Consumo de Bebidas Adoçadas com Açúcar e Desigualdade de Renda

uma análise para os domicílios brasileiros

Autores

  • Bárbara Bueno de Oliveira
  • Lara Ramos Maciel Universidade Federal de Goiás
  • Larissa Barbosa Cardoso Universidade Federal de Goiás

Palavras-chave:

Bebida adoçada com açúcar, Desigualdade de renda, Curva de concentração

Resumo

O consumo de bebidas adoçadas com açúcar é uma crescente preocupação de saúde pública devido aos seus impactos negativos potenciais sobre a saúde. O consumo dessas bebidas pode exacerbar disparidades existentes em saúde entre diferentes grupos socioeconômicos. Esse artigo investiga a desigualdade de renda associada ao consumo de bebidas adoçadas com açúcar (BAA) no Brasil. Utilizando microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017/2018, foi calculado o índice e a curva de concentração do consumo dessas bebidas, especificamente refrigerantes e sucos adoçados, registrados por domicílio. Os resultados revelam que a prevalência e a média de consumo são mais altas nos estratos de renda mais elevados. O índice de concentração de 0,25 e a curva de concentração, situada abaixo da linha de 45º (linha de igualdade), indicam uma distribuição desigual do consumo de BAA, concentrada nos níveis mais altos de renda. Esses achados destacam a necessidade de políticas direcionadas para mitigar a desigualdade no consumo, com vistas a promover a equidade em saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANDRADE, M. V. et al. Desigualdade socioeconômica no acesso aos serviços de saúde no Brasil: um estudo comparativo entre as regiões brasileiras em 1998 e 2008. Economia Aplicada, v. 17, n. 4, p. 623-645, 2013.

BACHMAN, C. M.; BARANOWSKI, T.; NICKLAS, T. A. Is there an association between sweetened beverages and adiposity? Nutrition reviews, v. 64, n. 4, p. 153-174, 2006.

BALEM, T. et al. A alimentação frente às “demandas” de uma sociedade moderna e de consumo. 2016

BEZERRA, I. N. et al. Consumo de alimentos fora do domicílio no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 47, p. 200s-211s, 2013.

BIELEMANN, R. M. et al. Consumo de alimentos ultraprocessados e impacto na dieta de adultos jovens. Revista de Saúde Pública, v. 49, p. 28, 2015.

BOLT-EVENSEN, K. et al. Consumption of sugar-sweetened beverages and artificially sweetened beverages from childhood to adulthood in relation to socioeconomic status–15 years follow-up in Norway. international journal of behavioral nutrition and physical activity, v. 15, n. 1, p. 1-9, 2018.

BORTOLINI, G. A. et al. Ações de alimentação e nutrição na atenção primária à saúde no Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 44, p. e39, 2020.

CHEN, L. Sugar-sweetened beverages and cardiovascular disease. Current Nutrition Reports, v. 1, n. 2, p. 109-114, 2012.

CLARO, R. M. Influência da renda familiar e dos preços dos alimentos sobre a composição da dieta consumida nos domicílios brasileiros. 2010. Tese (Doutorado em Nutrição em Saúde Pública) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível:<https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-28092010-112102/pt-br.php>. Acesso em: 29 out.2021.

HAN, E.; KIM, T. H.; POWELL, L. M. Beverage consumption and individual-level associations in South Korea. BMC Public Health, v. 13, n. 1, p. 1-10, 2013.

HAN, E.; POWELL, L. M. Consumption patterns of sugar-sweetened beverages in the United States. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, v. 113, n. 1, p. 43-53, 2013.

HERRAN, O. F.; PATIÑO, G. A.; GAMBOA, E. M. Consumption of sweetened-beverages and poverty in Colombia: when access is not an advantage. BMC public health, v. 18, n. 1, p. 1-9, 2018.

HUANG, C. et al. Sugar sweetened beverages consumption and risk of coronary heart disease: a meta-analysis of prospective studies. Atherosclerosis, v. 234, n. 1, p. 11-16, 2014.

HU, F. B. Resolved: there is sufficient scientific evidence that decreasing sugar‐sweetened beverage consumption will reduce the prevalence of obesity and obesity‐related diseases. Obesity reviews, v. 14, n. 8, p. 606-619, 2013.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de Orçamento Familiar 2008 - 2009: Aquisição alimentar domiciliar per capita. Rio de Janeiro, 2010. <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv47307.pdf>.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa de Orçamento Familiar 2017/18: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2020

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: despesas, rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

KAKWANI, N. On a class of poverty measures. Econometrica: Journal of the Econometric Society, p. 437-446, 1980.

KAKWANI, N. C. 1977. “Applications of Lorenz Curves in Economic Analysis,”. Econometrica, 45: 719–727.

LEAN, M. EJ; TE MORENGA, L. Açúcar e diabetes tipo 2. Boletim médico britânico, v. 120, n. 1, pág. 43-53, 2016.

