O debate Gudin/Simonsen paralelo ao debate do cálculo econômico socialista

Autores

  • Rafael Galvão Almeida Cedeplar/UFMG

DOI:

https://doi.org/10.5216/reoeste.v1i2.37695

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar o contexto histórico do debate entre Roberto Simonsen e Eugênio Gudin sobre o papel do planejamento estatal na economia brasileira do pós-guerra. Ambos tinham visões diferentes de como se realizaria o desenvolvimento da economia brasileira: Simonsen defendia a intervenção ativa do Estado com o fim de fechar gargalos de produção e coordenar esforços de forma a aumentar a eficiência da produção brasileira; Gudin defendia a adoção de medidas de liberalização e incentivo à iniciativa privada. A oposição entre eles prefigura o antagonismo entre desenvolvimentismo e neoliberalismo. Tais posições assemelham bastante com as posições adotadas por socialistas e liberais durante o debate sobre o cálculo socialista que ocorreu uma década antes. Embora Simonsen tenha sido influenciado por outras tradições, ele defendeu as aplicações práticas de planejamento que emergiram daquele debate, Gudin foi diretamente influenciado pelas posições liberais, chegando a citar Hayek, Mises, Robbins e outros.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rafael Galvão Almeida, Cedeplar/UFMG

Doutorando em economia pelo Cedeplar/UFMG

Referências

ABREU, A. A. O nacionalismo de Vargas ontem e hoje. In: D’ARAUJO, M. C. (org.) As instituições brasileiras da Era Vargas. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, Ed. Fundação Getulio Vargas, 1999, p. 119-136.

______. Crise, crescimento e modernização autoritária: 1930-1945. In: ______. (org.). A ordem do progresso: Cem anos de política econômica e republicana, 1889-1989. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990, p. 73-104.

AGAFANOW, A.; HAARSTAD, H. El socialismo del siglo XXI: ¿ Uma alternativa factible? Revista de Economía Institucional, v. 11, n. 20, p. 287-307, 2009.

AQUINO, A. I Congresso Brasileiro de Economia 1943: atores, intelectuais e ideologias na constituição de uma consciência de classe entre os industriais e a consolidação do projeto industrialista. Plural, v. 17, n. 1, p. 59-88, 2010.

BAER, W. A economia brasileira. Tradução de Edite Sciulli. 3ª edição revista, ampliada e atualizada. São Paulo: Nobel, 2009. [1995].

BARBIERI, F. História do debate do cálculo socialista. São Paulo: USP, 2004. (Tese de Doutorado), 2004.

______. A retomada do debate do cálculo econômico socialista: economia da informação, escolha pública e a crítica austríaca. Estudos Econômicos, v. 42, n. 2, p. 401-427, 2012.

BIEHL, D. Wagner’s law: an introduction to and a translation of the last version of Adolph Wagner’s text of 1911. Journal of European Economy, v. 3, n. 1, p. 5-15, 2004.

BIELSCHOWSKY, R. Pensamento econômico brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo. 5ª edição. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000. [1988].

BURCZAK, T. A. Socialism after Hayek. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2006.

BYLUND, P. L. Ronald Coase’s ‘Nature of the Firm’ and the argument for economic planning. Journal of the History of Economic Thought, v. 36, n. 3, p. 305-329, 2014.

CALDWELL, B. Hayek and socialism. Journal of Economic Literature, vol. 35, p. 1856-1890, 1997.

CANO, W. Da década de 1920 à de 1930: Transição rumo à crise e à industrialização. Revista de Políticas Públicas, v. 16, n. 1, p. 79-90, 2012.

CAVALIERI, M. A. R.; CURADO, M. L. As influências norte-americanas de Roberto Simonsen: controle social, institucionalismo e planejamento. Estudos Econômicos, no prelo.

GUIMARÃES, B. A riqueza da nação no século XXI. [s.l.]: Publicação própria, 2015. Edição Kindle.

HAYEK, F. Economics and knowledge. 1937. In: _____. Individualism and economic order. Chicago: University of Chicago Press, 1980, p. 33-56.

______. The use of knowledge in society. 1945. In: _____. Individualism and economic order. Chicago: University of Chicago Press, 1980, p. 77-91.

LANGE, O. On the economic theory of socialism: Part One. The Review of Economic Studies, v. 4, no. 1, p. 53-71, 1936.

______. The Computer and the Market. In: FEINSTEIN, C. H. Socialism, capitalism and economic growth: Essays presented to Maurice Dobb. Cambridge: Cambridge University Press, 1967, p. 158-161.

LAVOIE, D. Political and economic illusions of socialism. Critical Review, v. 1, n. 1, p. 1-35, 1986.

LOPES, T. C. Da controvérsia ideológica entre Simonsen e Gudin ao debate sobre o planejamento econômico no Brasil. Revista de Economia Política e História Econômica, v. 9, n. 30, 135-172, 2013.

MAZAT, N. Resenha: Teoria do Protecionismo e da Permuta Internacional. Oikos, v. 10, n. 2, p. 294-300, 2011.

MISES, L. Economic calculation in the socialist commonwealth. 1920. Disponível em http://mises.org/pdf/econcalc.pdf , acessado em 15 de fevereiro de 2010.

RIDENTE, M. Vinte anos após a queda do muro: a reencarnação do desenvolvimentismo no Brasil. Revista USP, n. 84, p. 50-57, 2010.

ROBERTS, P. C. Oskar Lange’s theory of socialist planning. Journal of Political Economy, v. 79, n. 3, p. 562-577, 1971.

RODRIGUES, C. H. L. A questão do protecionismo no debate entre Roberto Simonsen e Eugênio Gudin. Campinas: Unicamp, 2005. (Dissertação de Mestrado), 2005.

SIMONSEN, R. C.; GUDIN, E. A controvérsia do planejamento na economia brasileira. 3ª edição. Brasília: IPEA, 2013. [1977].

SUZIGAN, W. Notas sobre o desenvolvimento industrial e política econômica no Brasil na década de 30. Revista de Economia Política, v. 4, n. 1, p. 132-143, 1984.

Downloads

Publicado

2015-12-01

Como Citar

ALMEIDA, R. G. O debate Gudin/Simonsen paralelo ao debate do cálculo econômico socialista. Revista de Economia do Centro-Oeste, Goiânia, v. 1, n. 2, p. 35–53, 2015. DOI: 10.5216/reoeste.v1i2.37695. Disponível em: https://revistas.ufg.br/reoeste/article/view/37695. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos