Do Maxixe ao samba de gafieira

caminhos para uma revisão de literatura de danças de salão brasileiras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/ac.v7i1.69242

Resumo

Diante de um campo de estudos escasso e fragmentado, o pesquisador de danças de salão brasileiras encontra enormes dificuldades no momento de construção de uma revisão de literatura que dê conta da história dessas danças. Nossa intenção é proporcionar ao pesquisador do tema um vislumbre do campo de pesquisa que possa facilitar essa tarefa. Portanto, o objetivo do artigo é analisar a produção científica dos últimos anos, identificando em quais áreas as pesquisas sobre a história do maxixe e do samba de gafieira vêm se desenvolvendo no Brasil. Buscamos por artigos publicados em periódicos revisados por pares entre os anos de 2000 e 2021, nas bases de dados Google Acadêmico, Scielo, Redalyc.org e biblioteca FGV. Constatamos que a área de maior relevância na produção de conhecimentos sobre a história da dança de salão brasileira é a História, com as pesquisas sobre música popular brasileira e sobre as formas de lazer e associativismo da classe trabalhadora no Rio de Janeiro do final do século XIX e início do XX. Analisando os materiais encontrados, conclui-se que a chave raça-classe mostra-se imprescindível para uma compreensão menos parcial e enviesada da história da dança de salão brasileira.

Palavras-chave: revisão de literatura; maxixe; gafieira; danças de salão brasileiras; história.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Aline dos Santos Paixão, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, Brasil

Mestre em História, Política e Bens Culturais pela Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas-RJ (2020). Graduada em Educação Física pela Universidade Federal do Ceará – UFC (2007), professora de danças de salão por mais de quinze anos. Interesses de pesquisa em história das danças de salão brasileiras e história das corporalidades, danças e formas de lazer das camadas populares.

Referências

ALVES, Andréa M. A dama e o cavalheiro: um estudo antropológico sobre envelhecimento, gênero e sociabilidade. Rio de Janeiro: editora FGV, 2004.

ANDRADE, Mário de. Pequena história da música. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

ARAÚJO, Samuel. Movimentos musicais: Guerra-Peixe para ouvir, dançar e pensar. Revista USP, São Paulo, USP, n. 87, pp. 98-109, set./nov. 2010.

AVELAR, Idelber. Entre o violoncelo e o cavaquinho: música e sujeito popular em Machado de Assis. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, Universidade de Brasília, n. 37, pp. 171-188, 2011.

CADÚS, Eugenia. Narrativas dominantes e violência epistêmica na historiografia das danças argentinas: possibilidades de desobediência. In: GUARATO, Rafael; MARQUES, Roberta Ramos; CADÚS, Eugênia. Memórias e histórias da dança por vir. Salvador-BA: Editora ANDA, 2020. pp. 16-36. Vol. 7. Disponível em: https://portalanda.org.br/wp-content/uploads/2020/12/ANDA-2020-EBOOK-7-MEM%C3%93RIAS-E-HIST%C3%93RIAS-1.pdf. Acesso em: 07 mai. 2021.

CARLONI, Karla. Dança e identidade nacional na imprensa carioca do início do século XX: diálogos culturais e relações étnicas e de gênero. Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre-RS, PUC – Rio Grande do Sul, v. 44, n. 2, pp. 365-379, maio/agosto de 2018.

EFEGÊ, Jota. Maxixe, a Dança Excomungada. 2ª. ed. Rio de Janeiro: FUNARTE, 2009 [1974].

GUARATO, Rafael. O culto na história da dança: olhando para o próprio umbigo. In: VI Congresso da ABRACE, v. 11, n. 1, São Paulo, 2010. Anais.

LOPES, Antonio Herculano. Um forrobodó da raça e da cultura. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, ANPOCS, v. 21, n. 62, pp. 69-83, out. 2006.

LOPES, Nei & SIMAS, Luiz A. Dicionário da História Social do Samba. 1ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

MARQUES, Roberta Ramos; BRITTO, Fabiana Dultra. Reagências do/no presente: propostas para o ensino de uma historiografia da dança, corporificada e afetiva. Revista Pós, Belo Horizonte, UFMG, v. 8, n.16, pp. 1-24, nov. 2018.

