O Povo Guarani Mbya no Brasil

direitos históricos e resistência cultural

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/hr.v29i2.77114

Palavras-chave:

Etnoidentidade Guarani Mbya, resistência cultural, realidade histórico-social brasileira

Resumo

A partir de pesquisas etnográficas e históricas realizadas nas aldeias Mbya, situadas na Mata Atlântica paulista, identifica-se a sociabilidade indígena como expressão de resistência cultural, conectada a memórias sagradas, próprias da ancestralidade do povo Guarani. As práticas culturais dão origem a expressões educativas, implicando desempenhos comunitários enraizados na tradição e na comunicação com as divindades. Implicam, ademais, um movimento de autoafirmação étnica e de continuidade histórica, a partir de uma concepção mítica, antitética à cultura envolvente – a dos jurua, "os civilizados". O modelo analítico privilegia o conceito de etnoidentidade, que, em sua abrangência ampliada, passou a ocupar o papel central para a compreensão dos mecanismos de interação social capazes de mobilizar seletivamente “fronteiras” coletivas, as quais colocam o homem como parte integrante de um sistema complexo de relações, ao mesmo tempo em que consideram que a sua existência social e a sua sobrevivência biológica dependem de marcas distintivas.

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Biografia do Autor

Alzira Lobo de Arruda Campos, Universidade Santo Amaro (UNISA), Vitória, Espírito Santo, Brasil, loboarruda@hotmail.com

Mestra em Antropologia Social (USP); Doutora em Psicologia Social (PUC-SP); docente do Programa em Ciências Humanas, nível Mestrado (UNISA)

Antonio Carlos Morato, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil, moratoac@usp.br

Advogado e Professor Universitário. Leciona as disciplinas de Direito Civil e de Direito de Autor na Sociedade da Comunicação (período noturno) na graduação bem como a disciplina de Direitos Intelectuais. Direito de Autor no Terceiro Milênio: do mecenato às novas tecnologias na Sociedade da Informação na pós-graduação (Mestrado e Doutorado) da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - USP (Largo de São Francisco). Leciona igualmente a disciplina de Responsabilidade civil na área da Saúde: aspectos materiais e processuais no Mestrado Acadêmico em Direito Médico da Universidade Santo Amaro (UNISA). Acadêmico da Academia Paulista de Direito (cadeira 78). É livre-docente, doutor e mestre em Direito Civil pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). É membro da Comissão de Especialistas do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo (CEE). Atualmente preside a Comissão de Propriedade Intelectual da 100a Subseção da OAB/SP (Ipiranga). Foi indicado como um dos advogados mais admirados do Brasil em 2017 e 2019 na área de Direito da Comunicação e Entretenimento (Análise Advocacia 500 (Análise Editorial)) e exerceu os cargos de Diretor da Escola Paulista de Advocacia do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) (2010-2012), de Secretário Adjunto na Diretoria da 100a Subseção da OAB/SP (Ipiranga) (2016-2018), de Chefe do Departamento de Direito Civil da Faculdade de Direito do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) (2006-2010), de Avaliador Institucional do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) / Ministério da Educação (MEC) (2004-2010), assim como o de Vice-Presidente da Comissão de Direitos Autorais e de Direito do Entretenimento da Seccional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP) (2013-2015 e 2016-2018

Marília Gomes Ghizzi Godoy, Universidade Santo Amaro (UNISA), Vitória, Espírito Santo, Brasil, mgggodoy@yahoo.com.br

Mestra em Antropologia Social (USP); Doutora em Psicologia Social (PUC-SP); docente do Programa em Ciências Humanas, nível Mestrado (UNISA

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Publicado

2025-04-07 — Atualizado em 2025-04-15

Versões

Como Citar

CAMPOS, A. L. de A.; MORATO, A. C.; GODOY, M. G. G. O Povo Guarani Mbya no Brasil: direitos históricos e resistência cultural. História Revista, Goiânia, v. 29, n. 2, p. 278–299, 2025. DOI: 10.5216/hr.v29i2.77114. Disponível em: https://revistas.ufg.br/historia/article/view/77114. Acesso em: 21 abr. 2025.