A reabilitação subversiva da racionalidade estruturalista pela crítica decolonial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/rth.v26i1.74207

Palavras-chave:

Decolonialidade, Reabilitação subversiva, racionalidade estruturalista

Resumo

Este artigo tem o objetivo de examinar as premissas teóricas da crítica decolonial sistematizada na década de 1990 pelo grupo “modernidade colonial”. A hipótese sugere que a crítica decolonial reabilitou a racionalidade estruturalista que foi canônica nos estudos sociais ocidentais ao longo de grande parte do século XX. Tratou-se, contudo, de reabilitação politicamente subversiva, na medida em que os signos estruturalistas foram apropriados em função da agenda da reparação histórica. O texto está divido em três partes: primeiro, examino as fontes do estruturalismo clássico, com o objetivo de inventariar os principais signos analíticos que constituem a racionalidade estruturalista. Em seguida, me debruço sobre os textos escritos pelos formuladores da crítica decolonial, identificando a reabilitação subversiva dos signos estruturalistas. Por último, como conclusão, discuto com a historiografia brasileira que recentemente vem recebendo com bastante entusiasmo a crítica decolonial.

Biografia do Autor

Rodrigo Perez Oliveira, Universidade Federal da Bahia Salvador, Bahia, Brasil, rodrigoperez@ufba.br

Currículo: https://www.escavador.com/sobre/922122/rodrigo-perez-oliveira

Referências

Fontes primárias

ALATAS, Syed Hussein. Intellectual imperialism: definition, traits, and problems. Southeast Asian Journal of Social Science, v.28, n.1, p.23-45, 2000.

ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Polén, 2019.

ALTHUSSER, Louis. Sobre a reprodução. Ed. Petrópolis, RJ, 1999 [1971].

ANZALDÚA, Glória. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Estudos feministas, ano 8, n. 230, 2020.

BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001 [1949].

BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996 [1994].

CARNEIRO. Sueli; SANTOS, Tereza. Mulher negra. São Paulo, Conselho Estadual da Condição Feminina/Nobel, 1985.

CORTÉS, Alexis. Aníbal Quijano: Marginalidad y urbanización dependiente en América Latina. Polis [En línea], 46 | 2017.

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007 [1895].

DUSSEL, Enrique. Europa, modernidad y eurocentrismo. IN LANDER, Edgardo (ORG.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso, 2000. pp. 58-86.

FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008 [1969].

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: SILVA, L. A. et al. Movimentos sociais urbanos, minorias e outros estudos. Ciências Sociais Hoje, Brasília, ANPOCS n. 2, p. 223-244, 1983.

GROSFOGUEL, Ramon. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. In SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do sul. Coimbra: CES, 2009. pp. 383-418.

GROSFOGUEL, Ramon. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo/ epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado – Volume 31 nº 1 Janeiro/Abril 2016.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006 [1925].

HUMBOLDT, Wilhelm von. (apresentação de Pedro Caldas). Sobre a tarefa do historiador. In: MARTINS, Estevão Rezende. História repensada: teoria e método na historiografia europeia do século XIX. São Paulo: Editora Contexto, 2010 [1821]. pp. 71-100.

LUGONES, Maria. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas, 22(3): 320, setembro-dezembro/2014, pp. 935-952.

MOURA, Clóvis. Rebeliões da Senzala. São Paulo: LECH, 1981.

NASCIMENTO, Abdias do. O Quilombismo: Documentos de uma militância panafricanista. Petrópolis: Vozes, 1980.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala. Belo Horizonte: Letramento/Justificando, 2017.

STRAUSS, Claude-Levi. As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 1987 [1949].

STRAUSS, Claude-Levi. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1973 [1955].

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder e classificação social. In SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do sul. Coimbra: CES, 2009. pp. 73-118.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade, modernidade e racionalidade. In: BONILLO, Heraclio (Org). Bogotá: Mundo Ediciones: FLACSO, 1992. pp. 437-449.

RANKE, Leopold. O conceito universal de história. MARTINS, Estevão Rezende. História repensada: teoria e método na historiografia europeia do século XIX. São Paulo: Editora Contexto, 2010 [1831]. pp. 187-216.

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de linguística geral. São Paulo: Ed usp, 1993 [1908].

SIMIAND, François. Método Histórico e Ciência Social. Bauru/SP: EDUSC, 2003 [1903].

