A ocupação humana da ilha de Marajó como problema científico
Domingos Soares Ferreira Penna (1818-1888) e as origens da arqueologia marajoara
DOI:
https://doi.org/10.5216/hawo.v5.81009Palavras-chave:
Arqueologia, Arquipélago de Marajó, Museu Paraense, Museu Nacional do Rio de Janeiro, ColeçãoResumo
O artigo analisa a atuação do político e naturalista mineiro Domingos Soares Ferreira Penna (1818-1888) na pesquisa arqueológica no arquipélago de Marajó. Demonstra-se a rede de relações estabelecida por Penna, a qual incluía naturalistas, políticos e habitantes locais, com o propósito de iniciar as pesquisas científicas e divulgar os tesos marajoaras e os vestígios neles enterrados ao público nacional e estrangeiro. Destaca-se, sobretudo, a interlocução de Penna com Charles Frederick Hartt, Orville Derby, Joseph Beal Steere, William Barnard e Ladislau de Souza Mello Netto, sujeitos que consolidaram o Marajó como campo relevante para investigações arqueológicas. A análise dessa rede revela que, desde as primeiras pesquisas arqueológicas na região, na década de 1870, houve tentativas de proteger os tesos e seus vestígios, além de disputas pela liderança na construção do conhecimento e no acesso à cultura material de povos indígenas pretéritos.
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