Sobreposições na co-construção da memória na conversação
Um estudo com narrativas de velhos da comunidade Arara em Teixeira de Freitas (BA)
DOI:
https://doi.org/10.5216/sig.v35.72482Palavras-chave:
Conversação, Engates, Memória, Pequenas estórias, SobreposiçãoResumo
Neste artigo, analisa-se o trabalho colaborativo de construção da memória na interação, notadamente, as sobreposições (GARCEZ; STEIN, 2015) e “engates” (PRETI, 1991) das falas, fundamentando-se na análise da conversação (MARCUSCHI, 2000) e em estudos narratológicos (GEORGAKOPOULOU, 2015; NORRICK, 2019; WERSTCH, 2008). O corpus constitui-se de conversas e narrativas de três idosos da comunidade Arara em Teixeira de Freitas (BA). Como resultado, destacam-se as ações cooperativas dos sujeitos na composição das estórias, os engates como marca de cognição distribuída, as sobreposições como pistas de envolvimento interacional, a inter-relação entre narrativa, memória e conversação e, finalmente, elementos centrais da memória social e coletiva da comunidade em tela.
Downloads
Referências
ABREU, Eduardo Luis Biazzi de. Identidade cultural: Comunidades quilombolas do extremo sul da Bahia em questão. Revista África e Africanidades, Rio de Janeiro, [s. v.], n. 8, p. 01-12, 2010.
BAMBERG, Michael. Who am I? Narration and its contribution to self and identity. Theory & Psychology, Califórnia, Thousand Oaks, v. 21, n. 01, p. 1-22, 2010.
BASTOS, Liliana Cabral. Narrativa e vida cotidiana. Scripta, Belo Horizonte, v. 7, n. 14, p. 118-127, 2004.
BASTOS, Liliana Cabral; BIAR, Liana de Andrade. Análise de narrativa e práticas de entendimento da vida social. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 31, n. especial, p. 97-126, 2015.
BASTOS, Liliana Cabral; SANTOS, William Soares (org.). A entrevista na pesquisa qualitativa. Rio de Janeiro: Quartet: Faperj, 2013.
BONI, Valdete; QUARESMA, Silvia Jurema. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC, Santa Catarina, Florianópolis, v. 02, n. 01, p. 68-80, jan./jul., 2005.
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. 3 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
BRASIL. Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 98, p. 44-46, maio 2016. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_16.htm. Acesso em: 10 ago. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso. 3. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/ bvs/publicacoes/estatuto_idoso_3edicao.pdf. Acesso em: 10 ago. 2021.
CARMO, Bougleux Bomjardim da Silva Carmo. “Era assim que era...”: memórias, narrativas de velhos e sentidos de comunidade em Arara – Teixeira de Freitas (BA). 2021. 129f. Tese (Doutorado em Estado e Sociedade) – Programa de Pós-Graduação em Estado e Sociedade, Centro de Formação em Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do Sul da Bahia, Campus Sosígenes Costa, Porto Seguro, 2021.
CLANDININ, D. Jean; CONELLY, F. Michel. Pesquisa narrativa: experiências e história na pesquisa qualitativa. Tradução: Grupo de Pesquisa Narrativa e Educação de Professores ILEEL/UFU. Uberlândia: EDUFU, 2015.
COUTRIM, Rosa Maria da Exaltação. Algumas considerações teóricas e metodológicas sobre estudos de sociologia do envelhecimento. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p. 67- 88, 2006.
DE FINA, Anna; GEORGAKOPOULOU, Alexandra. Analyzing narrative: discourse and sociolinguistic perspectives. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.
DIONÍSIO, Ângela Paiva. Análise da conversação. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2004, p. 69-100.
FLANNERY, Mércia Regina Santana. Uma introdução à análise linguística de narrativa oral: abordagens e modelos. Coleção: Novas Perspectivas em Linguística Aplicada, v. 42. Campinas, SP: Pontes Editores, 2015.
GARCEZ, Pedro de Moraes; STEIN, Fabíola. Organização da fala-em-interação: o dispositivo para o gerenciamento de fala sobreposta na conversa cotidiana em dados de português brasileiro. Revista de estudos da linguagem, Belo Horizonte, v. 23, n. 1, p. 159-194, 2015.
