Pós-estruturalismo e escrita da história
A genealogia como crítica da subjetividade
DOI:
https://doi.org/10.5216/rth.v25i1.70544Palavras-chave:
Estudos Foucaultianos, Escrita da História, Teoria e Filosofia da História, Pós-estruturalismoResumo
Longe de ser o fundamento da história, o sujeito é efeito das práticas sociais que o constitui em meio a um campo de forças marcado por relações de dominação e práticas de liberdade. Estas são questões densas em relação às quais a genealogia proposta por Michel Foucault, a partir da sua leitura de Friedrich Nietzsche, apresenta elementos para pensar e fazer a pesquisa histórica dos modos de constituição do sujeito, isto é, fazer a história crítica da subjetividade. Este texto tem o objetivo de analisar a genealogia foucaultiana no âmbito da filosofia pós-estruturalista e da filosofia da diferença, mapeando os seguintes aspectos teórico-metodológicos: a) a caracterização do pós-estruturalismo como movimento filosófico com proposições radicais em relação à história da filosofia ocidental; b) a crítica da noção de sujeito na historiografia; b) a problematização do conceito de poder na genealogia foucaultiana a partir do conceito de “força” herdado de Nietzsche, sem reduzir as relações de poder/força à noção de violência. Deste modo, o estudo visa contribuir com um mapeamento que introduz em termos teóricos e metodológicos os aspectos centrais da genealogia foucaultiana – na articulação e diferenciação com interlocutores como Gilles Deleuze, Félix Guattari e Judith Butler, por exemplo – caracterizando terminologias e procedimentos que, no âmbito da teoria e metodologia da história, permitem (re) desenhar objetos de estudo, formas de problematização e crítica da modernidade, subjetividade e da historiografia como um canteiro de saber.
Referências
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. História: a arte de inventar o passado. Ensaios de Teoria da História. Bauru, SP: Edusc, 2007.
ARAÚJO, Inês Lacerda. Do signo ao discurso: introdução à filosofia da linguagem. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
BUTLER, Judith. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Tradução: Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução: Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
CANGUILHEM, George. Morte do homem ou exaustão do cogito? In. GUTTING, Gary (org.). Foucault. Tradução: André Oídes. São Paulo: Ideias e Letras, 2016, pp. 101-124.
CASTRO, Eduardo Viveiros de. Claude Lévi-Strauss, fundador do pós-estruturalismo. In. ALMEIDA, Fábio Ferreira de & SALOMON, Marlon (org.). De Bergson a Rancière: pensar a filosofia francesa do século XX. Goiânia: Edições Ricochete, 2017, pp. 201-226.
COSTA JÚNIOR, José dos Santos. Mal-estar na história da infância: a invenção do menor infrator no Brasil Contemporâneo. 2021. 504 f. Tese (Doutorado em História). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2021.
CUNHA, Sílvia Maria Fernandes Vilarinho da. Razão e loucura: a perspectiva arqueológica de Michel Foucault. Dissertação (Mestrado em Filosofia). Universidade do Porto: Portugal, 2002.
DAVIDSON, Arnold. Archeology, Genealogy, Ethics. In. HOY, David (org). Foucault: a critical reader. Oxford: Basil Blackwell, 1992, pp. 221-233.
DELEUZE, Gilles. Desejo e prazer. In. Dois regimes de loucos: textos e entrevistas (1975-1990). Tradução: Guilherme Ivo. São Paulo: Editora 34, pp. 127-138.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. O Anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. Tradução: Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: Editora 34, 2011.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Introdução: Rizoma. In. Mil platôs 1: capitalismo e esquizofrenia 2. Tradução: Ana Lúcia de Oliveira, Aurélio G. Neto e Célia P. Costa. São Paulo: Editora 34, 2011.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Tradução: Bento Prado Jr. E Alberto A. Muñoz. São Paulo: Editora 34, 2010.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. 1227 – Tratado de nomadologia: a máquina de guerra. In. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia (2, vol. 5). Tradução: Peter Pál Pelbart e Janice Caiafa. São Paulo: Editora 34, pp. 11-118.
DELEUZE, Gilles. Imanência, uma vida. In. Dois regimes de loucos: textos e entrevistas (1975-1995). Tradução: Guilherme Ivo. São Paulo: Editora 34, 2016.
DELEUZE, Gilles. Nietzsche e a filosofia. Tradução: Mariana de Toledo Barbosa e Ovídio de Abreu Filho. São Paulo: n-1 edições, 2018.
DREYFUS, Hubert & RABINOW, Paul. O sujeito e o poder. In. Michel Foucault: uma trajetória filosófica – para além do estruturalismo e da hermenêutica. Tradução: Antônio C. Maia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013, pp. 273-296.
DOSSE, François Dosse. Foucault, estruturalismo e pós-estruturalismo. In. A história à prova do tempo: da história em migalhas ao resgate do sentido. Tradução: Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Editora da UNESP, 2017, pp. 197-238.
DOSSE, François. História do estruturalismo, v. I: o campo do signo, 1945-1966. Tradução: Álvaro Cabral. São Paulo: Editora Unesp, 2018a.
DOSSE, François. História do estruturalismo, v. II: o canto do cisne, de 1967 a nossos dias. Tradução: Álvaro Cabral. São Paulo: Editora Unesp, 2018b.
DOSSE, François. Gilles Deleuze e Félix Guattari: biografia cruzada. Tradução: Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2010.
