Paisagens Enlouquecidas e o Trabalho do Alienista
o olhar e a literogeografia
DOI:
https://doi.org/10.5216/teri.v14i2.80627Palavras-chave:
Literogeografia, Paisagem, Trabalho, Adoecimento MentalResumo
Este texto é fruto de um estudo lítero-geográfico do conto “O Alienista”, de Machado de Assis. Por uma leitura geográfica da obra, buscou-se pela leitura da paisagem caracterizar a relação trabalho e adoecimento mental na atuação do Alienista. Itaguaí e suas paisagens são representadas em torno do Dr. Bacamarte e da criação da Casa Verde, instituição para tratamento de pessoas adoecidas mentalmente. Este estudo objetivou analisar as representações paisagísticas de Itaguaí como um olhar para a espacialidade, sua dinâmica e relação com o adoecimento e o trabalho do Alienista. Portanto, a análise a partir da paisagem se deu por meio da descrição dos elementos geográficos da vila (Gonçalves, 2021), na construção dos lugares narrativos (Silva, 2024) de Itaguaí. Foram estudadas as relações entre as personagens, destas com a espacialidade (dinâmica ou configuração espacial), destacando o olhar para os adoecimentos mentais, em especial, do Alienista. Com isso buscou-se alcançar o olhar do protagonista quanto as paisagens (formas, conteúdos e ações), para a caracterização das “insanidades”. As investigações do Dr. Bacamarte o fizeram elaborar teorias sobre a sanidade mental, sob as quais tentava encaixar a todos, terminando por enquadrar-se a si mesmo. Tal quadro nos ajudou a refletir sobre o uso da descrição das paisagens na construção da espacialidade da narrativa na interpretação lítero-geográfica. Dessa forma, buscou-se ler geografias possíveis na obra, por meio de uma aproximação entre geografia e literatura para a leitura do mundo.
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