Telejornalismo e mito: da vitória antecipada ao fracasso dos "heróis" brasileiros na Copa do Mundo pela narrativa do Jornal Nacional
DOI:
https://doi.org/10.5216/ci.v21i1.47393Palavras-chave:
Comunicação.Midia.EsporteResumo
Este artigo tem como tema a Copa do Mundo de Futebol na televisão aberta brasileira. O presente trabalho é um recorte da pesquisa de mestrado desenvolvida na área de Jornalismo e Processos Editoriais e tem como objetivo apresentar parte dos resultados alcançados durante dois anos de estudos. Para isso, são analisadas duas reportagens veiculadas no Jornal Nacional da Rede Globo, a primeira integra a Série Seleção, exibida antes do megaevento esportivo, e a segunda constitui o corpus das matérias veiculadas sobre a equipe brasileira durante o Mundial de Futebol. Ambas apresentam Thiago Silva, capitão da Seleção, como o personagem principal. O material foi investigado a partir da Análise de Conteúdo sistematizada por Bardin (2011). Com base nas reportagens analisadas fica evidente que o Jornal Nacional produz um discurso que constrói o herói antes da Copa do Mundo a fim de vender o produto no qual está calcada uma grande cobertura midiática. Mas, quando o desempenho não é o mesmo que foi prometido nas histórias das façanhas heroicas dos atletas, a desconstrução dos personagens ganha força pelo uso do estereótipo negativo. Na fundamentação teórica deste estudo foram utilizados, entre outros, os conceitos de Campbell (2005), Eliade (1989), Jung (1977), Durand (1997), Ferrés (1998), DaMatta (2006), Wolton (2011,2006), Motta (2002, 2013) e Coutinho (2012).
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Referências
[...] o mito conta uma história sagrada, relata um acontecimento que teve lugar no tempo primordial, o tempo fabuloso dos “começos”. Noutros termos, o mito conta como, graças aos feitos dos Seres Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, quer seja a realidade total, o Cosmos, quer apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição. É sempre, portanto, a narração de uma “criação”: descreve-se como uma coisa foi produzida, como começou a existir. (ELIADE, 1989, p. 13).
O mito é um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e os arquétipos em idéias (DURAND, 1997, p. 63).
De acordo com Jung (1977, p. 90) “a origem dos mitos remonta ao primitivo contador de histórias, aos seus sonhos e às emoções que a sua imaginação provocava nos ouvintes”
Segundo DaMatta (2006, p. 163), o futebol “é uma importante agência de dramatização da sociedade brasileira”.
[...] a televisão cumpre a sua função de agente socializador através de um processo lento, mas perseverante de apresentação de concepções estereotipadas da realidade que se vão sedimentando de forma inconsciente. A exposição constante a imagens estereotipadas da realidade leva à construção de algumas representações mentais da realidade igualmente estereotipadas (FERRÉS, 1998, p. 140).
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