Tropeços da igualdade no caminho da natureza à civilidade
DOI:
https://doi.org/10.5216/phi.v28i1.76059Palavras-chave:
Singularidade, preferências, desigualdade, igualdade, liberdade.Resumo
O tema da igualdade foi tratado ao longo dos séculos das luzes em par com o tema da liberdade, contudo nesta parceria a igualdade é considerada condição para, e não algo a ser buscado por si mesmo, ao contrário da liberdade. Esse tratamento, que quase tornou a igualdade um mal necessário, exigiu uma série de restrições – ou tropeços - que introduziram nova série de desigualdades entre os membros do Estado. Os tropeços a serem discutidos aqui dizem respeito à diferença entre a igualdade natural e inerente aos seres humanos e a igualdade civil construída social e politicamente, que transparecem no caminho percorrido pelo Segundo Discurso de Rousseau. Naquele Discurso, cada pessoa tinha por natureza as mesmas condições para viver independente do socorro do outro, mas desde que passaram a reunir-se e a singularidade de cada pessoa apareceu aos demais tiveram início as comparações e as preferências que as distinguiram umas das outras. Das distinções à desigualdade o caminho é curto, pois a estima pública supõe um juízo de valor acerca das habilidades que merecem ser honradas por todos e, em consequência, a diferenciação entre honrados e poderosos e aqueles que devem honrar e obedecer. A socialização parece, então, criar a desigualdade. Nosso propósito será, inicialmente, investigar o caminho da (des)igualdade entre a natureza e a sociedade com base no Segundo Discurso, para discutir, no âmbito do Contrato Social, as possibilidades de igualdade civil e sua relação com a liberdade.
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