APRESENTAÇÃO
Resumo
A História da Arte e das Artes, aqui estão representadas por estudos que envolvem desde a cidade, a arquitetura, a intervenção urbana, o corpo, a dança, valorizando a conversação com diferentes modelos de abordagem do objeto, desde análises históricas do tipo comparado, traçados das relações epistêmicas das artes com o pensamento mágico, religioso e simbólico, e, ultrapassagens da função representacional e revalorização estratégica da ferramenta conceitual operacional denominada de Arte para fazer pensar e movimentar o campo da História e suas investigações.
Para finalizar esta apreciação que antecipa a segunda etapa desta tarefa e a apresentação de mais um conjunto de textos que refletem sobre o campo da História e da Historiografia das Artes, uma questão central que se enuncia ao fundo e no horizonte é a relação entre as artes e as temporalidades. O tempo cronológico não é o único modo de dar tratamento ao tempo, já sabe o historiador. Na História das Artes, esta é uma questão central. As artes são labirintos para diversas ordens de temporalidades envolvendo o Cronos, o Aion e o Kairós.
Nossas relações com o vivido e com a experiência, seja na imersão, na processualidades ou na fruição dos objetos artísticos, são lugares sensíveis que revelam muitas destas relações com suas lógicas e suas desordens. Temos relações afectuais, sensorializadas e perceptíveis, dando ao tempo uma carnalidade, lugar fenomenológico, do tempo Kairós.
Temos ainda uma relação do tipo Aion, como síntese operadora entre o Cronos e o Kairós, transformando a linearidade e a passagem em sensação-percepção de duração (revelações do bergsonismo), transformando o tempo das horas, dias, anos, décadas e séculos em experiência. Este Aion é um ponto de inflexão fortemente presente no Historiador dos Objetos Sensíveis feito Inteligíveis. É neste lugar que consigo apreender e compreender a premissa da História Interna do Objeto Artístico, nesta unidade entre a percepção (instantânea) e a duração (transbordamento da percepção na forma da experiência e seu dilatar-se para frente e para trás, desordenando e realinhando a linearidade).
Minha simpatia e empatia por este conjunto de textos é que, todos eles, de modos maiores e menores, se permitem estar neste lugar sintomal da temporalidade, nesta prontidão do Kairós (tempo-experiência) articulada no Cronos (medição e passagem, instalação de um modelo de linearidade), revelando que fazer História é, articular passado / presente / futuro, como também, articular intensidade / extensão (medida) / descronização e anacronismo, fazendo do Aion o terceiro termo do tempo, necessário para uma apreensão sensível daquilo que se torna objeto de uma cognição.
Tudo é instante e extensão e no instante é possível a abertura da extensão (e da infinitude do Tempo) ao Aion, a finitude da existência no infinito do sentido. Eis a questão, sentir é infinito na vida finita. E esta não é uma questão da arte, ultrapassa a arte em tudo. O que a Arte produz e provoca é este bloco de sensação infinita numa matéria finita e por isso ela é mais próxima do Aion e fica em pé para além das sensações e das percepções individuais.
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