Injustiças Ambientais e Econômicas nos Territórios Fraturados pela Mineração em Crixás, Goiás
DOI:
https://doi.org/10.5216/teri.v14i1.80426Palavras-chave:
Mineração, Minério-depedência, Economia extrativa, InjustiçasResumo
A mineração em Goiás abrange uma rede extrativa complexa, inserida nas escalas globais de comércio de commodities. Sendo assim, a presente pesquisa objetivou interpretar a economia extrativa de ouro em Crixás (GO). Demonstrou que a mineração gera minério-dependência, não diversifica a economia municipal e mantém uma realidade caracterizada por desigualdades e injustiças ambientais e econômicas. A metodologia utilizada nesta pesquisa contou com revisão bibliográfica fundamentada em pesquisadores críticos do problema mineral brasileiro. Além disso, procedeu-se do levantamento de dados em fontes como a Agência Nacional de Mineração (ANM), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Instituto Mauro Borges (IMB) e Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi). A apresentação dos resultados foi dividida em três partes: inicialmente, buscou-se compreender as contradições do modelo mineral brasileiro e sua territorialização através do megaempreendimento de mineração de ouro em minas subterrâneas e a céu aberto no município de Crixás. No segundo momento dedicou-se a interpretar a evolução da arrecadação de CFEM, sua participação na receita orçamentária municipal, as contradições da situação da minério-dependência e seus efeitos econômicos, ambientais e sociais. Constatou-se que uma das implicações socioeconômicas da megamineração no município é a minério-dependência, a ausência da diversificação econômica e a permanência de pessoas em situação de pobreza e baixa renda. Em síntese, isso explicitou condições de injustiças ambientais e econômicas locais.
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