GEORGAKOPOULOU, Alexandra. Small stories research. In: DE FINA, Anna; GEORGAKOPOULOU, Alexandra (orgs.). The handbook of narrative analysis. London: Willey Blackwell, 2015, p. 256-271.
GOMES, Flávio dos Santos. Mocambos e Quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. 1. ed. São Paulo: Claro Enigma, 2015 (Coleção Agenda brasileira).
GOODWIN, Charles. Narrative as talk-in-interaction. In: DE FINA, Anna; GEOGAKOPOULOU, Alexandra. The handbook of narrative analysis. London, John Wiley & Sons, 2015, p. 195-218.
HIRST, William & ECHTERHOFF, Gerald. Remembering in conversations: the social sharing and reshaping of memories. Annu. Rev. Psychol., Princeton, v. 63, n. 21, p. 01-25, 2012.
JEFFERSON, Gail. A case of precision timing in ordinary conversation: Overlapped tag-positioned address terms in closing sequences. Semiotica, [s. l.], v. 9, n. 1, p. 47-96, 1973.
JUBRAN, Clélia Spinardi. “Tópico discursivo”. In: JUBRAN, Clélia Spinardi (org.). A construção do texto falado: gramática do português culto falado no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015. p. 85-126.
KERBRAT-ORECCHIONI, Catherine. A noção de “negociação” em análise da conversação: o exemplo das negociações de identidade. Tradução de Fernando Afonso de Almeida. Gragoatá, Niterói, v. 6, n. 11, p. 157- 176, 2001.
LEVINSON, Stephen C. Pragmática. Trad. Luís Carlos Borges, Aníbal Mari. São Paulo:Martins Fontes, 2007. MARCUSCHI, Luis Antônio. Análise da conversação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2000.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. 5 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
NORRICK, Neal R. Collaborative remembering in conversational narration. Topics in Cognitive Science, [s. l.], v. 11, n. 4, p. 733-751, 2019.
OLIVEIRA, Anderson José Machado. Igreja e escravidão africana no Brasil Colonial. Cadernos de Ciências Humanas – Especiaria, Ilhéus, v. 10, n. 18, p. 355-387, jul./dez. 2007.
PAVEAU, Marie-Anne. Os pré-discursos: sentido, memória, cognição. Tradução Greciely Costa e Débora Massmann. Campinas, SP: Pontes, 2013.
PRETI, Dino (org.). O discurso oral culto. 3 ed. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005 (projetos Paralelos, v. 02).
PRETI, Dino. A linguagem dos idosos: um estudo de análise da conversação. São Paulo: Contexto, 1991.
REIS, Thais Barbosa; MORAES, Maria Dione Carvalho. Trabalho infantil, campesinato e políticas públicas. In: Jornada internacional de políticas públicas: O desenvolvimento da crise capitalista e a atualização das lutas contra a exploração, a dominação e a humilhação, 2013, 6, São Luis. Anais [...] São Luis, UFM, 2013, p. 01-10.
SACKS, Harvey. Lectures on Conversation. Oxford, Basil Blackwell, v. 1 & 2, 1992. SAID. Fábio M. História de Alcobaça: Bahia (1772-1958). São Paulo, 2010. Edição digital.
SAID. Fábio M. História de Alcobaça: Bahia (1772-1958). São Paulo, 2010. Edição digital.
SCHEGLOFF, Emanuel. Overlapping Talk and the organization of turn-taking for conversation. Language in Society, Cambrigde, v. 29, n. 1, p. 1-63, 2000.
SILVA, Caroline Rodrigues; ANDRADE, Daniela Negraes P.; OSTERMANN, Ana Cristina. Análise da conversa: uma breve introdução. ReVEL, v. 07, n. 13, p. 1-21, 2009.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos; NEGREIROS, Gil. Qual é o status tipológico da conversação? Revista (Con) Textos Linguísticos, Vitória, v. 13, n. 25, p. 79-98, 2019.
WERTSCH, James V. The Narrative Organization of Collective Memory. Ethos, Brooklyn, v. 36, n. 01, p. 120-135, 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Signótica
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.
Autoras(es) autorizam a Signótica a publicar artigo, caso seja aceito, firmando sua contribuição como original e não submetida a outra editora para publicação. Em caso de aceite e publicação, artigos da Signótica possuem licença Creative Comons CC-BY.