MOSES HESS COMO “ESPECTRO” FEUERBACHIANO DE MARX

Autores

  • José Crisóstomo de Souza UFBA

DOI:

https://doi.org/10.5216/phi.v18i1.20235

Palavras-chave:

Marx, Hess, hegelianismo, humanismo real, materialismo histórico.

Resumo

O artigo oferece elementos para uma genealogia das concepções do Marx maduro, através do reexame das posições filosóficas de seu aliado Moses Hess bem como das estreitas relações teóricas entre ambos. Vale-se primeiro do modo narrativo para evidenciar o lugar de Hess naquele desenvolvimento, aproximando o pensamento de ambos de Feuerbach e do jovem hegelianismo de onde procedem. A companhia de Hess aparece em seguida como uma espécie de sombra permanente desse passado filosófico, como uma “assombração” a denunciar pressupostos filosóficos normativos um tanto ocultados que acompanham Marx no desenvol vimento da “teoria alemã” até à crítica da economia política e à concepção materialista da história - da teologia à antropologia e ao materialismo, mais como um continuum do que como uma ruptura. Nessa evolução de ambos está envolvida a sustentação de uma posição crítica “positiva”, por uma transformação do “fundamento filosófico do socialismo” oferecido por Feuerbach: o homem como “ser genérico”, como dotado de uma essência universal objetiva, agora, em Marx, como “conjunto das relações sociais.” Por trás disso está ainda a ideia do cristianismo como suposta expressão distorcida daquela “essência real”, e do mundo religioso como reflexo ilusório do mundo terreno.

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Biografia do Autor

José Crisóstomo de Souza, UFBA

Graduado em Filosofia pela UFBA, doutor em Filosofia Política pela Unicamp, pós-doutorado em Filosofia Contemporânea (1993-95) na UC-Berkeley. Prof. titular de Filosofia do Depto de Filosofia da UFBA, prof. do Programa de Pós-Graduação em Filosofia Contemporânea (mest. e dout.) da UFBA. Principais áreas de interesse: filosofia contemporânea, pragmatismo, pós-hegelianismo, crítica da modernidade, filosofia política e social, democracia. A partir de um certo acúmulo de estudos nessas áreas, tenho procurado nos últimos tempos articular um ponto de vista filosófico que denomino de poética pragmática, dentro de um estilo de filosofia como coisa civil (sobre o qual escrevi e publiquei). Sobre isso, ver também minha página pessoal: www.jcrisostomodesouza.ufba.br, e o blog do meu grupo de estudos: poeticapragmatica.blogspot.com. Escolhi estudar os jovens hegelianos em 1982, por entender (como, logo adiante, Habermas, no DFM) que somos filosoficamente ainda seus contemporâneos. E participo da idéia (de Rorty e Habermas) de que parte do pragmatismo pode ser entendido como uma vertente, democrática, desse mesmo desenvolvimento (do qual Marx também faz parte). Acredito que o pragmatismo (tomado em sentido amplo e posto em relação com certos elementos do hegelianismo) pode ser entendido como um terreno comum no qual convergem, de vários lados, interessantes desenvolvimentos filosóficos do nosso tempo e no qual florece uma elaboração filosófica da qual é possível e interessante participar. Parte do que se chama hoje de filosofia pós-metafísica é para mim o que chamo de pragmatismo (em sentido amplo) e de filosofia como coisa civl, e pode incluir, por ex., além dos pragmatistas clássicos, autores como Putman, Habermas e Rorty. Nesse espírito, trabalhei os debates entre Rorty e Habermas, com a opinião de que eles perdem de vista alguns elementos pragmatistas / hegelianos que poderiam ser resgatados de filósofos anteriores. Diante disso, tenho agora em vista um projeto de pesquisa no qual essa perspectiva possa ser testada e desenvolvida, como uma alternativa pragmatista possível.

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Publicado

21-05-2013

Como Citar

DE SOUZA, J. C. MOSES HESS COMO “ESPECTRO” FEUERBACHIANO DE MARX. Philósophos - Revista de Filosofia, Goiânia, v. 18, n. 1, p. 191–218, 2013. DOI: 10.5216/phi.v18i1.20235. Disponível em: https://revistas.ufg.br/philosophos/article/view/20235. Acesso em: 5 nov. 2024.