“A Céu Aberto” - Paisagens de Serra Pelada representadas na obra de Airton de Souza
Outono de Carne Estranha
DOI:
https://doi.org/10.5216/teri.v14i2.80967Palavras-chave:
Paisagem topocídica, Serra Pelada, Literatura, OutonoResumo
O romance "Outono de Carne Estranha", de Airton Souza, nos transporta para o coração do maior garimpo a céu aberto do mundo: Serra Pelada. Nos anos 1980, essa cratera gigante no Pará atraiu milhares de pessoas em busca da fortuna do ouro, transformando a região em um verdadeiro formigueiro humano. A obra de Souza, ambientada nesse contexto caótico, acompanha as vidas de Zuza e Manel, dois garimpeiros que buscam não só o ouro, mas também um refúgio da solidão e um escape da realidade cruel. A relação homoafetiva entre eles desafia os tabus de uma época marcada pela violência e pela intolerância. Além do drama pessoal dos personagens, o romance também explora a dimensão espiritual da tragédia de Serra Pelada. Zacarias, um padre em crise, questiona sua fé diante da miséria e da violência que testemunha, adicionando uma camada de complexidade à narrativa e convidando o leitor a refletir sobre o papel da religião em um espaço marcado pela desigualdade. A obra de Souza, ao retratar as paisagens desoladas de Serra Pelada, as condições precárias de trabalho e a devastação ambiental, nos convida a uma profunda reflexão sobre os impactos sociais e ambientais da busca desenfreada por riquezas. O romance, ao mesclar ficção e realidade, transforma Serra Pelada em um símbolo atemporal da ganância humana e da fragilidade da natureza ampliando nossas imaginações espaciais.
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