Imagens utópicas e distópicas do deserto e da floresta em Euclides da Cunha
DOI:
https://doi.org/10.5216/sig.v23i1.16148Resumo
Este estudo aborda duas questões principais na obra de Euclides da Cunha. A primeira se refere às imagens utópicas e distópicas criadas pelo autor para descrever e narrar a floresta amazônica; e a segunda, também ligada aos escritos de Euclides sobre a Amazônia, remete-se a matrizes linguísticas de duplicação empregadas por ele tanto em Os sertões como em À margem da história. Discorrendo sobre o significado que o seu livro incompleto e não publicado, Um paraíso perdido, pode gerar quando esmiuçado como projeto grandioso e nunca acabado, este ensaio tenta demonstrar as dificuldades que Euclides confronta ao estudar como cientista a complexidade da natureza amazônica e sua relação com os seus habitantes; e como artista, sua relutância e oscilação entre uma representação favorável e outra completamente oposta do universo da floresta. Projeto inacabado, Um paraíso perdido seguiu como concepção livresca as mesma linhas que Euclides traçou para Os sertões. A obra tão ambicionada, cujo projeto foi abruptamente abortado sem se saber exatamente por que, sinaliza em princípio um forte desejo já expresso em Os sertões: o de ser um livro, novamente, vingador. Tal compromisso social valoriza ainda mais o perfil de Euclides como escritor de denúncias sociais e se soma às suas conhecidas qualidades de homem de ciências e letras. Sempre ajustados a uma dicção clássica e inusitada no seu peculiar discurso, os seus textos tanto em Os sertões como em À margem da história primam por uma característica comum. Em ambos, Euclides emprega fórmulas linguísticas que se repetem, deixando-se ver um modo de pensar e de escritura que faz aproximar, cultural e artisticamente, duas regiões geralmente consideradas antinômicas, o deserto e a floresta.Downloads
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Publicado
2011-11-08
Como Citar
BERNUCCI, L. M. Imagens utópicas e distópicas do deserto e da floresta em Euclides da Cunha. Signótica, Goiânia, v. 23, n. 1, p. 107–124, 2011. DOI: 10.5216/sig.v23i1.16148. Disponível em: https://revistas.ufg.br/sig/article/view/16148. Acesso em: 26 dez. 2024.
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