FORMA LÓGICA DAS PROPOSIÇÕES CIENTÍFICAS E ONTOLOGIA DA PREDICAÇÃO: UM FALSO DILEMA <em>NOS SEGUNDOS ANALÍTICOS</em> DE ARISTÓTELES
DOI:
https://doi.org/10.5216/phi.v19i2.31175Palavras-chave:
Aristóteles, Predicação, Demonstração, Silogismo.Resumo
Nos Segundos Analíticos, Aristóteles impõe alguns requisitos à formulação de proposições científicas: (i) seus termos têm de poder desempenhar tanto a função de sujeito como de predicado; (ii) seus termos devem ser universais; (iii) toda demonstração envolve sujeitos “primeiros”, designados por termos que não podem “ser ditos de um subjacente distinto”. Diversos intérpretes, inspirados por teses do tratado das Categorias, julgaram que este terceiro requisito remete a nomes ou descrições de substâncias particulares como sujeitos básicos de enunciados predicativos, por se tratar de termos que não podem desempenhar a função lógica de predicado. Esta leitura, porém, coloca o terceiro requisito em conflito com os dois primeiros. Argumentarei que a mencionada interpretação está equivocada e que este terceiro requisito não atribui a termos singulares o papel de sujeitos básicos do discurso científico, mas apenas reconhece uma certa prerrogativa de predicados substanciais para ocorrerem em locuções denotativas. Consequentemente, as três exigências de Aristóteles revelar-se-ão compatíveis entre si.
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