Injustiças Ambientais e Econômicas nos Territórios Fraturados pela Mineração em Crixás, Goiás

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/teri.v14i1.80426

Palavras-chave:

Mineração, Minério-depedência, Economia extrativa, Injustiças

Resumo

A mineração em Goiás abrange uma rede extrativa complexa, inserida nas escalas globais de comércio de commodities. Sendo assim, a presente pesquisa objetivou interpretar a economia extrativa de ouro em Crixás (GO). Demonstrou que a mineração gera minério-dependência, não diversifica a economia municipal e mantém uma realidade caracterizada por desigualdades e injustiças ambientais e econômicas. A metodologia utilizada nesta pesquisa contou com revisão bibliográfica fundamentada em pesquisadores críticos do problema mineral brasileiro. Além disso, procedeu-se do levantamento de dados em fontes como a Agência Nacional de Mineração (ANM), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Instituto Mauro Borges (IMB) e Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi). A apresentação dos resultados foi dividida em três partes: inicialmente, buscou-se compreender as contradições do modelo mineral brasileiro e sua territorialização através do megaempreendimento de mineração de ouro em minas subterrâneas e a céu aberto no município de Crixás. No segundo momento dedicou-se a interpretar a evolução da arrecadação de CFEM, sua participação na receita orçamentária municipal, as contradições da situação da minério-dependência e seus efeitos econômicos, ambientais e sociais. Constatou-se que uma das implicações socioeconômicas da megamineração no município é a minério-dependência, a ausência da diversificação econômica e a permanência de pessoas em situação de pobreza e baixa renda. Em síntese, isso explicitou condições de injustiças ambientais e econômicas locais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ricardo Assis Gonçalves, Universidade Estadual de Goiás, Goiás, Goiás, Brasil, ricardo.goncalves@ueg.br

Doutor em Geografia e Docente do Mestrado em Geografia na Universidade Estadual de Goiás.

Thálita Cristina Cunha Silva, Universidade Estadual de Goiás, Goiás, Goiás, Brasil, thallitacristinago@gmail.com

Discente do Mestrado em Geografia na Universidade Estadual de Goiás.

Referências

ALVARENGA, Cristiano Penido de. A vulnerabilidade econômica do município de Itabira, Minas Gerais, em relação à atividade mineral. 114f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ouro Preto/MG, 2006.

ANGLOGOLD ASHANTI. Relatório ESG 2022. 2023. Disponível em: https://www.anglogoldashanti.com.br/. Acesso em: 20 nov.2023.

ANM – Agência Nacional de Mineração. Arrecadação de CFEM. Disponível em: https://www.gov.br/anm/pt-br. Acesso em: 20 nov.2023.

ANM – Agência Nacional de Mineração. Anuário mineral brasileiro. Disponível em: https://www.gov.br/anm/pt-br. Acesso em: 20 nov.2023.

AngloGold Ashanti. Investimentos sociais. Disponível em: https://www.anglogoldashanti.com.br/sustentabilidade/investimentos-sociais/. Acesso em: 20 nov.2023.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 1 mai. 2023.

BRASIL. Lei N° 13.540 de dezembro de 2017. Poder Executivo, Brasília/DF, 2017.

BRASIL. Decreto N° 9.407 de 2018. Poder Executivo, Brasília/DF, 2018.

BRASIL MINERAL. AngloGold Ashanti – 185 anos. Ano XXXV - No 391, Junho de 2019.

COMEXSTAT. Exportações e importações. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/home. Acesso em: 23/08/2023.

DE OLHO NA CFEM. Conheça o projeto De Olho na CFEM. Disponível em: http://emdefesadosterritorios.org/conheca-o-projeto-de-olho-na-cfem/. Acesso em: 23/08/2023.

ENRÍQUEZ, Maria Amélia. Mineração: maldição ou dádiva? Os dilemas do desenvolvimento sustentável a partir de uma base mineira. São Paulo: Signus Editora, 2008.

G1. Funcionário de mineradora morre após pedra cair sobre ele, em Crixás. 2021. Disponível: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/02/17/funcionario-de-mineradora-morre-em-acidente-de-trabalho-em-crixas.ghtml. Acesso em: 20 nov.2023.

GONÇALVES, Ricardo Assis. No horizonte, a exaustão: disputas pelo subsolo e efeitos socioespaciais dos grandes projetos de mineração em Goiás. 504f. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia (GO), 2016.

