1979). Tese (doutorado), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campos de Marechal Cândido Rondo, Programa de Pós-Gradução em História, 2018.
SIMON, Roberto. O Brasil contra a democracia: a ditadura, o golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Declaração de Direito Autoral
Concedo a História Revista o direito de primeira publicação da versão revisada do meu artigo, licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista).
Afirmo ainda que meu artigo não está sendo submetido a outra publicação e não foi publicado na íntegra em outro periódico e assumo total responsabilidade por sua originalidade, podendo incidir sobre mim eventuais encargos decorrentes de reivindicação, por parte de terceiros, em relação à autoria do mesmo.