O CONTINENTE LIBERTÁRIO DA GEOGRAFIA
DESCONTINUIDADE NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO
DOI:
https://doi.org/10.5216/bgg.v40i01.59892Resumo
Na história da geografia acumulam-se múltiplas matrizes descontínuas à regularidade do saber científico e acadêmico oficial. Dentre elas, está o continente do pensamento e prática libertária. A historiografia oficial, ao narrar as manifestações teóricas do pensamento geográfico, privilegiou as contribuições de caráter ortodoxo, suprimindo, às vezes silenciando, ou mesmo negligenciando, demais concepções menos convencionais, tidas, neste trabalho, como heterodoxas. Em torno de personagens anarquistas clássicos da geografia, do final do século XIX e início do século XX, constituiu-se uma diversidade de produções de caráter não hegemônico do saber, nutrindo-se de heranças menos convencionais do passado, projetando reorganização paradigmática ou mesmo rupturas no presente. Esse corpo de ideais e de práticas telúricas de caráter libertário, constituídas no passado da geografia, se traduz, atualmente, no que hoje se convencionou denominar de geografia libertária. A fonte deste continente nasce das obras de Élisée Reclus, Léon Metchnikoff e Piotr Kropotkin, legando para o saber geográfico caudaloso fluxo de contribuição ainda pouco explorada. Um continente de ideias dissidentes, no bojo das descontinuidades discursivas da história da geografia.