Referências bibliográficas

ARAUJO, Valdei. Sobre a permanência da expressão historia magistra vitae no século XIX brasileiro. In: NICOLAZZI, Fernando; MOLLO, Helena Miranda; ARAÚJO, Valdei Lopes de. (orgs.) Aprender com a história? O passado e o futuro de uma questão. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. Pp. 134-165.

ARENDT, Hannah. Da Revolução. São Paulo: Editora Ática, 1998.

ASSUNÇÃO, Marcelo Felisberto Morais de. TRAPP, Rafael Petry. É possível indisciplinar o cânone da história da historiografia brasileira? Pensamento afrodiaspórico e (re)escrita da história em Beatriz Nascimento e Clóvis Moura. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 41, nº 88, 2021.

AVILA, Arthur Lima de. NICOLAZZI, Fernando. TURIN, Rodrigo. A história (in) disciplinada. Vitória: Editora Mill Fontes, 2019.

BALESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, nº11. Brasília, maio - agosto de 2013, pp. 89-117.

BINOCHE, Bertrand. Les trois sources des philosophies de l’histoire. Paris : PUF, 1994.

LYNCH, Christian. Teoria pós-colonial e pensamento brasileiro na obra de Guerreiro Ramos. Caderno CRH, Salvador, V. 28, n. 73, pp. 27-45, jan/abril 2015.

DOSSE, François. A história do estruturalismo. São Paulo: Ed. UNICAMP, 1993.

DOSSE, François. História em Migalhas: dos annales à Nova História. São Paulo: Ed. Unicamp, 2004.

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Modernização dos sentidos. São Paulo: Ed 34, 2010.

GUIMARÃES, Gessica. Disciplina e experiência: construindo uma comunidade de escuta na teoria e no ensino de história. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 14, n. 36, p. 373–401, 2021.

KOSELLECK, Reinhart. Crítica e Crise. Rio de Janeiro: ED UERJ, 1999.

KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: estudos sobre história. Rio de Janeiro: ContraPonto, 2014.

LORAUX, Nicole. O elogio do anacronismo. In: NOVAES, Adauto. Tempo e História. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. pp. 57-71.

OLIVEIRA, Maria da Glória. A história disciplinada e seus outros: reflexões sobre as (in) utilidades de uma categoria. In In AVILA, Arthur Lima de. NICOLAZZI, Fernando. TURIN, Rodrigo. A história (in) disciplinada. Vitória: Editora Mill Fontes, 2019. pp. 53-71.

OLIVEIRA, Maria da Glória. Quando será o decolonial? colonialidade, reparação histórica e politização do tempo. Caminhos da História, v.27, n.2(jul./dez.2022) Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), Unimontes-MG.

PALTI, Elias. Koselleck y la idea de Sattelzeit. Un debate sobre modernidad y temporalidade. Ayer n°. 53, Historia de los conceptos (2004), pp. 63-74.

PEREIRA, Ana Carolina Barbosa. Precisamos falar sobre o lugar epistêmico na Teoria da História. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 24, p. 88 - 114, abr/jun. 20

REIS, José Carlos. Teoria e História: tempo histórico, história do pensamento histórico ocidental e pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2012.

RIBEIRO, Gustavo Lins. Why (post)colonialism and (de)coloniality are not enough: a post-imperialist perspective. Postcolonial Studies, v. 14, n. 3, p. 285-297, 2011.

SILVEIRA, Gabriel; TRIONA, Yago Quinones. A herança estruturalista de Durkheim nas ciências sociais. Ciências Sociais Unisinos 42(3):170-176, setembro/dezembro 2006.

SCHOLTZ, G. O problema do historicismo e as ciências do espírito no século XX. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 4, n. 6, p. 42–63, 2011. DOI: 10.15848/hh.v0i6.239. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/239. Acesso em: 26 jul. 2022.

VEIGA, Ana Maria. Entre linhas de confronto teórico e linhas de confronto subjetivo: descolonizar a partir das sertanidades. In: VEIGA, Ana Maria; VASCONCELOS, Vania Mara Pereira; BANDEIRA, Andrea. Das margens, lugares de rebeldia, saberes e afetos. Salvador: Edufba, 2022. pp. 90-116.

Downloads

Publicado

2023-07-27

Como Citar

OLIVEIRA, R. P. A reabilitação subversiva da racionalidade estruturalista pela crítica decolonial. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 26, n. 1, p. 144–164, 2023. DOI: 10.5216/rth.v26i1.74207. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/74207. Acesso em: 11 maio. 2024.