Retórica e crítica documental na escrita biográfica da Academia Real das Ciências de Lisboa (1806-1835)
DOI:
https://doi.org/10.5216/hr.v30i1.82322Palavras-chave:
Biografia, Retórica, Crítica históricaResumo
Este estudo examina a introdução da crítica documental na escrita biográfica da Academia Real das Ciências de Lisboa. Criada no reinado da rainha D. Maria I, em 1779, a agremiação publicou em suas coleções Memórias de Literatura (1792-1814) e História e Memórias (1792-1835) escritos sobre a vida e as obras de personalidades da História de Portugal. Tais coleções periódicas sintetizaram o esforço e o ineditismo do projeto que concebeu o estudo científico da história portuguesa na primeira metade do século XIX. Nesse movimento, a escrita biográfica, vinculada tradicionalmente aos preceitos do gênero retórico-poético, passou a incorporar as reflexões científicas instituídas no programa das ciências naturais. A ênfase dada a autoridade do “documento autêntico”, no estudo científico das letras, possibilitou que se constituísse na escrita biográfica uma concepção moderna de evidência histórica que passou a coexistir com uma outra mais antiga, a evidência formulada pelos métodos da retórica clássica.
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