APRESENTAÇÃO

Autores

  • Marcio Pizarro Noronha Universidade Federal de Goiás

Resumo

A História da Arte e das Artes, aqui  estão representadas por estudos que envolvem desde a cidade, a arquitetura, a intervenção urbana, o corpo, a dança, valorizando a conversação com diferentes modelos de abordagem do objeto, desde análises históricas do tipo comparado, traçados das relações epistêmicas das artes com o pensamento mágico, religioso e simbólico, e, ultrapassagens da função representacional e revalorização estratégica da ferramenta conceitual operacional denominada de Arte para fazer pensar e movimentar o campo da História e suas investigações.

Para finalizar esta apreciação que antecipa a segunda etapa desta tarefa e a apresentação de mais um conjunto de textos que refletem sobre o campo da História e da Historiografia das Artes, uma questão central que se enuncia ao fundo e no horizonte é a relação entre as artes e as temporalidades. O tempo cronológico não é o único modo de dar tratamento ao tempo, já sabe o historiador. Na História das Artes, esta é uma questão central. As artes são labirintos para diversas ordens de temporalidades envolvendo o Cronos, o Aion e o Kairós.

Nossas relações com o vivido e com a experiência, seja na imersão, na processualidades ou na fruição dos objetos artísticos, são lugares sensíveis que revelam muitas destas relações com suas lógicas e suas desordens. Temos relações afectuais, sensorializadas e perceptíveis, dando ao tempo uma carnalidade, lugar fenomenológico, do tempo Kairós.

Temos ainda uma relação do tipo Aion, como síntese operadora entre o Cronos e o Kairós, transformando a linearidade e a passagem em sensação-percepção de duração (revelações do bergsonismo), transformando o tempo das horas, dias, anos, décadas e séculos em experiência. Este Aion é um ponto de inflexão fortemente presente no Historiador dos Objetos Sensíveis feito Inteligíveis.  É neste lugar que consigo apreender e compreender a premissa da História Interna do Objeto Artístico, nesta unidade entre a percepção (instantânea) e a duração (transbordamento da percepção na forma da experiência e seu dilatar-se para frente e para trás, desordenando e realinhando a linearidade).

Minha simpatia e empatia por este conjunto de textos é que, todos eles, de modos maiores e menores, se permitem estar neste lugar sintomal da temporalidade, nesta prontidão do Kairós (tempo-experiência) articulada no Cronos (medição e passagem, instalação de um modelo de linearidade), revelando que fazer História é, articular passado / presente / futuro, como também, articular intensidade / extensão (medida) / descronização e anacronismo, fazendo do Aion o terceiro termo do tempo, necessário para uma apreensão sensível daquilo que se torna objeto de uma cognição.

Tudo é instante e extensão e no instante é possível a abertura da extensão (e da infinitude do Tempo) ao Aion, a finitude da existência no infinito do sentido. Eis a questão, sentir é infinito na vida finita. E esta não é uma questão da arte, ultrapassa a arte em tudo. O que a Arte produz e provoca é este bloco de sensação infinita numa matéria finita e por isso ela é mais próxima do Aion e fica em pé para além das sensações e das percepções individuais.

Biografia do Autor

Marcio Pizarro Noronha, Universidade Federal de Goiás

Reside atualmente em Porto Alegre (RS). Docente no curso de Licenciatura em Dança (UFRGS). Professor e pesquisador universitário, psicanalista, escritor, vinculado à UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS com atuação na UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Atua no campo de pesquisa interartes e transmidialidades e estudos dos processos de subjetivação na contemporaneidade e, atualmente, escreve sobre a temática das redes de produção e economias dos objetos artísticos e estéticos. É Dr. em Antropologia - USP (1999), Dr. em História - PUCRS (1998), Ms. em Antropologia - UFSC (1992), Esp. em Teoria da Comunicação - Jornalismo - PUCRS, Esp. em História RS - FAPA, Grad. em História - Lic. Plena e Bacharelado - PUCRS (1987). Líder do GP CNPq INTERARTES PROCESSOS E SISTEMAS INTERARTÍSTICOS E ESTUDOS DE PERFORMANCE. Atualmente escreve sobre a temática das redes de produção e economias dos objetos artísticos e estéticos. com foco em gestão, produção e governança, estudo de organizações e economia da cultura. ATUA NAS ÁREAS DE ESTUDOS HISTÓRICOS E SÓCIO-CULTURAIS DA DANÇA, PESQUISA EM DANÇA, ESTÁGIO DE DOCÊNCIA EM PROJETOS, GESTÃO DE PROJETOS EM DANÇA, E, AINDA EM ESTÉTICA E DANÇA, PRODUÇÃO VÍDEO FOTOGRÁFICA EM DANÇA (COM ÊNFASE PARA TEATRO E CINEMA MUSICAL). Membro do COLEGIADO ESTADUAL DE CIRCO (RGS), do grupo de trabalho INOVA ESEFID (UFRGS), coordenador do NDE DANÇA (licenciatura em Dança UFRGS), e atual coordenador do projeto DCD - DIVERSOS CORPOS DANÇANTES (em parceria com a professora Carla Vendramin - UFRGS), membro do comitê científico da COLEÇÃO ANTROPOLOGIA DA DANÇA e do comitê nacional da rede latino-americana de Antropologia da Dança. Integra o CEP COMITÉ DE ÉTICA DA PESQUISA UFRGS.

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Publicado

2017-12-28

Como Citar

NORONHA, M. P. APRESENTAÇÃO. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 18, n. 2, p. 1–20, 2017. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/50911. Acesso em: 17 nov. 2024.