Formação em serviço com profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial: análise de reflexões mobilizadas

Autores

  • Larissa de Almeida Rézio Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. E-mail: reziolarissa@gmail.com. https://orcid.org/0000-0003-0750-8379
  • Carla Gabriela Wünsch Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. E-mail: carla.wunsch@ufmt.br. https://orcid.org/0000-0002-1263-1120
  • Ranaia Luma Vitalino da Silva Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. E-mail: ranaiavitalinoenf@gmail.com. https://orcid.org/0009-0008-9643-9080

DOI:

https://doi.org/10.5216/ree.v26.76416

Palavras-chave:

Saúde Mental, Educação Continuada, Serviços de Saúde Mental

Resumo

Objetivo: analisar as reflexões mobilizadas com os profissionais, por meio da formação em serviço em Centro de Atenção Psicossocial. Métodos: pesquisa-intervenção pautada no referencial da Análise Institucional, que envolveu 12 profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial em uma capital da região Centro-Oeste do Brasil. Realizaram-se cinco encontros de formação em serviço, pautados na Educação Permanente em Saúde. O conteúdo da transcrição dos encontros e do diário do pesquisador passou por análise de conteúdo temático. Resultados: Emergiram duas categorias: “Resistências e dificuldades que impactam na formação em serviço e no trabalho interprofissional”; “As ressonâncias instituintes no cotidiano de trabalho e a importância do Projeto Terapêutico Singular a partir da formação”. Os movimentos de resistência, as relações hierárquicas, a centralização do cuidado no saber/poder médico e no medicamento, como principal terapêutica, são práticas instituídas. Em contrapartida, há forças instituintes em direção ao trabalho colaborativo, integrado e interprofissional, que tencionam para mudança e transformação da instituição de saúde mental em instituição de atenção psicossocial. Conclusões: Espaços coletivos de formação possibilitam o olhar para o mundo do trabalho, como campo de aprendizado e conscientização acerca das condições ocupacionais e dos movimentos instituintes de mudança de práticas mobilizados no cenário de trabalho.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Ramos DKR, Paiva IKS, Guimarães J. Pesquisa qualitativa no contexto da Reforma Psiquiátrica brasileira: vozes, lugares, saberes/fazeres. Ciênc Saúde Colet. 2019 Marc;24(3):839-52. https://doi.org/10.1590/1413-81232018243.00512017

Amarante P, Nunes MO. A reforma psiquiátrica no SUS e a luta por uma sociedade sem manicômios. Ciênc Saúde Colet. 2018 June;23(6):2067-74. https://doi.org/10.1590/1413-81232018236.07082018

Sampaio ML, Bispo Júnior JP. Rede de Atenção Psicossocial: avaliação da estrutura e do processo de articulação do cuidado em saúde mental. Cad Saude Publica. 2021 Apr 07;37(3):e00042620. https://doi.org/10.1590/0102-311X00042620

Lourau R. A Análise institucional. 3ª ed. Petrópolis: Vozes; 2014.

Querino RA, Borges RS, Almeida JCP, Pauli AJC, Oliveira JL, Souza J. Qual o elemento central na Rede de Atenção Psicossocial de um município de Minas Gerais?. Rev. eletrônica enferm. 2020 Aug 31;22:59352. https://doi.org/10.5216/ree.v22.59352

Portaria nº 3088, de 23 de dezembro de 2011 (BR) [Internet]. Instituiu a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União. 2011 Dec 23 [cited 2022 May 10]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html

Bongiovanni J, Silva RAN. Desafios da desinstitucionalização no contexto dos serviços substitutivos de saúde mental. Psicol. soc. 2019 Apr 04;31:e190259. https://doi.org/10.1590/1807-0310/2019v31190259

Nota Técnica de n.º 11/2019, de 04 de fevereiro de 2019 (BR) [Internet]. Esclarecimentos sobre as mudanças na Política Nacional de Saúde Mental e nas Diretrizes da Política Nacional sobre Drogas. 2019 Feb 04 [cited 2022 Apr 20]. Available from: http://pbpd.org.br/wp-content/uploads/2019/02/0656ad6e.pdf

Guimarães TAA, Rosa LCS. A remanicomialização do cuidado em saúde mental no Brasil no período de 2010-2019: análise de uma conjuntura antirreformista. O Social em Questão. [Internet]. 2019 May [cited 2022 May 15];21(44):111-38. Available from: https://www.redalyc.org/journal/5522/552264340005/html/

Costa MV, Freire Filho JR, Brandão C, Silva JAM. A Educação e o trabalho interprofissional alinhados ao compromisso histórico de fortalecimento e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Interface (Botucatu). 2018;22(Suppl 2):1507-10. https://doi.org/10.1590/1807-57622018.0636

Sousa PF, Maciel SC, Medeiros KT. Paradigma biomédico x psicossocial: onde são ancoradas as representações sociais acerca do sofrimento psíquico? Temas psicol. 2018 June;26(2):883-95. https://doi.org/10.9788/TP2018.2-13Pt

Rezio LA, Ceccim RB, Silva AKL, Cebalho MTO, Borges FA. A dramatização como dispositivo para a Educação Permanente em Saúde mental: uma pesquisa-intervenção. Interface (Botucatu). 2022 Mar 14;26:e210579. https://doi.org/10.1590/interface.210579

Emerich BF, Onocko-Campos R. Formação para o trabalho em Saúde Mental: reflexões a partir das concepções de Sujeito, Coletivo e Instituição. Interface (Botucatu). 2019 Feb 14;23:e170521. https://doi.org/10.1590/Interface.170521

