A ocupação humana da ilha de Marajó como problema científico

Domingos Soares Ferreira Penna (1818-1888) e as origens da arqueologia marajoara

Autores

  • Lucas Monteiro Museu Paraense Emílio Goeldi, Pará, Belém, Brasil, araujo_lucas@outlook.com
  • Nelson Sanjad Museu Paraense Emílio Goeldi, Pará, Belém, Brasil, nsanjad@museu-goeldi.br

DOI:

https://doi.org/10.5216/hawo.v5.81009

Palavras-chave:

Arqueologia, Arquipélago de Marajó, Museu Paraense, Museu Nacional do Rio de Janeiro, Coleção

Resumo

O artigo analisa a atuação do político e naturalista mineiro Domingos Soares Ferreira Penna (1818-1888) na pesquisa arqueológica no arquipélago de Marajó. Demonstra-se a rede de relações estabelecida por Penna, a qual incluía naturalistas, políticos e habitantes locais, com o propósito de iniciar as pesquisas científicas e divulgar os tesos marajoaras e os vestígios neles enterrados ao público nacional e estrangeiro. Destaca-se, sobretudo, a interlocução de Penna com Charles Frederick Hartt, Orville Derby, Joseph Beal Steere, William Barnard e Ladislau de Souza Mello Netto, sujeitos que consolidaram o Marajó como campo relevante para investigações arqueológicas. A análise dessa rede revela que, desde as primeiras pesquisas arqueológicas na região, na década de 1870, houve tentativas de proteger os tesos e seus vestígios, além de disputas pela liderança na construção do conhecimento e no acesso à cultura material de povos indígenas pretéritos.

Biografia do Autor

Lucas Monteiro, Museu Paraense Emílio Goeldi, Pará, Belém, Brasil, araujo_lucas@outlook.com

Doutor em Antropologia Social (PPGA/UFPA). Bolsista de Capacitação Institucional no Museu Paraense Emílio Goeldi. araujo_lucas@outlook.com. https://orcid.org/0000-0002-0956-764X. http://lattes.cnpq.br/3796175768761058

Nelson Sanjad, Museu Paraense Emílio Goeldi, Pará, Belém, Brasil, nsanjad@museu-goeldi.br

Doutor em História da Ciência e da Saúde (Fiocruz). Tecnologista Sênior no Museu Paraense Emílio Goeldi.nsanjad@museu-goeldi.br.  http://lattes.cnpq.br/9110037947248805. https://orcid.org/0000-0002-6372-1185

Referências

AGASSIZ, L.; AGASSIZ, E. C. Journey to Brazil. Boston: Ticknor and Fields, 1868.

AMORIM, L. B. Dois museus e uma coleção: deslocamentos, disputas e identidades na trajetória de objetos arqueológicos da cultura marajoara. 2019. Tese (Doutorado em Museologia). Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2019.

ANTUNES, A. A rede dos invisíveis: uma análise dos auxiliares na expedição de Louis Agassiz ao Brasil (1865-1866). 2015. Dissertação (Mestrado em História das Ciências). Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, 2015.

ARAÚJO, L. M. As “notas” de William Barnard e a arqueologia marajoara. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 18, n. 3, p. 1-18, 2023.

ARAUJO, L. M. O que os viajantes levaram: a cultura material marajoara em invenção nos museus brasileiros e norte-americanos. 2021. Tese (Doutorado em Antropologia Social). Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Pará, 2021.

BARRETO, C. Um passado pré-colonial: uma breve história da Arqueologia no Brasil. Revista da USP, n. 44, p. 32-51, 2000.

BELTRÃO, J. F. Cólera, o flagelo da Belém do Grão-Pará. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2004.

BRICE, W. R. Cornell Geology through the years. Ithaca: College of Engineering, 1989.

CARVALHO, J. M. A construção da ordem: a elite política imperial. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CASTRO, F. S. Memorias sobre o Japiim (pássaro que habita todo o Brazil e as Guianas, conhecido no norte do Império pelo nome de “checheo”). Anais da Academia Real de Ciências de Estocolmo, 1865a.

CASTRO, F. S. Notas sobre a droga “Uiary” ou Curare. Anais da Academia Real de Ciências de Estocolmo, 1865b.

COELHO, A. C. A. et al. “Uma Indústria Ausente”: a região da Amazônia na exposição internacional de Londres (1862). Revista Casa da Geografia de Sobral, v. 21, n. 1, p. 165-181, 2019.

COSTA, E. L. D. As terapias do “Doutor Limonada”: medicina oficial e as práticas de cura populares na Amazônia oitocentista. 2024. Dissertação (Mestrado em História das Ciências). Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, 2024.

CUNHA, A. L. F. Relatorio Geral da Exposição Nacional de 1861 e Relatorios dos Jurys Especiaes, colligidos e publicados por deliberação da Commissão Directora pelo secretario Antonio Luiz Fernandes da Cunha. Rio de Janeiro: Typ. do Diário do Rio de Janeiro, 1862.

