Problemas ambientais, sustentabilidade e a pesquisa em enfermagem

Autores

  • Milca Severino Pereira Pontifícia Universidade Católica de Goiás
  • Adenícia Custódia Silva e Souza Pontifícia Universidade Católica de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.5216/ree.v15i2.15161

Resumo

doi: 10.5216/ree.v15i2.15161 - http://dx.doi.org/10.5216/ree.v15i2.15161

 

Problemas ambientais e a sustentabilidade são preocupações presentes nas políticas públicas para a saúde? Pesquisa(1) mostra que existem níveis relativamente baixos de envolvimento dos profissionais da saúde nessa questão. A implementação dos princípios do desenvolvimento sustentável, em particular nos serviços de saúde e na saúde, não representa uma realidade, muitos profissionais ainda estão por serem convencidos.

O aquecimento global, a exacerbação do aquecimento por ilhas de calor nas grandes áreas urbanas, o desmatamento, padrões sócio-econômico-demográficos, rápido crescimento de populações vulneráveis, entre outras atividades, se não ameaçam a própria existência humana, certamente representam a possibilidade de sofrimento para milhões de pessoas, sendo inevitável a adaptação para gerir resultados de saúde adversos (2-3).

Sete bilhões de pessoas coexistem no planeta. Muitas são carentes de alimento, de água e de segurança econômica e física básicas. Segundo previsões das Nações Unidas esse número chegará a 10 bilhões até 2050(4). Diversos países apresentam muita dificuldade em agir de maneira coordenada, tanto regionalmente quanto internacionalmente. A falta de cooperação dificulta a execução de tratados importantes para o meio ambiente. Se há alguma chance do planeta escapar do impasse referente ao meio ambiente, ela está em progredir e acelerar os avanços tecnológicos e científicos, até que se chegue a uma civilização tecnologicamente sustentável.

Pensar a sustentabilidade urbana pressupõe incluir, inter-relacionar os diversos temas envolvidos: insumos, sociedade, economia, uso do solo e rejeitos, tratá-los como um todo e não apenas considerá-los um a um. Como um dos resultados deste processo, a sustentabilidade urbana tem estado sob constante pressão. Inundações por transbordamento de cursos d’água ou por alagamento, soterramento de casas por desmoronamento de encostas, proliferação de vetores de transmissão de doenças, longos congestionamentos do tráfego de veículos, incremento nos índices de criminalidade são alguns sintomas da perda de sustentabilidade (4).

O crescimento tecnológico e industrial trouxe muitas consequências para a sociedade contemporânea, entre elas, o aumento da quantidade de lixo gerado pela população. Esses resíduos sólidos, quando não tratados de maneira correta e simplesmente despejados em locais inapropriados, acarretam muitos prejuízos a todo meio ambiente, afetando diretamente seu próprio gerador: o homem.

Diversos problemas e desafios se apresentam com implicações para a saúde, a saber: manejo de resíduos físicos, biológicos e químicos, nas apresentações sólida, líquida e gasosa; ruídos e sua repercussão na qualidade de vida; qualidade da água para o funcionamento de diversos setores e serviços de atenção à saúde; qualidade do ar em ambientes que necessitam de assepsia rigorosa; descartáveis; materiais recicláveis; uso indiscriminado de antimicrobianos (em humanos e nos animais) com impacto na resistência dos microrganismos aos antibióticos; uso abusivo de agrotóxico na agricultura e agropecuária, entre muitos outros. A lista de temas para a pesquisa é infindável.

No entanto, o mais importante destaque para a pesquisa se refere ao seu significado para a atenção à saúde no que tange à qualidade do atendimento ao usuário e à sua interface com a sustentabilidade. De forma contundente, fundamentada na literatura, existe negligência nos procedimentos atinentes à preocupação com o impacto no meio ambiente e suas consequências para a sociedade(5). Considerando a integralidade no cuidado à saúde humana, há que se avançar em pesquisas que focalizem a pródiga relação entre o homem e a natureza e produza conhecimentos que contribuam para a sustentabilidade ambiental e, consequentemente, melhoria na qualidade de vida.

