A PAZ DE DEUS NO MIDI DA FRANÇA NO SÉCULO XII - doi:10.5216/hr.v19i1.23577
DOI:
https://doi.org/10.5216/hr.v19i1.23577Palavras-chave:
Paz, Bispos, Midi da FrançaResumo
Fenômeno emblemático da “primeira idade feudal” (900-1050), a Paz e a Trégua de Deus têm suscitado o interesse de gerações de estudiosos desde o século XIX. Habitualmente, considera-se que as iniciativas de pacificação dos bispos e dos abades perderam força progressivamente em meados do século XI para logo ceder lugar a “paz do rei” ou dos príncipes. Entretanto, alguns estudos antigos, frequentemente esquecidos hoje em dia, revelaram que os bispos do sul da França tinham, ao curso do século XII, reativado as normas de paz e de trégua por ocasião de concílios onde figuravam igualmente representantes da aristocracia regional. Estes trabalhos se detiveram, todavia, em certos aspectos característicos destas pazes do século XII – como o estabelecimento de uma fiscalidade especifica ou bem o recrutamento de “milícias” encarregadas da manutenção da ordem – quando não adotaram uma abordagem monográfica limitada ao quadro diocesano. Desde então, Thomas Bisson tem sugerido, mais do que verdadeiramente demonstrado, a passagem da “paz santificada” a “paz institucionalizada”. Trata-se aqui de retomar esta linha de leitura sobre a longa duração, mostrando que, do século X ao século XII, as normas e paz e de trégua continuaram vivas no sul da França sem verdadeira interrupção. Importa determinar em que estas pazes do século XII se inscrevem na continuidade daquelas do Ano Mil e as modalidades de sua “institucionalização”. A fim de voltar a uma definição “apurada” da Paz de Deus, cuja compreensão tem frequentemente sido confundida por uma abordagem muito extensa do fenômeno, trataremos aqui exclusivamente dos concílios reunidos pelos bispos que visaram editar ou relembrar as normas de pacificação. A questão da paz, fundamentalmente ligada à manutenção da ordem e da justiça, determinou as relações entre os bispos e a alta aristocracia. A abordagem alargada do conjunto do sul da França permite, todavia, sugerir que estas interações entre “Paz de Deus” e “paz do príncipe” responderam a lógicas e a tradições políticas próprias de cada principado.
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