CUNHA, O. R. Talento e Atitude: estudos biográficos do Museu Emílio Goeldi. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 1989.

FERREIRA, L. M. Território primitivo: a institucionalização da arqueologia no Brasil (1870-1917). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.

FREITAS, M. V. Charles Frederick Hart: um naturalista no império de Pedro II. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.

GRAÇA, A. Relatório apresentado à Assembleia Legislativa Provincial na Segunda Sessão da 17ª Legislatura. Pará: Typ. do Diário do Gram-Pará, 1871.

GRAÇA, A. Relatório apresentado à Assembleia Legislativa Provincial na Primeira Sessão da 18ª Legislatura em 15 de fevereiro de 1872. Pará: Typ. do Diário do Gram-Pará, 1872.

HARTT, C. F. A Geologia do Pará. Boletim do Museu Paraense de Historia Natural e Ethnographia, v. 1, n. 3, p. 257-273, 1896.

HARTT, C. F. Contribuições para a Ethnologia do Valle do Amazonas. Archivos do Museu Nacional, v. 6, p. 1-174, 1885.

HARTT, C. F. Nota sobre algumas tangas de barro cosido dos antigos indígenas da Ilha de Marajó. Archivos do Museu Nacional, v. 1, p. 21-25, 1876.

HARTT, C. F. Preliminary report of the Morgan Expeditions, 1870-1871. Bulletin of the Cornell University, 1874.

HARTT, C. F. The Ancient Indian Pottery of Marajo, Brazil. The American Naturalist, v. 5, n. 5, p. 259-271, 1871.

HARTT, C. F. A vacation trip to Brazil. The American Naturalist, v. 1, p. 642-651, 1867.

KODAMA, K. Os índios no Império do Brasil: a etnografia do IHGB entre as décadas de 1840 e 1860. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; São Paulo: EDUSP, 2009.

LINHARES, A. M. A. Um grego agora nu: índios marajoaras e identidade nacional brasileira. Curitiba: CRV, 2017.

MATTOS, I. R. O Tempo Saquarema. A Formação do Estado Imperial. 4ª ed. Rio de Janeiro: Access, 1999.

MEGGERS, B. The Beal-Steere collection of pottery from Marajó Island, Brazil. Papers of the Michigan Academy of Science, Arts and Letters, v. 31, p. 193-214, 1947.

MELLO NETTO, L. S. M. Investigações sobre Archaeologia Brazileira. Archivos do Museu Nacional, v. 6, p. 257-554, 1885a.

MELLO NETTO, L. S. M. Conférence faite au Muséum National en présence de LL. MM. Impériales le 4 novembre 1884. Rio de Janeiro: Typ. de Machado & C., 1885b.

MELLO NETTO, L. S. M. Investigações históricas e scientificas sobre o Museu Imperial e Nacional do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Philomatico, 1870.

MENDES, J. C. Notas sobre a bacia sedimentar amazônica. Boletim Paulista de Geografia, n. 26, p. 3-37, 1957.

MÖRNER, A. Catalogue of the Silva Castro collection. Revista do Museu Paulista, v. 11, p. 133-176, 1959.

PENNA. D. S. F. Apontamentos sobre os cerâmicos do Pará. Archivos do Museu Nacional, v. 2, p. 47-67, 1877.

PENNA, D. S. F. O Tocantins e o Anapu. Belém: Typ. de Frederico Carlos Rhossard, 1864.

PENNA, D. S. F. A Região Occidental da Província do Pará. Belém: Typ. do Diário de Belém, 1869.

PMAE. Sixteenth Annual Report of the Peabody Museum of Archaeology & Ethnology. Salem: Salem Press, 1872.

SANJAD, N. A coruja de minerva: o Museu Paraense entre o Império e a República (1866-1907). Brasília: Instituto Brasileiro de Museus; Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz; Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2010.

SILVA, E. Objetos e Imagens no Marajó Antigo: agência e transformação na iconografia das tangas cerâmicas. 2017. Dissertação (Mestrado em Arqueologia). Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu de Arqueologia, Universidade de São Paulo, 2017.

STEERE, J. B. The Archaeology of the Amazon. Report of the Associate-director of the Museum of Anthropology to the Board of Regents, 1927, p. 20-26.

VERÍSSIMO, J. D. S. Ferreira Penna – Notícia sobre sua vida e trabalhos. Boletim do Museu Paraense de Historia Natural e Ethnographia, v. 1, n. 1, p. 5-8, 1895.

Downloads

Publicado

2025-03-21

Como Citar

MONTEIRO DE ARAÚJO, L.; RODRIGUES SANJAD, N. A ocupação humana da ilha de Marajó como problema científico: Domingos Soares Ferreira Penna (1818-1888) e as origens da arqueologia marajoara. Hawò, Goiânia, v. 5, p. e81009, 2025. DOI: 10.5216/hawo.v5.81009. Disponível em: https://revistas.ufg.br/hawo/article/view/81009. Acesso em: 21 jun. 2025.

Edição

Seção

Dossiê Arqueologias Marajoara

Categorias