Longas viagens:

canoas e intercâmbios nas Guianas

Autores

  • Lucia Hussak van Velthem Museu Paraense Emilio Goeldi – MCTIC, Belém, Pará, Brasil

Palavras-chave:

Amazônia. Planalto das Guianas. Índios Wayana. Cultura material. Canoas. Remos.

Resumo

A preocupação central do artigo é etnográfica e sob estaperspectiva enfoca canoas e remos, como são produzidos, utilizados e reciclados pelos Wayana, um povo indígena de língua karib do norte do estado do Pará. Na vida cotidiana, o papel desses implementos é estratégico na produção alimentar – agricultura, pesca, caça - assim como no estabelecimento de relações sociais e de intercâmbios. As canoas e remos dos Wayana representam bensmateriais advindos do contato, estabelecido no passado com povos afrodescendentes da Guiana Francesa e Suriname e assim patenteiam uma continuidade histórica, mas se submetem, no presente, a processos criativos de elaboração formal e conceitual, e a uma incorporação cultural de um ponto de vista estético e valorativo.

Referências

AHLBRINK, W. Encyclopaedie der Karaïben. Amsterdam : 1931. Traduit du Néerlandais par Doude van Herwijnen, Paris,1956.

ARNOLD, B.. Les canoës en écorce d ?Amérique du Sud: de l ?Amazonie à la Terre du Feu. Le Lochem Editions G D ?Ancre, 2017.

BARBOSA, G. C. Formas de intercâmbio, circulação de bens e a (re) produção das redes de relações Aparai e Wayana. Dissertação (Mestrado), PPGAS/FFLCH/USP, São Paulo 2002.

BARBOSA, G. C. Das trocas de bens. In: Gallois (org.). Redes de relações nas Guianas. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, FAPESP, 59-111, 2005.

BARBOSA, G. C. Os Aparai e Wayana e suas redes de intercâmbio. Tese (Doutorado), PPGAS/USP, São Paulo, 2007.

BARTHELEMY, K. Den taki foe a tembe. Les paroles du tembe. Cayenne : Éditions Roger Le Guen, 2009.

BONNOT, Th. La vie des objets d’ustensiles banals à objets de collection. Paris: Editions de la Maison des sciences de l’homme, 2002.

CAMARGO, E., Recettes de bière des Wayana (Guyane française, Suriname, Brésil). Erikson, Ph. (org) La pirogue ivre. Bières traditionnelles en Amazonie. Musée de la Bière, 2004. p.134 –37.

COLLOMB, G. (ed.). Les indiens de la Sinnamary. Journal du père de la Mousse en Guyane (1684-1691) Paris: Éditions Chandaigne, 2006.

COUDREAU, H. Chez nos indiens: quatre annèes dans la Guyane Française (1887-1891). Paris: Hachette, 1893.

CREVAUX, J. Le mendiant de l ?Eldorado. De Cayenne aux Andes 1876-1879.Paris: Éditions Phébus, 1987.

FARAGE, N. As muralhas dos sertões: os povos indígenas no Rio Branco e a colonização. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1991.

FRIKEL, P. Os Tiriyó: seu sistema adaptativo. Hannover: Komission Verlag Münsterman Duck, 1973.

FRANÇOIS, S. Pirogues de Guyane. Inventaire general du patrimoine culturel. Région Guyane. Matoury: Ibis Rouge, 2015.

GALLOIS, D. Migração, guerra e comércio: os Waiãpi na Guiana. São Paulo:FFLCH/USP (Antropologia 15),1986.

GALLOIS, D. (org). Redes de relações nas Guianas. São Paulo: Associação Editorial Humanitas/FAPESP, 2005.

GOEJE, C. H. de. Beiträge zur Volkerkunde von Surinam. Internationales Archiv für Etnographie, Leiden, 1910, p. 1-34.

GORDON, C. O valor da beleza: reflexões sobre uma economia estética entre os Xikrin (mebengokre-kayapó). Brasília: UnB, (Série Antropologia, v. 424), 2009.

GOW, P. The Piro canoe. A preliminary ethnographic account. Journal de la Societé des Americanistes, 98, n.1 p. 39-61, 2012.

GRÉBERT, R. Les Roucouyennes. Regard sur les Amérindiens de la Guy- ane Française e du territoire de l ?Inini en 1930. Cahors: Ibis Rouge Editions, 2001. p. 18-109.

GRENAND, F.; GRENAND, P. Les Amérindiens de Guyane Française aujourd ?hui: eléments de compréhension. Journal de la Societé des Americanistes, 66, p. 361-382. 1979.

HURAULT, J. M. La vie matérielle des noirs réfugiés Boni et des indiens Wayana du Haut-Maroni (Guyane Française). Paris: ORSTOM, 1965.

HURAULT, J. M. Les indiens Wayana de la Guyane Française : structure sociale et coutume familiale. Paris: ORSTOM, n. 3 1968.

HURAULT, J.M. Français et indiens em Guyane 1604-1972. Paris: Union Génerale de Editions, 1972.

HURAULT, J. M., GRENAND, F., GRENAND, P. Indiens de Guyane. Wayana et Wayampi de la forêt. Paris,: Editions Autrement/ORSTOM,1998.