GONÇALVES, Ricardo Assis. Mineração em grande escala, disputas pelo subsolo e o espaço agrário fraturado em Goiás, Brasil. Revista de Geografia, Recife, V. 36, No. 2, 2020.

GONÇALVES, Ricardo Assis. Onde você está nesta lama? Crônicas da mineração no Brasil. 2.ed. Anápolis/GO: Editora da UEG, 2024.

GONÇALVES, Ricardo Assis; DUMONT, Marcelo. La minería del asbesto y el desastre permanente de la minero dependencia en Minaçu, Goiás, Brasil. Élisée, Rev. Geo. UEG – Goiás, v.12, n.1, e1212312, 2023.

GUIMARÃES, Carolina Lucinda.; MILANEZ, Bruno. Mineração, impactos locais e os desafios da diversificação: revisitando Itabira (MG). Desenvolv. Meio Ambiente, v. 41, p. 215-236, 2017.

HARVEY, David. A loucura da razão capitalista: Marx e o capital no século XXI. Tradução de Artur Renzo. São Paulo: Boitempo, 2018.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. IBGE Cidades – Crixás (GO). Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/crixas/panorama. Acesso em: 23/08/2023.

IMB – Instituto Mauro Borges. Goiás em dados – 2022. Goiânia: IMB, 2022.

INESC - Instituto de Estudos Socioeconômicos. Compensação Financeira Pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM): o que é, de onde veio, para onde vai? O caso de Canaã dos Carajás. 2019. Disponível em: https://www.inesc.org.br/wp-content/uploads/2019/05/CFEM_v02.pdf. Acesso em: 23/08/2023.

MANSUR, Maíra.; WANDERLEY, Luiz Jardim. Colapso mineral em Maceió: o desastre da Braskem e o apagamento das violações. Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, 2023.

MILANEZ, Bruno. et al. A Estratégia Corporativa da Vale S.A.: um modelo analítico para Redes Globais Extrativas. Versos - Textos para Discussão PoEMAS, 2(2), 1-43, 2018.

MOURA, Pedro. Alarme de barragem em Crixás preocupa moradores; mineradora diz que acionamento foi indevido. 2023. Disponível em: https://www.jornalopcao.com.br/meio-ambiente/alarme-de-barragem-em-crixas-preocupa-moradores-mineradora-diz-que-acionamento-foi-indevido-5. Acesso em: 16 jul. 2023.

PALACIN, Luiz. O século do ouro em Goiás, 1722-1822. Goiânia: Ucg Editora, 1994.

SOUZA, Lorraine. Mineradora pode ser multada em R$ 36 milhões por crimes ambientais em Crixás (GO). 2023. Disponível em: https://www.campograndenoticias.com.br/mineradora-pode-ser-multada-em-r-36-milhoes-por-crimes-ambientais-em-crixas-go/. Acesso em: 26 jun.2024.

SOUZA, Kellcia Rezende; KERBAUY, Maria Teresa Miceli. Abordagem quanti-qualitativa: superação da dicotomia quantitativa-qualitativa na pesquisa em educação. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 31, n. 61, p. 21-44, jan./abr. 2017.

SOUZA, Marcelo Lopes de. Ambientes e territórios: uma introdução à ecologia política. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019.

PETERS COELHO, Tádzio. Projeto Grande Carajás: trinta anos de desenvolvimento frustrado. Marabá/PA: Editorial iGuana, 2015.

PETERS COELHO, Tádzio. Minério-dependência e alternativas em economias locais. Versos – Textos para Discussão PoEMAS, vol. 1, n. 3, p. 1-8, 2017.

WANDERLEY, Luiz; PETERS COELHO, Tádzio. Quatro Décadas do Projeto Grande Carajás: Fraturas do Modelo Mineral Desigual na Amazônia. Brasília-DF: Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à mineração, 2021.

TROCATE, Charles.; PETERS COELHO, Tádzio. Quando vier o silêncio: o problema mineral brasileiro. São Paulo: Fundação Rosa Luxemburgo, Expressão Popular, 2020.

Downloads

Publicado

2024-09-09

Como Citar

GONÇALVES, R. A.; SILVA, T. C. C. Injustiças Ambientais e Econômicas nos Territórios Fraturados pela Mineração em Crixás, Goiás. Revista Terceiro Incluído, Goiânia, v. 14, n. 1, p. e14114 , 2024. DOI: 10.5216/teri.v14i1.80426. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teri/article/view/80426. Acesso em: 26 set. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS