WITTGENSTEIN, ONTOLOGIA E PANTEÍSMO
DOI:
https://doi.org/10.5216/phi.v22i2.41846Palavras-chave:
Ontologia, Panteísmo, Filosofia da Religião, WittgensteinResumo
No livro This complicated form of life, Newton Garver apresenta uma interpretação curiosa da primeira filosofia de Wittgenstein. Baseando-se em algumas passagens dos Notebooks e, principalmente, em considerações sobre a ‘ontologia’ do Tractatus logico-philosophicus, o comentador conclui que a filosofia wittgensteiniana, ao menos em sua primeira fase, implica uma posição místico-religiosa panteísta. Mais precisamente, Garver utiliza um argumento abdutivo para (supostamente) mostrar que o panteísmo seria a melhor explicação para o fato de existirem, segundo ele, duas ontologias no Tractatus, a saber, uma ontologia de fatos e uma ontologia de objetos. O objetivo deste texto é apresentar e refutar esta interpretação. Após reconstruir com detalhes a posição de Garver, apresentarei dois argumentos contra ela. No primeiro, mostrarei que a interpretação do comentarista implica uma ideia inaceitável, segundo a qual o Deus panteísta seria fundamentado ao invés de ser o fundamento, como é comumente entendido nas tradições panteístas. No segundo, mostrarei que é possível explicar de forma plausível a ‘ontologia’ de fatos e de objetos presente no Tractatus, sem apelar ao panteísmo.
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