Narrativas em disputa:
a proibição da discussão de gênero na educação
DOI:
https://doi.org/10.5216/ci.v22i0.54452Resumo
A discussão sobre as questões de gênero tem atraído atenção de diversos segmentos da sociedade, alcançado visibilidade na mídia e nas redes sociais, além de ser alvo de disputas ideológicas e políticas na esfera pública. No Brasil, desde 2015, no campo da educação, observa-se um acirramento dessas disputas em razão da aprovação do Plano Nacional de Educação, que devido à pressão de setores conservadores do Congresso Nacional, retirou a palavra "gênero" do documento final. Essa supressão teve repercussão nos estados e municípios e representou um retrocesso na luta pelo combate à misoginia, sexismo, homofobia, transfobia e outras discriminações. Entendendo a mídia como um mecanismo complexo de representação social, utilizando a metodologia da Análise Crítica da Narrativa Jornalística, a pesquisa buscou compreender como foram construídas as narrativas jornalísticas em jornais on-line do Tocantins, sobre as controvérsias e disputas envolvendo a proibição da discussão de gênero nas escolas municipais de Palmas/TO por ocasião da publicação da Medida Provisória nº 06/2016 que alterou o Plano Municipal de Educação. No enredo construído, a partir dos acontecimentos narrados pelos veículos pesquisados, destacaram-se cinco discursos que caracterizaram a forma como as questões de gênero foram abordadas neste contexto. A reprodução discursos religiosos e equívocos no uso de termos relacionados ao tema, ficou evidente. As matérias jornalísticas, em sua grande maioria não provocaram uma efetiva discussão de questões pertinentes ao tema, revelando apenas a reprodução dos fatos e das falas dos envolvidos.
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