Reflexões éticas sobre as Tecnologias Reprodutivas
DOI:
https://doi.org/10.5216/ci.v23i.51883Palavras-chave:
Ética. Psicanálise. Tecnologia.Resumo
As Tecnologias Reprodutivas levantaram uma série de questões concernentes ao lugar social da mulher e da instituição familiar. Em uma cultura marcada por dinâmicas narcísicas e atravessada pelo que Lacan chamou de discurso capitalista – que apresenta o consumo como alternativa na busca da completude – as tecnologias reprodutivas apresenta tanto um potencial subversivo de emancipação feminina e de reestruturação da família em bases mais alteritária, como um poderoso instrumento de conformação dos corpos femininos às expectativas sociais impostas às mulheres. Nesse sentido, observa-se uma invasão da ciência não só na normalização e normatização da família, mas em sua própria formação. O presente estudo busca chamar a atenção para a complexidade do assunto, que envolve também aspectos éticos, culturais e questões de gênero. Conclui-se que as Novas Técnicas de Reprodução Humana podem vir a servir ao discurso capitalista e à cultura narcísica, mas abre espaço também para a possibilidade de um giro no sentido que se atribui culturalmente à infertilidade e à família. Nesse ponto, a ciência introduz, através de suas tecnologias, a fagulha de uma revolução no sentido que Lacan trata em seu seminário “Mais, Ainda”.
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