LERMAN, R. I.; YITZHAKI, S. Improving the accuracy of estimates of Gini coefficients. Journal of econometrics, v. 42, n. 1, p. 43-47, 1989.

LEVY-COSTA, R. B. et al. Household food availability in Brazil: distribution and trends (1974-2003). Revista de Saude publica, v. 39, p. 530-540, 2005.

LOUZADA, M. L. C. et al. Alimentos ultraprocessados e perfil nutricional da dieta no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 49, 2015.

MALIK, V. S., POPKIN, B. M., BRAY, G. A., DESPRÉS, J. P., WILLET, W. C., & HU, F. B. (2010). Sugar-sweetened beverages and risk of metabolic syndrome and type 2 diabetes: a meta-analysis. Diabetes care, 33(11), 2477–2483.

MALIK, V. S., Pan, A., WILLET, W. C., & HU, F. B. (2013). Sugar-sweetened beverages and weight gain in children and adults: a systematic review and meta- analysis. The American journal of clinical nutrition, 98(4), 1084–1102.

MARRIOTT, B. P. et al. Trends in intake of energy and total sugar from sugar-sweetened beverages in the United States among children and adults, NHANES 2003–2016. Nutrients, v. 11, n. 9, p. 2004, 2019.

MARTINS, A. P. B. et al. Participação crescente de produtos ultraprocessados na dieta brasileira (1987-2009). Revista de Saúde Pública, v. 47, p. 656-665, 2013.

MASTRANGELO, M. E. de M. T. Qualidade da dieta segundo o consumo de bebidas adoçadas da população brasileira. 2019. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

MENDEZ, M. A. et al. Persistent disparities over time in the distribution of sugar-sweetened beverage intake among children in the United States. The American journal of clinical nutrition, v. 109, n. 1, p. 79-89, 2019.

MONTEIRO, C. A. Nutrition and health. The issue is not food, nor nutrients, so much as processing. Public health nutrition, v. 12, n. 5, p. 729-731, 2009.

MOURAO, D. M. et al. Effects of food form on appetite and energy intake in lean and obese young adults. International journal of obesity, v. 31, n. 11, p. 1688-1695, 2007.

O’DONNELL, O. et al. Multivariate analysis of health survey data: analyzing health equity using household survey data. World Bank, 2008.

PEREIRA, R. A., K. J. DUFFEY, R. SICHIERI, and B. M. POPKIN. 2014. “Sources of Excessive Saturated Fat, Trans Fat and Sugar Consumption in Brazil: An Analysis of the First Brazilian Nationwide Individual Dietary Survey.” Public Health Nutr. 17 (1): 113–121.

RAO, C. R. A teoria dos mínimos quadrados quando os parâmetros são estocásticos e sua aplicação à análise de curvas de crescimento. Biometrika , v. 52, n. 3/4, pág. 447-458, 1965.

SILVA, D. C. G. da et al. Consumo de bebidas açucaradas e fatores associados em adultos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 899-906, 2019.

SILVEIRA, L. M. V. da. Associação de bebidas adoçadas com açúcar ou adoçantes artificiais com diabetes mellitus tipo 2, avaliando possíveis influências geográficas: revisão sistemática e meta-análise. 2016.

SINGH, G. M. et al. Global, regional, and national consumption of sugar-sweetened beverages, fruit juices, and milk: a systematic assessment of beverage intake in 187 countries. PloS one, v. 10, n. 8, p. e0124845, 2015.

SOUZA, A. V. de et al. Desigualdades relacionadas à renda dos estilos de vida da população brasileira: uma análise com base na Pesquisa Nacional de Saúde 2013. 2019.

TRIACA, L. M.; DOS SANTOS, A. M. A.; TEJADA, C. A. O. Socioeconomic inequalities in obesity in Brazil. Economics & Human Biology, v. 39, p. 100906, 2020.

WORLD BANK. Taxes on Sugar-Sweetened Beverages: Summary of International Evidence and Experiences. 2020.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guideline: Sugars intake for adults and children. Geneva: World Health Organization, 2015.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: preventing and managing the global epidemic. 2000.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guidelines on physical activity and sedentary behaviour. Br J Sports Med. 2020

YAZDI-FEYZABADI, V.; RASHIDIAN, A.; RARANI, M. A. Socio-economic inequality in unhealthy snacks consumption among adolescent students in Iran: a concentration index decomposition analysis. Public health nutrition, v. 22, n. 12, p. 2179-2188, 2019.

Downloads

Publicado

2024-10-15

Como Citar

BUENO DE OLIVEIRA, B.; RAMOS MACIEL, L.; CARDOSO, L. B. Consumo de Bebidas Adoçadas com Açúcar e Desigualdade de Renda: uma análise para os domicílios brasileiros. Revista de Economia do Centro-Oeste, Goiânia, v. 9, n. 1, p. 76–96, 2024. Disponível em: https://revistas.ufg.br/reoeste/article/view/80136. Acesso em: 19 out. 2024.

Edição

Seção

Artigos