Cartas sobre a doença
Resumo
Em 1857, Auguste Comte se declarou “médico de si mesmo”, pela última vez, para tratar da doença que causou sua morte naquele mesmo ano, deixando inacabado o projeto de sistematização da sua filosofia da medicina num “tratado de moral teórica”. Assim, foi através destas cartas enviadas a um de seus mais proeminentes discípulos, Georges Audiffrent (1832 – 1909), então um jovem estudante de medicina, que as últimas reflexões de Comte sobreviveram ao seu autor. Publicadas, republicadas e amplamente difundidas pelos discípulos de Comte, as “Lettres sur la maladie” produziram um efeito facilmente sentido, mas ainda pouco explorado, sobre os pensamentos médico, biológico e político na segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX, inclusive no Brasil. Ao mesmo tempo, as cartas evidenciam um princípio de explicação positivista (comtiano) para os acontecimentos históricos de ordem política – uma filosofia da história apoiada na medicina e na moral, associando doença, crise, progresso e civilização.
Referências
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