“A Céu Aberto” - Paisagens de Serra Pelada representadas na obra de Airton de Souza

Outono de Carne Estranha

Autores

  • Gleys Ially Ramos Universidade Federal do Tocantins, Palmas, Tocantins, Brasil, gleys.ramos@uft.edu.br https://orcid.org/0000-0001-6471-7172
  • Juliete Oliveira Fundação Escola Pública de Saúde de Palmas, Palmas, Tocantins, Brasil, juliete.oliveira@gmail.com
  • Maria Ecilene Nunes da Silva Universidade Federal do Tocantins, Palmas, Tocantins, Brasil, mariaecilene@yahoo.com.br https://orcid.org/0000-0003-3071-3098

DOI:

https://doi.org/10.5216/teri.v14i2.80967

Palavras-chave:

Paisagem topocídica, Serra Pelada, Literatura, Outono

Resumo

O romance "Outono de Carne Estranha", de Airton Souza, nos transporta para o coração do maior garimpo a céu aberto do mundo: Serra Pelada. Nos anos 1980, essa cratera gigante no Pará atraiu milhares de pessoas em busca da fortuna do ouro, transformando a região em um verdadeiro formigueiro humano. A obra de Souza, ambientada nesse contexto caótico, acompanha as vidas de Zuza e Manel, dois garimpeiros que buscam não só o ouro, mas também um refúgio da solidão e um escape da realidade cruel. A relação homoafetiva entre eles desafia os tabus de uma época marcada pela violência e pela intolerância. Além do drama pessoal dos personagens, o romance também explora a dimensão espiritual da tragédia de Serra Pelada. Zacarias, um padre em crise, questiona sua fé diante da miséria e da violência que testemunha, adicionando uma camada de complexidade à narrativa e convidando o leitor a refletir sobre o papel da religião em um espaço marcado pela desigualdade. A obra de Souza, ao retratar as paisagens desoladas de Serra Pelada, as condições precárias de trabalho e a devastação ambiental, nos convida a uma profunda reflexão sobre os impactos sociais e ambientais da busca desenfreada por riquezas. O romance, ao mesclar ficção e realidade, transforma Serra Pelada em um símbolo atemporal da ganância humana e da fragilidade da natureza ampliando nossas imaginações espaciais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gleys Ially Ramos, Universidade Federal do Tocantins, Palmas, Tocantins, Brasil, gleys.ramos@uft.edu.br

Doutora em Geografia pela Universidade Federal de Goiás/UFG. Professora Adjunta da Universidade Federal do Tocantins (UFT) no Curso de Relações Internacionais. 

Juliete Oliveira, Fundação Escola Pública de Saúde de Palmas, Palmas, Tocantins, Brasil, juliete.oliveira@gmail.com

Formada em Letras. Bacharel em Educação Ambietal. Poetisa. Bolsita na Fundação Escola Pública de Saúde de Palmas - FESP.

Maria Ecilene Nunes da Silva, Universidade Federal do Tocantins, Palmas, Tocantins, Brasil, mariaecilene@yahoo.com.br

Doutora em Ciências pela Universidade Federal do Pará. Professora da Universidade Federal do Tocantins.

Referências

ALEKSIÉVITCH, Svetlana. A guerra não tem rosto de mulher. Trad. Cecília Rosas. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

SILVA, T. S. A. Áureo carmesim: conflitos e disputas pela exploração de ouro em Serra Pelada. Secuencia (109), enero-abril, 2021. e1756. doi: https://doi.org/10.18234/secuencia.v0i109.1756

COSTA, M. L. Minerais, rochas e minérios - riquezas minerais do Pará. Belém: Falangola, 309 p. 1996.

CORRÊA R. L., Z. ROSENDAHL. Paisagem, tempo e cultura. Rio de Janeiro: UERJ, 1998.

CORRÊA R. L. Paisagem e Geografia. In: NEGREIROS, C, ALVES, I., LEMOS, M. (orgs). Literatura e Paisagem em Dialogo. Rio de Janeiro. Ed. Makunaíma. 255p. 2012.

COSGROVE, D. Social formation and symbolic landscape. Madison: University of Winsconsin Press. 332p. 1998.

DA FONSECA, N. K. G., & FERREIRA , I. M. Uns Percepção das paisagens do cerrado - topofilia, topocídio e topo-reabilitação das paisagens nos povoados/comunidades de Olhos D’água e Pedra Branca em Catalão (GO) . Observatório de La Economía Latinoamericana, 21(7), 7164–7180, 2023. https://doi.org/10.55905/oelv21n7-073

IBRAM. Serra Pelada foi o maior garimpo a céu aberto nos anos 80. IBRAM – Mineração do Brasil, 25 jul. 2010. Disponível em: https://ibram.org.br/noticia/serra-pelada-foi-o-maior-garimpo-a-ceu-aberto-nos-anos-80/. Acesso em 20 de outubro de 2024.

MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo. O mapa e trama: ensaios sobre o conteúdo geográfico em criações romanescas. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2002.

PINHEIRO NETO, J. E. Geografia e Literatura: tramas romanescas para objeto de estudo para a paisagem. Geografia, Literatura e Arte, v.1, n.2, p. 133-1712. 2018

PORTEOUS, D. J. Topocide: the annihilation of place. In EYELES, J., & SMITH, D. (Orgs.) Qualitative Methods in Geography. Cambridge, EUA: Polity Press,1998.

TUAN, Yi-Fu. Topofilia – um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Trad. Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1983.

SOUZA, Airton. Outono de Carne Estranha. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2023.

Downloads

Publicado

2024-12-18

Como Citar

RAMOS, G. I.; OLIVEIRA, J.; SILVA, M. E. N. da. “A Céu Aberto” - Paisagens de Serra Pelada representadas na obra de Airton de Souza: Outono de Carne Estranha. Revista Terceiro Incluído, Goiânia, v. 14, n. 2, p. e14202, 2024. DOI: 10.5216/teri.v14i2.80967. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teri/article/view/80967. Acesso em: 21 dez. 2024.