Renault L, Ramos J. Participar da análise, analisar a participação: aspectos metodológicos de uma pesquisa-intervenção participativa em saúde mental. Saúde Soc. 2019 Oct;28(4):61-72. https://doi.org/10.1590/S0104-12902019190699

Kasper M, Fortuna CM, Braghetto GT, Marcussi TC, Feliciano AB, L’Abbate S. Institutional analysis in scientific health production: an integrative literature review. Rev. esc. enferm. USP. 2020;54:e03587. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2018046203587

Rézio LA, Fortuna CM, Borges FA. Tips for permanent education in mental health in primary care guided by the Institutional Socio-clinic. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2019;27:e3204. https://doi.org/10.1590/1518-8345.3217.3204

Portaria n° 336, de 19 de fevereiro de 2002 (BR) [Internet]. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Diário Oficial da União. 2002 Fev 19 [cited 2023 Nov 01]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html

Borges FA, Silva ARN. O diário de pesquisa como instrumento de acompanhamento da aprendizagem e de análise de implicação do estudante/pesquisador. Interface (Botucatu). 2020; 24:e190869. https://doi.org/10.1590/Interface.190869–

Dóbies DV. Em busca de agentes inquietantes para os coletivos: uma revisão conceitual articulada à Análise Institucional. Mnemosine. 2022;18(1):214-39. https://doi.org/10.12957/mnemosine.2022.66396

França T, Medeiros KR, Belisario SA, Garcia AC, Pinto ICM, Castro JL, et al. Política de Educação Permanente em Saúde no Brasil: a contribuição das Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço. Ciênc. saúde colet. 2017;22(6):1817-28. https://doi.org/10.1590/1413-81232017226.30272016

Bardin L. Análise de conteúdo. 1. ed. Lisboa: Edições 70; 2011.

Tavares CM, Mesquita LM. Sistematização da assistência de enfermagem e clínica ampliada: desafios para o ensino de saúde mental. Enferm. Foco [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 15];10(7):121-6. Available from: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/2810/560

Dóbies DV, L’abbate S. A resistência como analisador da saúde mental em Campinas (SP): contribuições da Análise Institucional. Saúde Debate. 2016 Jul;40(110):120-33. https://doi.org/10.1590/0103-1104201611009

Costa TD, Gonçalves LC, Manhães LSP, Tavares CMM, Cortez EA. Contribuindo para a educação permanente na saúde mental. Biológicas & Saúde. 2017 Marc 23;7(23). https://doi.org/10.25242/88687232017647

Jafelice GT, Silva DA, Marcolan JF. Potencialidades e desafios do trabalho multiprofissional nos Centros de Atenção Psicossocial. SMAD, Rev Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. 2022 Jan-Mar;18(1):17-25. https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2022.172106

Rezio LA, Oliveira E, Queiroz AM, Sousa AR, Zerbetto SR, Marcheti PM, et al. O Neoliberalism and precarious work in nursing in the COVID-19 pandemic: repercussions on mental health. Rev. esc. enferm. USP. 2022 Jan 14;56:e20210257. https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0257

Nunes FC, Caixeta CC, Pinho ES, Souza ACS, Barbosa MA. Group technology in psychosocial care: a dialogue between action-research and permanent health education. Texto contexto - enferm. 2019 Oct 14;28:e20180161. https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0161

Pochmann M. Tendências estruturais do mundo do trabalho no Brasil. Ciênc. saúde colet. 2019 Oct 8;25(1):89-99. https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.29562019

Morosini MVGC. Precarização do trabalho: particularidades no setor saúde brasileiro. Trab. educ. saúde. 2016 Nov;14(supl. 1):5-7. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sip00131

Cebalho MTO, Rézio LA, Silva AKL, Borges FA, Bittencourt MN, Martins FA. et al. Trabalho interprofissional em saúde mental: compreensão dos profissionais e o cotidiano de trabalho. Revista Baiana Enferm. [Internet]. 2022 Feb 23 [cited 2023 Nov 01];36:e46762. Available from: https://periodicos.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/46762

Oliveira WF. Medicalização da vida: reflexões sobre sua produção cultural. In: Amarante P, Pitta AMF, Oliveira WF, editors. Patologização e medicalização da vida: epistemologia e política. São Paulo: Zagodoni; 2018. p. 11-5.

Ogata MN, Silva JAM, Peduzzi M, Costa MV, Fortuna CM, Feliciano AB. Interfaces entre a educação permanente e a educação interprofissional em saúde. Rev Esc Enferm USP. 2021 June;55:e03733. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2020018903733

Moreira CP, Torrenté MON, Jucá VJS. Análise do processo de acolhimento em um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil: considerações de uma investigação etnográfica. Interface (Botucatu). 2018 Oct;22(67):1123-34. https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0500

Duarte LPA, Moreira DJ, Duarte EB, Feitosa ANC, Oliveira AM. Contribuição da escuta qualificada para a integralidade na atenção primária. Rev. Gest. Saúde [Internet]. 2018 Marc 18 [cited 2022 Dec 12];8(3):414–29. Available from: https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/10312

Leite LS, Rocha KB. Educação Permanente em Saúde: Como e em que espaços se realiza na perspectiva dos profissionais de saúde de Porto Alegre. Estud. psicol. (Natal) 2017 June;22(2):203-13. https://doi.org/10.22491/1678-4669.20170021

Publicado

05/06/2024

Edição

Seção

Artigo Original