A inserção da enfermagem, nesse sentido, pode ser extremamente relevante, principalmente se articular na abordagem dessa problemática ao contexto promoção da saúde. Assim, além de se apropriar de um novo saber que deve ser transversal a todas as áreas do conhecimento – a interação saúde/ambiente por meio do componente da sustentabilidade certamente contribui com a melhoria da saúde e da qualidade de vida das populações.

Ao se aproximar de temas de pesquisa relacionados aos princípios da promoção da saúde, fatores causais do processo saúde-doença; as formas de cuidado; a equidade; a intersetorialidade e a participação social a enfermagem poderá compreender o modo como as famílias e comunidades se organizam em função da preservação e uso dos recursos naturais e a relação que estabelecem entre saúde, doença e ambiente.

A sustentabilidade ambiental e a saúde são temas abrangentes, complexos que devem ser estudados para além da sua relação de causa e efeito e, portanto, com múltiplos olhares por pesquisas interdisciplinares que contemplem a diversidade da ciência e contribuam para a qualidade de vida e saúde dos povos. Pesquisas nessa área são fundamentais para a implantação de medidas de biossegurança e de estratégias de gestão integrada do meio ambiente e da promoção da saúde.

 

 

REFERÊNCIAS

1. Charlesworth KE, Ray S, Head F, Pencheon D. Developing an environmentally sustainable NHS: outcomes of implementing an educational intervention on sustainable health care with UK public health registrars. N S W Public Health Bull [Internet]. 2012 [acesso em: 30 jun 2013];23(1-2):27-30. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1071/NB11018.

2. Polivka BJ, Chaudry RV, Mac Crawford J. Public health nurses' knowledge and attitudes regarding climate change. Environ Health Perspect [Internet]. 2012 [acesso em: 30 jun 2013];120(3):321-5. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1289/ehp.1104025.

3. Costello A, Abbas M, Allen A, Ball S, Bell S, Bellamy R et al. Managing the health effects of climate change: Lancet and University College London Institute for Global Health Commission. Lancet [Internet]. 2009 [acesso em: 29 jun 2013];16;373(9676):1693-733. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(09)60935-1.

4. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório do Desenvolvimento Humano de 2011. Sustentabilidade e Equidade: Um Futuro Melhor para Todos [Internet]. Virginia: Colorcra of Virginia; 2011 [acesso em: 29 jun 2013]. 183 p. Disponível em: http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2011_PT_Complete.pdf.

5. Pereira MS, Alves SB, Souza ACS, Tipple AFV, Rezende FR, Rodrigues EG. Waste management in non-hospital emergency units. Rev Lat Am Enfermagem {Internet]. 2013 [acesso em: 29 jun 2013];21(spe):259-66. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692013000700032.

6. Lopes MSV, Ximenes LB. Enfermagem e saúde ambiental: possibilidades de atuação para a promoção da saúde. Rev Bras Enferm [Internet]. 2011 [acesso em: 30 jun 2013];64(1):72-7. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672011000100011.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Milca Severino Pereira, Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Enfermeira, Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto II da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Goiânia, GO, Brasil. E-mail: milcaseverino@gmail.com.

Adenícia Custódia Silva e Souza, Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Enfermeira, Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto I da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Goiânia, GO, Brasil. E-mail: adeniciafen@gmail.com.

Publicado

30/06/2013

Como Citar

1.
Pereira MS, Souza ACS e. Problemas ambientais, sustentabilidade e a pesquisa em enfermagem. Rev. Eletr. Enferm. [Internet]. 30º de junho de 2013 [citado 29º de março de 2024];15(2):311-6. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fen/article/view/15161

Edição

Seção

Editorial