INGOLD, T. Marcher avec les dragons.Zones sensibles. Paris: Points, 2013.

LAGROU, E., VELTHEM, L. H.VAN. Artes indígenas: olhares cruzados. São Paulo, BIB, n. 87, v. 3, p. 133-156, 2018.

LAPOINTE, J. Residence patterns and wayana social organization. Tese (Doutorado). Ann Arbor: Columbia University,1970.

LINKE, I. van Velthem. Kulonkom pëtuku kutïtëi/kure kynonory ko riko.“Cuidando da nossa terra”: A PNGATI, os Wayana e os Aparai. Tese (Doutorado). Belém: Universidade Federal do Pará, PPGCA, 2019.

NEWTON, D. Introdução - Cultura material e história cultural. In: Ribeiro, B. (ed.). Suma Etnológica Brasileira.Tecnologia Indígena. Petrópolis: Vozes/FINEP, 1986, p. 15-25. v. 2.

NICOLIZAS, C. De l ?arbre à la pirogue. La navigation comme fait premierde la civilization amérindienne.Thése ( Doctorat), Paris, EHESS, 2020.

NIMUENDAJU, C. Mapa Etno-histórico. Rio de Janeiro: IBGE, 1981.

POLIMÉ, T. Maroon art and textiles. Linked heritage. An exhibition from the Amazonian Museum Network. Cayenne: Musée des Cultures Guyanaises 2014.

PORRO, A. Mercadorias e rotas de comércio intertribal na Amazônia. São Paulo, Revista do Museu Paulista, v. 30, p. 7-12, 1985.

PRICE, S., PRICE, R. Afro-american arts of the Suriname rain forest. Los Angeles: University of California Press. 1980.

PRICE, R., PRICE,S. Les marrons. Cultures en Guyane. Vents d ?Ailleurs, 2003.

RIBEIRO, B. Dicionário do artesanato indígena. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,1988.

RICARDO, C. A.GALLOIS, D. (coords.). Levantamento: Povos indígenas no Brasil, Amapá/Norte do Pará. São Paulo: CEDI,1983. v. 3.

SANTOS-GRANERO, F. (org). The Occult Life of Things. Native Amazonian Theories of Materiality and Personhood. Tucson: The University of Arizona Press, 2009.

SCHOEPF, D. Historique et situation actuelle des indiens Wayana-Aparai du Brésil. Bulletin du Musée d'Ethnographie de Genève, v. 5, p. 33-64,1972.

SCHOEPF, D. La marmite wayana. Cuisine et societé d ?une tribu d ?Amazonie. Genève: Musée d'Ethnographie,1979.

SPEISER, F. Im Düster des brasilianischen Urwalds. Stuttgart: Verlag Strecker und Schröder, 1926.

STEDMAN, J. [1796.] Narrative of an expedition against the revolted negroes of Surinam in Guiana, on the wild coast of South America, from the year 1771 to 1777. Massachusetts Universit Press, 1972.

TONY, C. [1763] Voyage à l ?interieur du continent de la Guyane chez les indiens Roucoyens. Nouvelles Annales de Voyage, Paris,1843, p. 213-235.

VELTHEM, L. H. van. Os Wayana, as águas, os peixes e a pesca. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, N.S. Antropologia, 1990. p. 107-116.

VELTHEM, L. H. van. Comer verdadeiramente: produção e preparação de alimentos entre os Wayana. Porto Alegre, Horizontes Antropológicos, Ano 2, v. 4, p. 10-26, 1996.

VELTHEM, L. H. van. Feito por inimigos: os brancos e seus bens nas representações wayana do contato. In: Albert, B. e Ramos, A.R. Pacificando o branco: cosmologias do contato no norte amazônico. São Paulo: Editora

UNESP/ Imp. Oficial do Estado, 2002. p. 61-83.

VELTHEM, L.H van. O Belo é a fera. A estética da produção e da predação entre os Wayana. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia/Assirio e Alvim, 2003.

VELTHEM L.H. van. Os originais e os importados: referências sobre a apreensão wayana dos bens materiais. In: Münzel, M. (org). Indiana 27, Dossier: Identidades volitivas: antropologia sudamericana da Amazônia

Indígena, Berlin, 2010.

VELTHEM L.H. van VELTHEM L. H. van. O objeto etnográfico é irredutível? Pistas sobre novos sentidos e análises. Boletim do Museu Par. Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 7 n.1, p. 51-66, 2012.

VIDAL, L. As artes indígenas e seus múltiplos mundos. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 29, 2001. p. 10-41.

VIDAL, L., SILVA, A.L. Antropologia estética: enfoques teóricos e contribuições metodológicas. Vidal, L. (org) Grafismo Indígena. Estudos de antropologia estética. São Paulo, Studio Nobel/ FAPESP/EDUSP, 1992.

p. 279-293.

VIDAL, L. As artes indígenas e seus múltiplos mundos. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 29, 2001. p. 10-41. p 279-293.

Downloads

Publicado

2020-06-10

Como Citar

HUSSAK VAN VELTHEM, L. . Longas viagens: : canoas e intercâmbios nas Guianas . Hawò, Goiânia, v. 1, p. 1–43, 2020. Disponível em: https://revistas.ufg.br/hawo/article/view/63852. Acesso em: 28 mar. 2024.