O (des)cuidado de si do profissional de enfermagem
Palavras-chave:
Descuidado de si, Cuidado, Enfermagem.Resumo
Este é um estudo exploratório descritivo de abordagem qualitativa que objetivou compreender o significado do (des)cuidado de si dos profissionais de enfermagem. Os sujeitos selecionados são auxiliares e técnicos de enfermagem e enfermeiros atuantes em rede pública e particular de saúde. Os dados foram coletados por meio de entrevista estruturada para a caracterização dos sujeitos e entrevista semi-estruturada para conhecer os posicionamentos individuais sobre o tema em questão. O registro dos dados foi audiogravado, sendo os mesmos, posteriormente, transcritos, conferidos e submetidos à análise. Assim, o trabalho foi dividido em categorias e subcategorias que se configuraram em capítulos. Num primeiro momento analiso o significado do cuidado do outro, e procuro demonstrar, nas atitudes do profissional, o cuidado verbal e não-verbal imbuído de empatia, a sensibilidade com a dor do outro e, ainda, o envolvimento com o cliente como atitude terapêutica. Num momento posterior, busco trazer o significado do (des)cuidado de si, que compreende os aspectos sócio-educativo-cultural, atenção e convivência com a família e amigos, valorização da interioridade do eu. A atenção aos aspectos físicos e estéticos foi mencionada como cuidado de si e, o inverso, foi lembrado como descuidado. O fator tempo foi ressaltado como um grande problema ao descuido de si, a alimentação não contempla o equilíbrio e a atenção que merece, o profissional faz uso constante da automedicação e o trabalho influencia para o não cuidado de si. Na seqüência, trato do (des)cuidado de si enquanto cuida do outro que confirma a negligência do profissional de enfermagem ao cuidado de si enquanto cuida do outro. E, na última parte deste trabalho, procuro discorrer sobre a enfermagem e suas relações na construção do profissional ressaltando a conjugação e a interdependência do trabalho em enfermagem e a vida pessoal dos sujeitos. Nesta relação enfatizo a realização de dupla jornada de trabalho para garantir melhores salários, longas jornadas de trabalhos, às vezes, insalubres, a convivência com superiores que apresentam formas de poder inquestionável, o déficit de comunicação com a equipe multiprofissional, mantenedora de um relacionamento interpessoal gerador de insatisfação e competição, propugnando a necessidade de se ressignificar tais relações na medida em que entendo que o cuidado de si destes profissionais é, decididamente, condição imprescindível ao cuidado do outro.
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