BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS ISOLADAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL ESCOLA DE GOIÂNIA
DOI:
https://doi.org/10.5216/rpt.v34i3.3439Resumo
As infecções hospitalares representam um agravo de grande significado epidemiológico tanto no contexto de Saúde Pública como no da assistência hospitalar. Elas elevam as taxas de morbimortalidade, ampliam o tempo de permanência dos pacientes no hospital e, conseqüentemente, oneram os custos do tratamento e têm conseqüências irreparáveis, seja do ponto de vista humano, econômico ou social. As Unidades de Terapia Intensiva são setores onde os índices de infecção hospitalar podem ser mais elevados, o que geralmente resulta da interação entre microrganismos, meio ambiente e deficiência dos fatores de defesa dos pacientes. As superfícies inanimadas de um hospital podem servir como reservatório e fonte de bactérias potencialmente patogênicas. Em razão disso, este trabalho teve como objetivo isolar e identificar bastonetes Gram-negativos de amostras oriundas de bandejas, camas e equipos de soro de uma Unidade de Terapia Intensiva, estabelecer a freqüência, o percentual e o perfil de suscetibilidade in vitro dos isolados ante oito antimicrobianos mais empregados no tratamento de infecções causadas por bastonetes Gram-negativos, de acordo com a localização e a gravidade da infecção. A coleta de 599 amostras de superfícies inanimadas foi realizada em uma UTI de um hospital-escola de Goiânia (GO), no período compreendido entre abril de 2003 e abril de 2004. O projeto foi submetido à avaliação da Comissão de Ética e Pesquisa e recebeu parecer favorável. Swabs umedecidos em solução salina a 0,85% esterilizada foram friccionados sobre bandejas de aço inoxidável, grades laterais de camas e equipos de soro utilizados pelos pacientes e, em seguida, inoculados em caldo Brain Heart Infusion (BHI) e incubados a 37°C por 72 horas. Observando-se a turvação do caldo BHI, 25 microlitros foram inoculados com alça bacteriológica em ágar MacConkey. As placas semeadas foram incubadas a 37°C por 24 a 48 horas. As colônias desenvolvidas foram submetidas a observações macroscópicas, microscópicas (Gram) e identificação bioquímica. O perfil de suscetibilidade dos microrganismos isolados foi determinado pelo método de difusão em disco (Kirby-Bauer), de acordo com as recomendações do NCCLS, tendo sido realizados testes com gentamicina, amicacina, ceftazidima, amoxicilinaassociada ao ácido clavulânico, cloranfenicol, sulfametoxazol-trimetoprim, ciprofloxacina e imipenem. Em 119 (43,3%) das 275 amostras obtidas de bandejas, foram detectados bastonetes Gram-negativos, entre os quais 111 foram identificados: 49 (44,1%) enterobactérias e 62 (55,9%) não-fermentadores. Das 275 amostras obtidas de camas, 125 (45,5%) apresentaram crescimento de bastonetes Gram-negativos, dos quais 118 foram identificados: 47 (39,8%) enterobactérias e 71 (60,2%) não-fermentadores. Entre as 49 amostras de equipos de soro, 11 (22,4%) apresentaram crescimento de bastonetes Gram-negativos, que foram assim identificados: quatro (36,4%) enterobactérias e sete (63,6%) não-fermentadores. Pseudomonas aeruginosa foi encontrada em 131 (21,9%) das 599 superfícies inanimadas avaliadas, sendo isoladas em 21,1%, 24,4% e 12,2% das amostras de bandejas, camas e equipos de soro, respectivamente. A maioria das bactérias isoladas apresentou resistência aos antimicrobianos tradicionalmente ativos e comumente utilizados na prática médica, como amoxicilina associada ao ácido clavulânico, ceftazidima, gentamicina, amicacina e ciprofloxacina. Imipenem foi considerado o antimicrobiano de maior atividade in vitro. Os resultados forneceram contribuições importantes, sobretudo porque indicam a necessidade de limpeza das superfícies inanimadas no ambiente hospitalar. Com a verificação da resistência das bactérias Gram-negativas aos agentes antimicrobianos, procedimentos básicos de higiene e limpeza são importantes para a redução dos índices de infecção hospitalar nas Unidades de Terapia Intensiva.
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