PERIFERIAS URBANAS, REDES LOCAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS EM FORTALEZA, CEARÁ
DOI:
https://doi.org/10.5216/bgg.v40i01.62358Resumo
Este artigo discute como se constituem os movimentos sociais, particularmente nas periferias urbanas de grandes cidades brasileiras, evidenciando características fundantes e/ou essenciais à sua continuidade. Para tanto, apresenta linhas de força ou vetores teórico-empíricos nos quais se assentam a constituição e a continuidade de movimentos populares politicamente significativos, capazes de auferir conquistas com/para os públicos com os quais trabalham, focando o caso da Rede de Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável do Grande Bom Jardim (Rede DLIS do GBJ). O Grande Bom Jardim é uma periferia da cidade de Fortaleza, marcada por violências, vulnerabilidades sociais e violações de direitos, mas também pela presença ativa e variada de movimentos populares, desde pelo menos os anos 1980. Os dados e as análises aqui apresentados foram coletados a partir de uma inserção de longo curso na área, desde 2004, articulando observação participante, com viés etnográfico marcado pela cartografia social, análise documental, questionários e entrevistas. Percebe-se que a Rede DLIS do GBJ constitui dinâmicas e práticas cotidianas capazes de afirmar tensões criativas entre tradição e inovação; a constituição do território enquanto uma invenção política, articulada ao movimento social em rede e à agenda do desenvolvimento local, integrado e sustentável; a constituição reiterada de capacidades reflexivas, interpretativas e de lida continuada com situações problemáticas experienciadas no cotidiano urbano. Entende-se que essas linhas de força ou vetores teórico-empíricos têm sido essenciais à constituição de uma atuação política significativa, inclusive em suas implicações socioespaciais, na escala do território e da cidade.