Call for Papers 1-2024 • História Digital: arquivo, memória e narrativa na Era do Big Data

2023-10-18

Call for Papers 1-2024 • História Digital: arquivo, memória e narrativa na Era do Big Data

O engajamento da História com as tecnologias digitais tem crescido rapidamente nos últimos anos, demonstrando uma progressiva consolidação do campo da História Digital. Essa consolidação pode ser verificada por meio do estabelecimento de grupos de pesquisa, de laboratórios e periódicos especializados e de publicações diversas, como artigos, dissertações e teses, além do empenho de professores(as) e de pesquisadores(as) na formação de um corpo de praticantes e de estudantes preocupados com problemas e com temas pertinentes a essa seara.

As questões postas pela História Digital se movimentam transdiciplinarmente e se desdobram por todos os âmbitos do fazer historiográfico. Elas tornam tênues as fronteiras tradicionais entre produção, circulação/consumo e armazenamento do conhecimento, além de apontar para novas formas de pesquisa, de ensino e de extensão. A produção historiográfica precisa, nesse sentido, levar em conta, por um lado, os novos agentes envolvidos nesses processos e as suas formas de combinação e de contribuição, indicando, assim, um novo entendimento da noção de autoria (como, por exemplo, podemos pensar a relação entre humanos e inteligência artificial?). Por outro lado, a historiografia deve se atentar a teorias da interpretação possíveis capazes de articular métodos, técnicas e ferramentas de pesquisa com (e a partir de) objetos digitais em seu caráter simbólico e material.

Esses debates inserem-se no âmbito da própria história da nossa disciplina, porém, a partir de novos e dinâmicos horizontes interpretativos e prático-operatórios, que problematizam não apenas mídias e documentos analógicos que mudam de suporte, ou seja, que são digitalizados, mas, também, os que são oriundos do próprio ambiente eletrônico, os chamados nato-digitais. O acúmulo desses materiais multimídia e o acachapante volume de dados gerados cotidianamente incrementam ainda mais a complexidade desta paisagem informacional. Esse quadro nos desafia na elaboração de critérios analíticos e hermenêuticos propícios para cada modalidade em si, na medida em que fontes históricas possuem especificidades próprias, bem como na abertura para problemáticas diferenciadas, pressionando, correlatamente, as formas de operacionalização e de reflexão dos fenômenos digitais. Além disso, é importante salientar que o desenvolvimento do campo se dá em confrontação a determinadas paisagens técnicas (com suas ecologias das mídias) e institucionais (os valores e virtudes de grupos) que determinam as suas condições de possibilidade e os seus modos precisos de realização.

Ademais, as formas de circulação do conhecimento possibilitadas por dispositivos e mídias conectados à internet suscitam questionamentos que se direcionam para os novos espaços de interação, que possuem suas formas próprias de funcionamento e implicações variadas para as figuras do(a) historiador(a) (“produtor(a)”) e do(a) leitor(a) (“consumidor(a)”). Do mesmo modo, é importante oferecer um aprofundamento para investigações que movimentem os conceitos de arquivo, de fonte, de vestígio e de documento, bem como dos processos de arquivamento, de preservação e de gerenciamento de informação e mesmo sobre as condições de produção e de estabelecimento dos acervos nos ambientes institucionais, apontando, dessa maneira, para as suas dimensões técnica, estética, política, ética e jurídica inerentes.

Frente a esse breve panorama, a Revista de Teoria da História gostaria de convidar pesquisadores(as) a participarem deste dossiê com contribuições originais que dialoguem com os aspectos teóricos e práticos que interpelam a relação contemporânea entre arquivo, memória e narrativa na História Digital a partir dos seguintes pontos: ontologia e epistemologia da História Digital, História e Filosofia das mídias, Tecnologias da Memória, Regimes de Temporalidade e Tecnologia, Virtudes Epistêmicas da História Digital, História Pública Digital, Ensino de História na Era Digital, Historiografia da História Digital e pontos correlatos. Afinal, que diferença faz o Digital para a/na História? Tal é a contribuição que este dossiê busca somar.

 

Data final para envio | 30 de abril 2024                    Publicação | Julho de 2024

Submissões via website: https://www.revistas.ufg.br/teoria/about/submissions

 

Organizadores

Anita Lucchesi [Centro de História Contemporânea e Digital — Universidade de Luxemburgo]

Murilo Gonçalves [Universidade Federal de Goiás]

Thiago Nicodemo [Universidade Estadual de Campinas, CHD/UNICAMP, Arquivo Público do Estado de São Paulo]