MELO, Victor Andrade. Educação do corpo – bailes no Rio de Janeiro do século XIX: o olhar de Paranhos. Educação & Pesquisa. São Paulo, USP, v. 40, n. 3, pp. 751-766, jul./set. 2014.

NAPOLITANO, Marcos; WASSERMAN, Maria Clara. Desde que o samba é samba: a questão das origens no debate historiográfico sobre a música popular brasileira. Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH, v. 20, n. 39, pp. 167-189, 2000.

NAPOLITANO, Marcos. História e música popular: um mapa de leituras e questões. Revista de História. São Paulo, USP, n. 157, pp. 153-171, dez. 2007.

________________. Cartografias transatlânticas da música popular nas Américas. Revista USP. São Paulo, USP, n. 123, pp. 45-58, out./nov./dez. 2019.

NETO, Lira. Uma história do samba: volume I (As origens) - 1ª ed. - São Paulo: Companhia das letras, 2017.

NUNES, Bruno Blois; NASCIMENTO, Flávia Marchi. Produção de conhecimento sobre danças de salão: um levantamento de livros, teses e dissertações no Brasil. Revista da Fundarte, Montenegro-RS, n. 41, ano 20, pp. 1-20, abril/junho de 2020. Disponível em: http://seer.fundarte.rs.gov.br/index.php/RevistadaFundarte/article/view/701 Acesso em: 31 mai. 2021.

PERNA, Marco Antonio. Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira. 2ª ed. Rio de Janeiro: O Autor, 2001.

PEREIRA, Leonar Affonso de Miranda. Os Anjos da Meia-Noite: trabalhadores, lazer e direitos no Rio de Janeiro da Primeira República. Revista Tempo. Niterói-RJ, UFF, v. 19, n. 35, pp. 97-116, jul./dez. 2013.

________________. No ritmo do Vagalume: culturas negras, associativismo dançante e nacionalidade na produção de Francisco Guimarães (1904-1933). Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH, v. 35, n. 69, pp. 13-33, 2015.

_______________. A dança da política: trabalhadores, associativismo recreativo e eleições no Rio de Janeiro da Primeira República. Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH, v. 37, n. 74, pp. 63-88, 2017.

SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

SILVA, Carmi Ferreira. Por uma história da dança: reflexões sobre as práticas historiográficas para a dança, no Brasil contemporâneo. Salvador-BA: Programa de Pós-Graduação em Dança/ UFBA, 2012. Dissertação (Mestrado em Dança).

SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro: Mauad Editora Ltda, 1998.

TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular: da modinha ao tropicalismo. São Paulo: Art Editora, 1986.

VEIGA, Felipe Berocan. “O ambiente exige respeito”: etnografia urbana e memória social da Gafieira Estudantina. Niterói-RJ: Programa de Pós-Graduação em Antropologia/ UFF, 2011. Tese (Doutorado em Antropologia).

_________________. A dança das regras: a invenção dos estatutos e o lugar do respeito nas gafieiras cariocas. Revista Antropolítica, Niterói-RJ, UFF, n.33, pp. 51-71, 2. sem. 2012.

VELLOSO, Mônica Pimenta. A dança como alma da brasilidade: Paris, Rio de Janeiro e o maxixe. Nuevo Mundo Mundos Nuevos, Paris, Cerma – Mondes américains

École des hautes études en sciences sociales, Colloques, pp. 1-13, 15 março de 2007. Disponível em: https://journals.openedition.org/nuevomundo/3709. Acesso em: 24 mai. 2021.

VILLAR, Fernando; GUNESCH, Julia. Considerações iniciais sobre hibridação cultural e a dança de salão brasileira samba de gafieira. Revista Cidade Nuvens, Crato-CE, Universidade Regional do Cariri, n. 1, v.1, pp. 30-45, maio/junho 2020.

Downloads

Publicado

2021-07-29 — Atualizado em 2021-07-30

Versões

Como Citar

DOS SANTOS PAIXÃO, A. Do Maxixe ao samba de gafieira: caminhos para uma revisão de literatura de danças de salão brasileiras. Arte da Cena (Art on Stage), Goiânia, v. 7, n. 1, p. 349–375, 2021. DOI: 10.5216/ac.v7i1.69242. Disponível em: https://revistas.ufg.br/artce/article/view/69242. Acesso em: 28 mar. 2024.