DUARTE, Regina Horta. Limites e fronteiras entre história e biologia em Michel Foucault: As palavras e as coisas e o surgimento da biologia no século XIX. In. ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de; VEIGA-NETO, Alfredo; SOUZA FILHO, Alípio de (org.). Cartografias de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011, pp. 343-354.
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de Pesquisa, n. 114, p. 197-223, novembro/2001.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. tradução: Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Tradução: Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FOUCAULT, Michel. A hipótese repressiva. In. História da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988, p. 19-50.
FOUCAULT, Michel. A Ética do Cuidado de Si como Prática da Liberdade. In. Ditos e Escritos V: Ética, Sexualidade, Política. Tradução: Elisa Monteiro e Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2017, p. 259-260.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: as confissões da carne (vol. 4). Tradução: Heliana de Barros Conde Rodrigues e Vera Portocarrero. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2020.
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Tradução: Eduardo Jardim e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Nau, 2013.
FOUCAULT, Michel. História da loucura da Idade Clássica. Tradução: José Teixeira Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 2012a.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução: Raquel Ramalhete. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012b.
FOUCAULT, Michel. Arqueologia das Ciências e História dos Sistemas de Pensamento. Ditos & Escritos, v. II. Tradução: Elisa Monteiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015.
FOUCAULT, Michel. Como se exerce o poder? In. DREYFUS, Hubert L. & RABINOW, Paul. Michel Foucault: uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica. Tradução: Antônio C. Maia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013, p. 283-295.
FOUCAULT, Michel. Entrevista com Michel Foucault. In. Problematização do sujeito: Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise. Ditos e Escritos. v. 1. Tradução: Vera L. A. Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014, p. 331-344.
FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a genealogia e a história. In. Microfísica do poder. São Paulo: Graal, 2012, p. 55-86.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. Tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.
FOUCAULT, Michel. O sujeito o poder. In. DREUYFUS, Hubert L. & RABINOW, Paul. Michel Foucault: uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica. Tradução: Antônio C. Maia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013.
FOUCAULT, Michel. Problematização do sujeito: Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise. Ditos e Escritos. v. 1. Tradução: Vera l. a. Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.
FOUCAULT, Michel. Aula de 31 de janeiro de 1973. In. A Sociedade Punitiva: curso no Collège de France (1972-1973). Tradução: Ivone C. Benedetti. São Paulo: Editora WMF, Martins Fontes, 2015, pp. 77-92.
FOUCAULT, Michel. Aulas sobre a Vontade de Saber: curso no Collège de France (1970-1971). Tradução: Rosemary C. Abílio. São Paulo: Editora WMF, Martins Fontes, 2014.
FOUCAULT, Michel. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). Tradução: Eduardo Brandão. São Paulo: Editora WWF, Martins Fontes, 2010.
FOUCAULT, Michel. Nietzsche, Freud, Marx. In. Arqueologia das Ciências e História dos Sistemas de Pensamento. Ditos e escritos. v. II. Tradução: Elisa Monteiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015, pp. 41-56.
FOUCAULT, Michel. O que é um autor? In. Estética: Literatura e Pintura, Música e Cinema. Ditos e escritos. v. III. Tradução: Inês A. D. Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009, pp. 264-299.
GRACE, Wendy. Foucault and Deleuze: Making a Difference with Nietzsche. Foucault Studies, n. 17, p. 99-116, April 2014.
GUTTING, Gary. Foucault e a história da loucura. In. In. GUTTING, Gary (org.). Foucault. Tradução: André Oídes. São Paulo: Ideias e Letras, 2016, pp. 71-100.
HARCOURT, Bernard. Foucault’s Keystone: Confessions of the Flesh. Foucault Studies, n. 29, pp. 48-70, april. 2021.
KRIEGER, Saulo. De precursor a grande ocultador: Nietzsche sobre Spinoza. Cadernos Nietzsche, Guarulhos/Porto Seguro, n. 42, p. 231-251, janeiro/abril, 2021.
MACHADO, Roberto. Deleuze, a arte e a filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
MACHADO, Roberto. Introdução: por uma genealogia do poder. In. Microfísica do poder. São Paulo: Graal, 2012.
MACHADO, Roberto. Nietzsche e a verdade. 3ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2017.
MACHADO, Roberto. Foucault, a ciência e o saber. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
MOSÉ, Viviane. Nietzsche e a grande política da linguagem. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos, ou como se filosofa com um martelo. Tradução: Renato Zwick. Porto Alegre, RS: L&PM, 2015.
NIETZSCHE, Friedrich. Obras Incompletas. Seleção de textos de Gerárd Lebrun. Tradução: Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Nova cultural, 1987.
PETERS, Michael. Pós-estruturalismo e filosofia da diferença. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
RAGO, Margareth. Libertar a história. In. RAGO, Margareth; ORLANDI, Luiz B. Lacerda; VEIGA-NETO, Alfredo. Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzschianas. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
RIBEIRO, Carlos Eduardo. O arqueólogo do saber é um leitor de Nietzsche? Nietzsche como enunciado. Cadernos Nietzsche, São Paulo, n. 30, pp. 251-285, 2012.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Tradução: Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 2012.
SCHOPKE, Regina. Por uma filosofia da diferença: Gilles Deleuze, o pensador nômade. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
WILLIAMS, James. Pós-estruturalismo. Tradução: Caio Liudvik. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
ZOURABICHVILI, François. Deleuze: uma filosofia do acontecimento. Tradução: Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: Editora 34, 2016.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 rth |
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A Revista publica única e exclusivamente artigos inéditos. São reservados à Revista todos os direitos de veiculação e publicação dos artigos presentes no periódico.
Licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License