Comunicação organizacional e empregados
entre a participação manipulatória e a humanização
DOI:
https://doi.org/10.5216/ci.v24.62552Resumo
Sob a perspectiva do trabalho pós-fordista (HOLZMANN, 2011; ANTUNES, 2009), neste artigo temos como objetivo refletir sobre a comunicação entre organização e empregados, no que tange aos processos referidos como “participativos” e/ou “colaborativos”, com base em autores de comunicação organizacional (CURVELLO, 2010; BALDISSERA, 2014b; 2008), sociologia (HOLZMANN; 2011; ANTUNES, 2018; 2009) e psicologia (DEJOURS, 2005). Também fundamentam este texto reflexões sobre vigilância das organizações ao trabalhador (BALDISSERA, 2000; 2014a), além de resultados de pesquisas que abrangem comunicação organizacional e gestão do trabalho (SILVA, 2016) e noções de diálogo na comunicação organizacional (OLIVEIRA, 2017). Analisamos algumas iniciativas organizacionais que demandam a atuação dos trabalhadores nos processos de comunicação, questionamos visões tecnicistas e econômicas (DE MASI, 1999; MCLAGAN; NEL, 2000) acerca dessa participação, bem como articulamos essas demandas com as principais transformações dos sistemas produtivos na atualidade. Identificamos duas distintas perspectivas de participação do trabalhador nos processos de comunicação: 1) como estratégia organizacional para maquiar o controle e a vigilância (BALDISSERA, 2014a); e 2) como potência para contribuir na efetivação de organizações mais humanizadas.
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