República mista e transparência política em O Ano 2440
a utopia futurista de Mercier
DOI:
https://doi.org/10.5216/phi.v28i1.76062Palabras clave:
Mercier; utopia; república mista; transparência política.Resumen
O Ano 2440, de Louis-Sébastien Mercier, foi publicado pela primeira vez em 1771, tornando-se um verdadeiro best-seller da França pré-revolucionária. Em sua obra de fantasia utópica, Mercier faz o narrador da história relatar seu sonho extraordinário com a Paris do século XXV, o que permitiu ao autor realizar um exercício literário para idealizar um tempo vindouro repleto de aprimoramentos sociais, políticos e morais. Não é difícil ver que as características centrais dessa ficção futurista estão profundamente enraizadas em valores pregados pelo pensamento iluminista, e com uma dose substancial de inspiração republicana. A França de 2440 parece figurar como o resultado inevitável do progresso das Luzes, uma época em que a opressão política e os outros males do Antigo Regime teriam sido definitivamente expurgados. Diante disso, pretendo analisar alguns dos principais elementos da obra, no intuito de discutir as concepções de Mercier que configuram sua visão de uma sociedade bem-ordenada, a partir dos ideais políticos que informam tanto suas críticas às condições vigentes no século XVIII, quanto as soluções que ele aponta para a superação dos erros que enxergava nesse quadro. Entre essas soluções, destacarei a estrutura da república mista que perpassa a organização dos poderes na constituição dessa utopia, juntamente com diversas formas de transparência política que propiciariam a visibilização e a responsabilização dos atos de seus agentes públicos.
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